Setima hora

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      Fizemos o percurso de volta a Bighit
de uma forma descontraída. Deixei minha playlist tocar sem preocupações e Duda ficou empolgada guando Like Crazy começou a tocar. Achei fofo ela argumentando que passou horas dando streaming para cada um de nossos solos e que sentia que não estava sendo junta com nosso Jimin.

— Se quiser mais tarde podemos fazer isso. - Sugiro sem tirar os olhos do trânsito.

— Aí eu estaria sendo injusta com você.
Ser army não é fácil viu.

— Relaxa Duds. Podemos fazer isso e muitas outras coisas. Curte a música e relaxa.

"Give me a good ride
(Oh, I'm fallin', I'm fallin', I'm fallin')
Oh, it's gon' be a good night
(Oh, I'm fallin')
Forever you and I

This will break me
This is gonna break me (break me)
No, don't you wake me (wake me)
I wanna stay in this dream, don't save me
Don't you try to save me (save me)
I need a way we (way we)
I need a way we can dream on (way we can dream on)

"Alone again"
"What's the point?"

      Ela até começa a cantar animada, porém nas últimas partes da música percebo uma tristeza em seu olhar.

— Ficou triste Duds? - Talvez não devesse ser tão invasivo, porém, sinto que tenho essa liberdade com ela.

— A música é  triste. Ter um mundo inteiro entre você e  quem se ama. É não ladeira abaixo.

— Não dizem que o amor move montanhas? A música tem seu lado triste sim. Agora imagina por alguns segundos, o que vai acontecer quando esse obstáculo for superado? - Pensativa, ela se cala. Paramos no sinal e aproveito para memorizar o seu momento de contemplação. Olhos vidrados se perdendo entre os prédios de Seul. Ergo a mão e acariciou seu rosto. Gesto que me rende um suspiro.

— Acho que seria um reencontro mágico. - Ela responde com um singelo sorriso que naquele momento diz mais que mil palavras para mim.

     Malditas buzinas. Nosso momento foi interrompido pelas milhares de pessoas que seguem apressadas sabe-se lá para onde. Sigo nosso caminho também deixando que a próxima música nos tire o triste pensamento que nos acometeu.

      Finalmente estamos seguros no local que, talvez me faça sentir mais como eu mesmo.

— Uau ela é  enorme. - Duda entra no meu espaço especial tentando absorver tudo que seus olhos alcançam. — Mas, essa não é  a que vemos nos vidros de prática, né?

— Não. Essa aqui é  minha. Venho aqui quando quero ficar sozinho. É  aonde tento me recomeçar comigo mesmo. - Ela sorri. — Fica a vontade.

     Duds não se importa muito com cadeiras, apenas se senta de maneira confortável no chão mesmo e me observa dançar. Ela sorri sempre que uma nova música começa e depois das três primeiras resolvo que talvez seja hora de incluí-la na brincadeira.

— Sua vez. - Estico a mão e espero que ela a Segure.

— Hobi eu acho que não posso dançar. De verdade, estou com medo de te machucar. Sou péssima nisso.

— Todos são até se entregarem e deixarem o ritmo os levar. - Ela segura minha mão ainda insegura. — Você quer tentar algo enquanto estou aqui? - Pergunto com um sorriso amigável.

      A conduzo até o meio da sala de prática e coloco a música  Watch me Burne. Começo a dançar com ela. Tomo a iniciativa de liderar, guio seus movimentos habilidosamente e seguro-a com graça em cada passo. Nos moviámos no ritmo da música, com as mãos se tocando e os corpos em perfeita sintonia. Sexy. Minha perna entre as suas. Seus seios roçando no meu peito. Suas mãos enlaçadas em minha nuca e as minhas em sua cintura.

      Nos olhamos profundamente nos olhos e, naquele momento, tudo pareceu parar. A única coisa que importava era a dança e a sensação cálida que atravessava nossos corpos. Dava para ver o sorriso gentil que apareceu nos rostos dela. O meu não estava diferente.

       Foi um momento extremamente sexy e íntimo, compartilhado apenas entre nos dois. Quando a música terminou, a abracei suavemente e agradeci sua sinceridade e candura na dança. Duds se afastou, visivelmente emocionada, e agradeceu a ele pela experiência.

      Enquanto ela caminhava de volta ao seu lugar, eu sorri, sabendo que havia encontrado algo autêntico naquele momento de dança. Algumas vezes, palavras não são suficientes para criar uma conexão, mas a dança certamente é. Caminhei a passos largos até ela. Agora, havia uma compreensão mútua entre nós e um laço especial que não poderia ser quebrado. A surpreendi com um beijo. Não podia me conter. Não queria me conter. Queria ela e somente ela.

— Hobi... - ofegante ela chama quebrando nosso beijo. — Aqui é  um pouco perigoso pra fazer isso e...

— Ninguém ousaria nos interromper. Só temos 24 horas Duds, lembra?

     Não precisei falar mais nada. Suas mãos já estão dentro de minha camisa, se esforçando para arranca-la de mim e as minhas já jogaram a dela no chão. Sua língua brinca com a minha de maneira intensa e nossas intimidades se chocam quase que imediatamente. Tem muitos tecidos entre nós ainda. Enquanto vou tentando alcançar sua pele quente e sensível em minha cabeça se passam mil coisas que eu gostaria de dizer a ela, mas não posso.

"Eu tento lutar contra isso o tempo todo, mas não posso negar o que sinto. Desde que te conheci, meu coração tem batido com mais força e meu mundo se tornou um lugar mais brilhante. Se pudesse, eu te amaria com todo o meu ser, mas infelizmente não sou capaz de amar outra pessoa agora. Estou partindo. Não posso.

Talvez seja porque já fui ferido antes, ou talvez seja porque sou incapaz de deixar outra pessoa me possuir completamente.
Talvez seja porque não quero ser egoísta e te fazer esperar. Talvez seja porque eu sou covarde mesmo. Seja qual for o motivo, eu sei que não posso te dar o amor que você merece. Você  especial e importante para mim. Mais do que eu pretendia que fosse. Mais do que eu desejava que fosse.

Eu faria tudo o que estiver ao meu alcance para estar ao seu lado e cuidar de você. Mas não vai ser assim. Vamos voltar a nossa realidade, eu aqui e você do outro lado do mundo."

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