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Capítulo 9: Atrasos não programados

Aquele maldito relógio estava debochando da cara de bolacha de Soobin. Não, não poderia ser. Quer dizer... ele nem tinha ido dormir tarde, então porque diabos tinha perdido a hora justo naquele dia? Cambaleou para os lados, esfregou o rosto com certa força e se obrigou a correr até o banheiro, tomando o banho mais rápido de sua vida.

Vestiu-se quase que desesperadamente, e nem se importou em tomar café da manhã. Respirou fundo quando chegou na porta de casa, olhou para o relógio de pulso e desejou que o mundo finalmente tivesse seu merecido fim naquele instante.

Quando tornou a virar para frente, pensando se deveria correr ou implorar por uma carona de sua mãe, que estava dormindo por conta dos problemas que continuavam a aperreando e não a permitiu fazer isso nas últimas noites que até ali se sucederam, encontrou uma figura que estava igualmente atrasada.

Era Yeonjun do outro lado da rua. Ele também parecia estar meio desesperado, porém essa parte mais enfadonha de si teve uma breve interrupção quando seus olhos encontraram os de Soobin, mesmo que uma rua os separasse; ele estava de um lado e Yeonjun, do outro. Não soube explicar o porquê de ter ficado o olhado por tanto tempo, sendo que tinha que correr para a escola, mas... é, ficou. Analisou os cabelos bagunçados, a roupa surrada que não viu um único ferro quente na vida, a expressão irritada, meio avermelhada e ainda com marcas do travesseiro. Se estivesse mais de perto, jurava que poderia ver até as remelas que deviam brilhar juntamente dos lábios secos, meio apagados e sem aquela porcaria que ele passava todos os dias para protegê-los.

Sendo uma pessoa vaidosa, Soobin se cuidava em níveis extremos; ele penteava os cabelos, gostava de usar cosméticos e, realmente, se preocupava com a sua aparência. Com quais roupas iria vestir, como estaria seu cabelo e até os tênis eram um detalhe muito importante de seu visual. Então, isso foi o suficiente para fazer Yeonjun concluir que não era o único atrasado presente.

Abaixou o olhar quando notou ser correspondido, enterrou as mãos na blusa de frio e, ao mesmo tempo que o outro, decidiu seguir seu rumo.

Soobin de um lado da rua, Yeonjun do outro.

E, para ser honesto consigo mesmo, Yeonjun reconheceu que não havia proporções de ódio para separá-los; fazendo ambos andarem de lados opostos e sequer se cumprimentarem de manhã. Se bem que, Soobin deveria estar com raiva, ou só de mal-humor ou... só com o senso de superioridade ativo. Yeonjun não queria, e nem pensava, que deveria ficar perto de uma pessoa que levanta o nariz para tudo e todos, o tratando como se ele não fosse nada.

Esse pensamento poderia ter alguma força, se ao menos a briga da semana passada não tivesse existido. Claro, porque Yeonjun sabia que a culpa era sua, por ter agido como um idiota agiria, por ter discutido com Soobin por motivo nenhum. Ele tinha todo o direito de estar com raiva, mas isso, infelizmente, o incomodava.

Taehyun tinha o aconselhado a falar com ele, conversar, colocar as cartas na mesa ou só pedir desculpas. O problema era que para Yeonjun, assumir que estava errado em alguma hipótese, somente em uma droga de hipótese, se tornava complicado e ele preferia morrer do que dizer que estava errado. O orgulho inflado não permitia.

Uma merda completa.

Inconscientemente, acabou bufando. Os ombros caíram e deixou para quem quisesse ver o quão estava apreensivo. Ora olhava para o lado de Soobin, ora era correspondido e se sentia na obrigação de mudar o foco de sua visão. O que para outras pessoas é difícil, para Yeonjun é impossível.

Tentou apressar o passo para se distanciar de Soobin, no entanto ele também fez isso e foi como se estivessem competindo para ver quem chegaria primeiro no colégio. Só que, tanto ele quanto o outro juravam que aquela aposta não tinha se firmado, tão pouco havia tido uma reverberação. Era como se fosse algo literalmente do acaso em que ambos decidiram acompanhar.

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