Os indígenas me cercaram, curiosos. Anciãos, jovens e crianças me comprimentaram, mas eu só conseguia prestar atenção em uma única mulher no meio de tantos nativos. Ela era dona de uma beleza surreal, tão angelical e ao mesmo tempo com um ar superior, hipnotizante. Recebi puxões dos pequenos, que queriam atrair minha atenção de todas as formas. Acabei rindo do entusiasmo delas e desviando o olhar da índia. A contra gosto.
- Esse é Kauê, filho meu. - Cacique me mostrou seu filho, alto e forte. Ele tinha a postura de um líder e sorria simpático e receptivo. Parecia seu pai.
- Aporanga! - Ele me desejou um bom dia, sorrindo.
- Aporanga! - Retribui sua saudação, feliz.
Estar ali era surreal, eu sequer conseguia descrever a sensação maravilhosa que era.
-Uh, cari tem que se preparar para dançar, pra depois ir caçar na mata. - Ele disse, se referindo ao ritual de saudar os visitantes. Era uma maneira única deles de dizer "seja bem vindo" e desejar prosperidade a pessoa. Nos livros e em vídeos filmados por outros pesquisadores eu ansiei fazer parte disso, sonhei com a chegada desse dia. A energia gerada era algo sobrenatural.
Concordei, sorrindo como nunca olhando para os lados a procura daquela mulher, logo encontrando-a um pouco distante dos outros. Pelo jeito, ela não iria me receber e sequer dar brecha para uma aproximação.
- Ela ser assim mesmo. Não gosta de visita, irmã minha ser brava. - encarei Kauê por uns segundos, concordando fraco com a cabeça. Suspeitei que era ela a filha do cacique, pelo jeito e o semblante. Mas ter a confirmação me frustrou um pouco, mas não me desanimou. Ia valer a pena correr o risco, eu precisava ao menos tentar conhecê-la.
- Exatamente como ele disse...- Pensei alto, olhando-a de rabo de olho. Suas orbes pareciam navalhas, de tão perigosas que aparentavam. - E isso me conquistou. - O homem ao meu lado prestava atenção em uma criança, não se dando conta dos meus devaneios pra lá de safados.
Eu fui pra lá conhecer a amazônia e seus tons verdes, mas ali, naquele momento eu só queria conhecer ela e seus tons de gemidos.
Eu sempre tive controle de tudo na minha vida. Cada passo meu era calculado para que nada saísse dos eixos. Meu espírito é livre! Mas eu devo confessar que perdi parte desse controle quando meus olhos avistaram aquela índia. Eu nunca sequer senti um desejo tão absurdo por alguma mulher, e eu conheci e provei várias nesse tempo conhecendo e desbravando lugares. Mas aquela ali, tão imponente e brava estava me deixando louco e eu sequer a conhecia, sequer havia me aproximado de si e trocado uma palavra. Era frustrante, muito, porque eu não queria ofender o cacique e a sua própria filha deixando claro minhas intenções nada inocentes. Eu a queria, deitada na água ou na terra, se deleitando com meus toques. Como eu queria...
- Vem. - O irmão da minha perdição me chamou, rumando a uma tenda. Eu o segui, passando pela índia que me fitou séria, na mesma intensidade de antes. Meu corpo estremeceu. Atravessei a pequena porta, encontrando um espaço confortável, mais que muitos dos lugares que habitei. A minha nova vestimenta já estava pronta em cima da esteira feita de palha, apenas me esperando.
- Veste a tanga.
Tirei minha roupa, deixando tudo dobrado em cima da minha mochila que estava ali desde cedo. Vesti o traje cultural, recebendo até a pintura do pajé. Foi um pouco difícil de me acostumar nos primeiros segundos com a pouca roupa, aquele saiote não escondia muita coisa. Eu estava nu por baixo daquela saia feita de folhas.
- O nome do cari, qual é? - O senhor sábio me perguntou, passando o dedo sujo de tinta no meu rosto.
- Taehyung, Kim Taehyung. - Respondi, fechando os olhos para que minhas pálpebras ficassem a disposição do pajé. Seus toques eram sutis em minha pele.
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Sangue Tupi (Kim Taehyung)
FanfictionEu gostava de viajar, conhecer, desbravar cada canto do mundo. E foi assim que eu a conheci. Selvagem, era o que a definia bem, uma mulher que me deixou perdido na sua imensidão, por que ela era a energia e a força da Amazônia. Eu sabia que eu ia me...