O início do fim

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"Você não pode retirar agora que disse?"

Retirar…o que eu disse? Retirar as três palavras mais bonitas do mundo? A frase mais verdadeira que já saiu de meus lábios? Retirá-las? Como eu poderia fazer algo tão cruel com um sentimento tão caloroso, valoroso, gentil? Como ele pôde me pedir tal coisa? Eu nasci através do amor, cresci ao seu redor, fui cultivado por ele, cresci com ele, e agora, quando enfim pude o dar a outro alguém, ele é recusado? Não pedi para ser amado de volta, não o entreguei esperando receber algo em troca, mas eu achei que ao menos ele seria bem vindo.

Agora deitado ao lado daquele que odeia aquilo que faz com que o mundo gire, que o meu corpo funcione, eu não sei se posso passar a noite. Porque quando o abraço há amor, quando o beijo há amor, quando o olho, o toco, há amor, tanto amor. Preciso colocar esse amor em algo, e me enganei ao achar que poderia ser nele. Não há espaço para o meu amor na vida dele, já é ocupada demais pelo desprezo. O meu amor não cabe nessa cama de casal, e sinto que eu também não. Afinal, a culpa é minha, nunca houve espaço para mim na vida dele, fui tolo de pensar que teria para o meu amor.

Me levanto calmamente, pego tudo o que me pertence, e um deja vu me me atinge, revivo um momento como esse, algo que deveria ter sido um aviso, um reflexo do que foi o primeiro indício, um lembrete da decisão que eu tomei e voltei atrás depois. Acho que a vida é como uma prova, nunca se deve voltar atrás na primeira alternativa que se marca X. E mesmo sabendo disso, sentindo a dor em cada célula do meu corpo, eu paro em frente a porta do quarto, o encaro. Com amor.

— Estou indo embora Prem. — Sussuro, em uma esperança insistente dele acordar e me impedir. De ser ele aquele que retira o que disse, que volta atrás.

Mas…ele não se mexe

— Estou indo, mas sei que vou voltar.

E realmente sei, e não há amor em saber disso, talvez não haja amor em mais nada nessa vida.

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1) O que fazer em relação a Prem?

A (X) O deixar ir.  Anulada.
B (X) Ficar por ele.

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E indo embora, com uma mão no volante e outra no coração, eu desejo que ao acordar ele não sinta a minha falta como eu sinto a dele, que ele não se machuque da forma que eu sempre faço. Injustamente, eu desejo continuar sendo aquele que quebra, para que ele continue inteiro. Ainda há amor em algo, em mim, só em mim.

••••

Acordo sozinho, um quarto que para mim sempre foi reflexo de aconchego, de lar, agora me parece vazio, deprimido. Eu esperava que ele fosse embora, mesmo no fundo ansiando que ficasse por mim. Sei que se eu ligar ele atende, se eu chamar ele vem, não preciso implorar ou me humilhar, só pedir, e ainda assim algo me prende, me impede.

"Eu te amo"

Amor, para que serve? Nada. Nada além de estragar o que parecia perfeito, de complicar o que era tão fácil, arruinar aquilo que um dia já foi sol, e agora não passa de uma constelação, que de longe brilha muito, de perto já morreu. Não sei lidar com o amor, não quero lidar com ele, aquilo que todos dizem dar calor, só me trouxe desespero, sem braços para me acolher, só um chão para me receber, quando de joelhos fui colocado, destruído, despedaçado. Não é trauma, não é desculpa, é um fato, daqueles que se aprende desde que o mundo é mundo. O amor não faz bem nem para quem sabe amar, imagina para aqueles que têm medo.

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