~ Não tem como voltar atrás ~

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• Amanda

Era uma sexta feira normal na vida de quem trabalha como médica intensivista na UTI, eu havía perdido um paciente que estava indo trabalhar e foi atropelado por um bêbado voltando da balada às 6h da manhã.
Meu plantão estava acabando e eu estava uma merda fisicamente e psicologicamente, me troquei peguei meu celular pra ir pra casa tentar descansar mas claro que eu ainda teria que lidar com o Luiz antes de finalmente conseguir ter meu momento de paz.

Assim que saí do vestiário me deparei com ele me olhando com cara de poucos amigos e eu já sabia o que viria a seguir, a raiva e a culpa.
Olhei pra ele com a expressão cansada implorando em pensamentos pra ele não me fazer sentir pior do que eu já estava, mas é claro que ele não se importava com meu psicológico.
Luiz era o típico narcisista babaca egocêntrico que acha que meu mundo deveria orbitar ao seu redor, tentei terminar tantas vezes nosso relacionamento que perdi as contas, mas ele sempre conseguia me convencer a continuar na base da chantagem emocional e muita culpa direcionada a mim...estávamos juntos a dois anos e a um ano ele se tornou meu chefe na UTI o que fez o ego dele triplicar de tamanho ou já era enorme e eu me fingia de cega por amor, vai saber.

Hoje o motivo pra ele me repreender provavelmente seria porque enquanto eu tentava reanimar meu paciente ele estava me mandando desistir aos berros e eu não me importei com o que ele estava falando pois quem teria que dar a notícia do óbito seria eu e eu não teria coragem de olhar pra mulher sentada na recepção e dizer que ela perdeu o amor da vida dela sem que eu tivesse feito melhor que eu podia pra trazer o meu paciente de volta.

Luiz segurou meu braço e me empurrou de volta pro vestiário de forma brusca e eu respirei fundo pedindo aos céus paciência pra aquilo não se transformar em um escândalo no meu local de trabalho, ele começou a falar baixo perguntando o que eu tinha na cabeça pra desobedecer uma ordem direta dele na frente de todos, sim ele estava com raiva porque sentiu vergonha por não conseguir me controlar na frente dos outros machos da equipe enquanto eu me sentia quebrada por dentro depois de passar 30 minutos consolando a mulher do meu paciente na recepção.

Olhei pro meu braço onde ele apertava com cada vez com mais força e pedi pra ele me soltar o que teve zero efeito sobre o queridão, olhei bem nos olhos dele e comecei a gargalhar descontroladamente me perguntando porquê eu me odiava tanto a ponto de aceitar me relacionar com alguém como ele, em questão de segundos a gargalhada se transformou em choque.

                                 ~

Eu estava no chão depois de levar um soco no meu olho esquerdo e sentir uma dor absurda, ele se ajoelhou no chão com os olhos arregalados e murmurando
" - o que eu fiz"

" - o que eu fiz"

" - a culpa é sua Amanda"

" - você estava debochando de mim e eu me descontrolei"

"-  me desculpa eu juro que não vai mais acontecer".

Não consegui responder o que ele falava e no fundo eu também não queria.
A porta do vestiário abriu e bastou uma olhada pro meu olho vermelho para uma Vi descontrolada partir pra cima dele gritando os piores nomes e arranhando toda sua cara, tudo se transformou em um escândalo e em pouco tempo metade do hospital estava na porta do vestiário, enquanto eu tentava levantar,  dois enfermeiros separavam Vitória do meu agressor que só sabia gritar que ela era louca.
Vinícius conseguiu chegar a porta e entrou correndo pra me ajudar a levantar e me tirar dali, Vini era meu amigo de infância médico também, ele me pegou no colo e me levou pra sala onde ele atendia seus pacientes, assim que entramos Vitória chegou atrás tentando se acalmar pra não voltar lá fora e fazer uma besteira, Vini correu pra buscar água e mandou vitória sentar e segurar minha mão o que ela fez e eu tentei acalmá-la dizendo que estava bem o que pareceu funcionar, meu amigo voltou com duas águas e o telefone na orelha, depois de entregar a água pra gente ele voltou a falar com Lúcio que estava do outro lado da linha, escutei ele falando para o seu marido que precisava que ele viesse me buscar no hospital pra me levar na delegacia e pulei da cadeira dizendo que não iria que eu só precisava ficar
sozinha e descansar o que foi recebido com protestos dos meus dois amigos a minha frente e dê um Lúcio gritando dizendo que já estava vindo.
Peguei o telefone da mão do meu amigo e disse que amava todos mas eu ainda comandava minha vida e tomava minhas próprias decisões e minha decisão era pegar meu carro e ir pra casa, eles tentaram protestar novamente mas não dei chance de eles tentarem pois peguei minha bolsa e saí da sala com a garrafa de água gelada no meu olho que já começava a inchar.

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