INTERLUDE: SHADOW | min yoongi

Encontro e reencontro

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Yoongi percebeu que não estava em seu quarto assim que abriu os olhos.

O ambiente era claro demais; das paredes aos móveis de madeira clara e tintura branca. Organizado demais; a poltrona que comumente ficava coberta de peças de roupas no quarto de Yoongi não estava lá.

Então, tão assustado quanto curioso para saber onde estava e, principalmente, como tinha ido parar ali, o jovem levantou da cama espaçosa – que se assemelhava a sua – e abriu a porta em busca de respostas. Caminhou a passos incertos pelo corredor que tinha outras três portas, tentou abri-las e descobriu, em uma delas, um quarto parecido com aquele em que acordou; na segunda porta, ficava um banheiro e a terceira estava trancada.

Estava no alto da escada que levava ao primeiro andar da casa quando ouviu barulhos de televisão. Desceu apressado mas receoso, completamente refém da curiosidade que o corroía por dentro. E se assustou quando terminou de descer os degraus e viu uma garota de cabelos ruivos sentada no único sofá da sala, assistindo atenta ao que passava na TV em um painel na parede oposta ao móvel.

Com mais perguntas surgindo em sua mente, Yoongi olhou da desconhecida para a televisão algumas vezes. Assistiu alguns takes do que passava na TV enquanto tentava saber o que era aquilo que assistia e se tinha alguma ligação com sua ida até aquela casa desconhecida.

– Ah, você acordou... – por algum motivo, Yoongi achou a voz da desconhecida mais suave do que imaginou que seria. Talvez estivesse esperando uma vilã como nos filmes, sabe? Delicada por fora e perigosa por dentro, algo assim. – Está melhor?

– Sim, eu acho – respondeu colocando as mãos nos bolsos da frente do moletom preto que usava, sentindo-se um pouco constrangido por estar sendo observado. O olhar da garota passava por cada centímetro do rosto de Yoongi, analisando-o. Talvez em busca de algum ferimento, dando sentido a sua pergunta, mas, ainda assim, era incômodo. Principalmente para ele. – Como... Como eu vim parar aqui? Que lugar é esse?

– Bom, essa é a minha casa temporária. Eu a aluguei por uns dias – esclareceu com um sorriso beirando os lábios quando viu o rapaz franzir (ainda mais) o cenho. – Eu te encontrei na praia. Você não estava muito bem, praticamente desmaiou nos meus braços e eu não consegui te deixar largado na areia. Não se lembra de nada disso?

– Não – ele suspirou, coçou a nuca e mordeu o inferior das bochechas, buscando em sua mente alguma pista de que a garota estivesse falando a verdade. Mas, não se lembrava de nada. Só lembrava de ter saído para dar um passeio na praia para tentar fazer desaparecer o nervosismo e a ansiedade que o tomava por dentro, só isso. – E como eu fui até você? Porque me ajudou? – questionou, curioso, um pouco nervoso.

Yoongi não estava acostumado a receber ajuda de graça, ninguém nunca o ajudou sem pedir nada em troca. Na verdade, nada em sua vida havia sido fácil. E essas experiências o ensinou a não confiar nas outras pessoas tão facilmente e muito menos esperar que fossem gentil consigo por nada, por empatia. Desde o começo, era normal que quisessem algo de si, por menor que fosse o favor. Min odiava se manter desconfiado depois de tantos anos mas já estava impregnado em sua essência, sendo um traço forte de sua personalidade. No final das contas, não confiar nos outros, o impedia de quebrar a cara. É bem melhor andar por um caminho em que você enxerga com clareza as pedras, sabe? Quando a dor aparece, dói menos.

– Você me deixaria desmaiada na areia se fosse o contrário? – indagou, calando o Min que não soube o que responder.

Não conhecer a garota impedia que Yoongi conseguisse entender a expressão facial dela, e isso o agoniava desde os primeiros minutos na presença da desconhecida que, ao contrário de Min Yoongi, parecia conhecê-lo muito bem. A pergunta feita por ela entregou isso para ele; o tom usado denunciava que ela já sabia que a resposta seria negativa. Yoongi não seria capaz de abandoná-la na areia da praia caso a situação fosse contrária.