Grendow guiava Edith por mais corredores. A mente de Edith apenas conseguia pensar em uma palavra vulgar para expressar a menção de mais corredores. Estes guiavam para um lugar subterrâneo. Como uma passagem secreta, Grendow puxou uma das tochas para baixo, e ela fez a parede se deslocar para a direita, revelando uma escada em espiral do mesmo material que as paredes, não havia tochas, porém a própria escadaria parecia emanar luz. E, conforme Edith descia as escadas, sentia um vento vindo de brechas inexistentes nas paredes.
— Chegamos — Grendow anunciou.
O lugar possuía uma beleza viva, literalmente. As pinturas de anjos guerreiros lutando contra demônios grandes, bizarros e poderosos que se exibiam nas paredes de pedra se moviam.
Altos e musculosos, definidos como desenhos anatômicos, lutavam com espadas e outros tipos de armas contra seres estreitos e brancos, de braços longos e dedos cadavéricos, vestiam longas capas negras que iam até os calcanhares e de suas mãos fluía névoa negra contra a qual os seres de luz lutavam. No teto abobadado, o céu estava pintado, e nele viam-se as estrelas piscando, outros astros em movimento. Edith estava admirada com a energia positiva que o lugar emanava.
— Não parece um centro de treino — Edith disse, com convicção.
Com o chão ladrilhado de mármore perolado e a luz que vinha de um lugar desconhecido, Edith realmente não acreditava que treinassem ali, pelo simples tamanho do local. Entretanto, Grendow tinha outros planos em vez de treinar ferro com ferro.
— Talvez por que você não precise.
— Como eu não precisaria? Eu ter me defendido de um deles não quer dizer que consiga fazer novamente... pode ter sido apenas sorte de principiante.
Grendow fez sinal para que ela parasse de falar. Ela cruzou os braços e bateu o pé nervosamente, esperando que o louro continuasse.
— Edith... Você teve dezenas de vidas, e em alguma delas você deve ter aprendido o básico de defesa — Edith arquejou. Seria realmente possível? Grendow realmente foi genial. Edith fitou os olhos azul-safira com a pergunta da qual mais se esperava uma resposta.
— E você quer que eu recupere essas memórias? — Ela questionou, seguindo a linha de raciocínio do anjo.
— É o que tentaremos fazer.
— Simples assim? — Grendow sorriu e meneou a cabeça com a frase da menina.
— Difícil assim — disse ele.
— E o que você precisa que eu faça? — perguntou Edith.
— Sente aqui no meio de modo que fique confortável.
Grendow indicou o centro do salão, bem abaixo de uma das estrelas brilhantes do teto. Edith sentou com calma, cruzando as pernas em sua frente. Edith estava nervosa, entretanto, como Grendow queria: confortável. O anjo louro sentou à sua frente do mesmo modo e fixou os olhos safira nos violetas da garota.
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Asas & Dentes | CONCLUÍDO
FantasyE quando você simplesmente não sabe em quem confiar? Quando todos ao seu redor escondem segredos obscuros? Edith acreditava que todos tinham seus segredos, mas alguns eram muito além do comum. Sabe-se que o destino sempre prega peças e em seu caso m...