A Violonista Misteriosa [One-shot] (+12)

A Violonista Misteriosa (Capítulo único)

▪ Stella
   
     Era mais um dia comum na cidade de Soralith. Pessoas indo e voltando do trabalho, crianças indo pra escola, jovens conversando e passeando juntos, um trânsito complicado…

      Eu e minha família nos mudamos semana passada. Terminei recentemente o ensino fundamental, e contei pra eles o meu desejo de ingressar na Hidrafield, a famosíssima escola de heróis. Eles ficaram extremamente felizes com o meu interesse, principalmente a minha avó, Amélia Rock, que outrora foi uma heroína profissional, conhecida como Melody, a Flautista.

     Tenho uma enorme admiração por ela. A maneira que ela tocava sua flauta e controlava o movimento dos inimigos, não dando nenhuma chance de vitória… era algo incrível de se ver.

     Uma vez, enquanto passeávamos no parque de nossa cidade, ela avistou um homem tentando assaltar um casal de idosos. Então, sem demonstrar nenhum pavor, ela sacou sua flauta e começou a tocar uma belíssima melodia, que em poucos segundos, invadiu o subconsciente do ladrão, e o fez largar sua arma e se afastar do casal. Após isso, ela o fez caminhar em direção a delegacia, onde confessou seu crime e foi preso.

     Os que presenciaram aquela cena, ficaram admirados com a forma que ela impediu o crime sem ao menos usar a força. Eu tinha só 7 anos na época, mas foi a partir daquele dia que decidi que queria ser uma heroína. Então, decidimos nos mudar pra Soralith, onde ela viveu seus anos de ouro como “Melody”.

     Tudo o que eu preciso fazer agora é esperar o dia do exame de admissão da Hidrafield, que será daqui há alguns dias. Eu não quero me gabar, mas sempre tive uma inteligência acima da média, então a prova estava no papo.

     Hoje minha mãe pediu pra eu ir à feirinha comprar algumas coisas e me deu uma lista de compras. A feira não é muito longe, ela fica só a 15 minutos de casa, então preferi ir a pé mesmo. Eu estava precisando mesmo caminhar um pouco.

     Enquanto caminhava com meus inseparáveis fones de ouvido, avistei a feira, mas ela estava bem bagunçada. Entrei lá e avistei alguns comerciantes tentando desesperadamente arrumar suas barracas. Decidi me aproximar pra ver o que estava acontecendo.

     — Com licença. O que aconteceu aqui?

     — Dois lagartos gigantes apareceram e levaram toda nossa mercadoria! — explicou, um dos comerciantes — Não satisfeito, eles bagunçaram tudo e depois fugiram!

     Dois lagartos gigantes? Isso com certeza não é coisa boa. Os Reptilianos, como também eram chamados, são criaturas extremamente perigosas, conhecidas pelo veneno mortal de suas garras e sua habilidade de cuspir ácido. Eles costumam viver nas montanhas e em outros lugares mais frios, mas de vez em quando gostam de aparecer nas cidades e causar problemas.

     Não podia deixar os feirantes naquela situação. Precisava ajudá-los!

     — Vocês viram pra onde ele fugiu? — perguntei.

     — Eles entraram num caminhão e seguiram para a ponte! — respondeu uma senhora — Mas afinal, o que pretende fazer, mocinha?

     — Vou atrás deles.

     — Mas você é muito jovem. Não tem a menor chance contra aqueles monstros! — alertou, com um tom maternal — Não se arrisque desse jeito, querida. É melhor deixar esse caso com as autoridades!

     — Não se preocupem, eu dou conta deles — afirmei, determinada.

     Eles me observavam incrédulos, enquanto pegava o grande estojo em minhas costas e o abria, revelando um lindo violão rosa, meu companheiro de todas as viagens. Assim como a minha avó, eu manifesto meus poderes através da música.