Eu e Asmita andávamos sempre juntos, eu não gostava que ninguém falasse mau dele pois era meu melhor amigo.
No começo não sei porque comecei a agir assim, até bati em uns moleques que faziam piadas com os óculos dele, isso me fez ir para a diretoria por um novo motivo e dessa vez meus pais até me entenderam, mas claro… "não use violência".Toda essa aproximação deixou meus outros amigos distantes, até meu próprio irmão falou que eu estava estranho. Dizia que nas aulas em que Asmita faltava eu ficava para baixo e sem ânimo e quando estava, eu só falava com ele e tentava expulsar os outros de perto.
Acho que isso era invenção do meu irmão, para mim nada havia mudado, eu só estava passando mais tempo com meu novo amigo.Falando em amigo, percebi que Hasgard andava falando muito com Asmita ultimamente. Asmita não era bom em Matemática e Hasgard era o gênio da sala, pelo que lembro Asmita havia ficado nervoso porque tirou um seis, nós estávamos a um bimestre da sexta série e as notas dele na antiga escola não eram as melhores.
Por isso pediu ajuda a Hasgard.
Se ele me pedisse eu o ensinaria até melhor, até tentei algumas vezes, mas ele parecia boiar com minhas explicações pois eu tentava ensinar como aprendi com o professor, para o meu azar, Asmita não entendia nada que o professor falava.Hasgard estudava Matemática porque realmente gostava, ele havia aprendido a maioria das coisas em casa e sozinho, pelo menos era isso que ele dizia já que era filho de professores.
Para mim restava apenas observar os dois ao longe, Asmita não gostava de ficar perto de muitas pessoas pois ficava desconcentrado, então os dois saíam no intervalo e iam para a biblioteca.
E eu ficava na sala ou rondando o pátio e as salas com os outros, todo mundo percebia minha cara emburrada e nem faziam questão de me perguntar nada.Em um desses dias resolvi ficar sozinho na sala, comendo minhas coisas e fazendo um trabalho que eu devia ter terminado a muito tempo, Sísifo e seu PS2 desgraçado que só atrapalha minha vida!
A sala ficou vazia por um tempo, até algumas meninas entrarem, eu não era muito amigo delas e apenas as achava bonitas. Kardia era perdidamente apaixonado pela Carbella, que gostava do Sísifo, que gostava da Viollet, que gostava do Aiacos e assim vai…
Estranhei quando elas vieram na minha direção, o que elas queriam comigo? Na rodinha de conversa delas eu era o mais feio da sala.— Ei, Defteros, onde está o Asmita? — Carbella perguntou.
— Saiu com o Hasgard, devem estar na biblioteca. — respondi automaticamente, não queria me desconcentrar do meu trabalho que aliás, estava bastante bonito.
— Serinsa está interessada em Asmita e já que você é o melhor amigo dele poderia entregar essa carta para ele, por favor! — ouvir aquilo me desconcentrou de uma maneira que nunca imaginei, borrei meu trabalho, sujei minhas mãos, minha comida caiu e eu apenas observei tudo sem reação.
Fiquei preocupado que Asmita fosse aceitar o pedido?!
Olhei para Carbella atordoado e ela piscou os olhos me observando desconfiada.
Eu não devia ficar daquela maneira, era só uma garota! Ela não ia atrapalhar minha amizade com Asmita.— Eu, eu entrego sim! — peguei o envelope e o olhei, decorado com corações e o nome de Serinsa quase escondido na extremidade do papel, o guardei no bolso da calça e rapidamente levantei da carteira para ajeitar a bagunça que meu descontrole havia causado, Carbella me ajudou um pouco e ao ver que não tinha como consertar meu trabalho borrado com tinta saiu com as amigas para fora da sala.
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Faltava alguns minutos para a aula começar, a sala estava se enchendo aos poucos e eu finalmente terminava meu trabalho. Feliz por tê-lo feito antes do professor chegar, me levantei e fui falar com meu irmão que havia acabado de chegar da sala do xadrez.
— Finalmente terminei, Aspros! — o sacudi pelos ombros e ele tentou se livrar de mim sem sucesso, já que eu era mais forte.
— Se você tivesse feito antes estaria mais feliz! — vendo que eu não iria soltá-lo ele começou a me sacudir também e eu ri, toda a rotina certinha de Aspros acabaria o matando de tédio.
— Mas antes eu queria jogar!
— Você passou uma semana jogando!
— E que culpa eu tenho se o jogo é bom!
— PASSAR DE ANO É MELHOR!
— FICAR DE RECUPERAÇÃO NÃO É TÃO RUIM!
— VOCÊ É PREGUIÇOSO!
— PELO MENOS EU ME DIVIRTO!
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E assim os gêmeos começaram uma pequena discussão que quase virou uma briga se Dohko não tivesse os separado, empurrando cada um para o lado com força e Defteros acabou se desequilibrando e caindo em cima de alguém, os dois foram ao chão.
"Asmita é tão bonitinho de perto."
— Sai Defteros, você é pesado demais… — Asmita empurrou o amigo com o pouco de força que tinha, fazendo Defteros rolar no chão confuso; " QUE PORRA EU TÔ PENSANDO?! ", se repreendeu.
E enquanto a sala ria do ocorrido os dois se levantaram meio zonzos, Asmita tinha batido a cabeça no chão com força e estava doendo bastante, já Defteros ainda lembrava do rosto do amigo abaixo de si e isso lhe deixava estranho.
Quando virou para olhar Asmita ele pegava alguns papéis que haviam caído no chão e lá no meio Defteros reconheceu a carta, pelo menos ela foi parar nas mãos dele de alguma forma pois estava pensando seriamente em não entregá-la.