Tommy Wheeler

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02 de fevereiro, Quinta-feira

             Meu primeiro dia de aula no 2° ano do ensino médio, eu me encontrava sentado no centro da sala de aula, comecei a ter a sensação de que todos estavam me observando e comentando algo sobre mim. Era aterrorizante. Eu me sentia sufocado, havia um relógio no canto da sala que fazia o barulho tradicional de qualquer relógio de pêndulo antigo e que todos conhecem: "tic-tac”. A cada toque, a sensação ficava cada vez pior. E relógio continuava fazendo "tic-tac", eu ficava cada vez mais apavorado, "tic-tac" ficava nervoso, se eu estava morrendo?! "Tic-tac" eu não sei, mas era o que eu mais desejava naquele momento. "Tic-tac" eu olhava para o relógio, quando percebi que ele estava prestes a tocar novamente, quando… "Triiiiiiiiiiiiiiiinn" meu despertador toca, 06:00 da manhã. Estava suado, mas aliviado por tudo ter sido apenas um pesadelo. Aquilo era apavorante. Bom dia! Bem-vindo ao meu primeiro dia de aula.




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02 de fevereiro, 06:00h da manhã.

              Eu me levantei nesse horário, quando acordo não costumo me levantar imediatamente, eu fico deitado por um tempo, fico olhando para o teto, pensando em absolutamente nada. Depois de ficar um bom tempo olhando para o teto, decidi me levantar e descer para tomar café da manhã. Ao chegar à cozinha, observava minha mãe colocar ovos mexidos no prato para comermos.
              — Bom dia, filhão! Dormiu bem?! — perguntou meu pai finalizando rapidamente o seu café da manhã pois, já estava de saída para ir ao trabalho.
              — Bom dia, pai! Dormi sim.
              — Tommy, agora estou indo para o trabalho, boa sorte na escola. — A voz dele saiu um pouco abafada por causa da quantidade de comida na boca.
            Ele me deu um beijo na testa e foi trabalhar.
            Eu estava comendo os ovos mexidos com pão e um achocolatado que acabei preparando (estava muito bom por sinal).
             — Tom, hoje vou poder levar você à escola, às 06:30h estou saindo, vai querer ir comigo?
              — Claro que vou! Vou subir para tomar banho agora!
             Enquanto estava tomando banho, minha mãe ia se arrumando para me levar. O banho demorou uns 5 minutos, depois escovei meus dentes, coloquei minha farda escolar, ajeitei meu cabelo e me deitei na cama até a hora de irmos.




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02 de fevereiro, 06:30h da manhã

              — Tom! Tom, meu filho! Vamos! — gritava minha mãe indo à garagem.
              — Já estou indo, mãe!
            Eu coloquei minha mochila nas costas, peguei o livro que estava lendo atualmente "O Instituto" de Stephen King e desci as escadas rapidamente, até o carro dela.
              — Cheguei, mãe. — Respondi entrando no carro com a respiração ofegante. Minha mãe ligou o carro e fomos a caminho da escola. Andamos por uns 20 minutos quando ela começou a falar comigo.
              — Filho, esse ano… tenta não arrumar problemas, por favor, não quero que você se prejudique.
              — Mãe, não sou eu, são… os meninos, você sabe.
              — Eu sei, querido. Mas a Sra. Margareth não. Eu não quero que ela me ligue dizendo: "Olá Sra. Eliza! Seu filho cometeu outra brincadeirinha, você pode vir buscar ele?" — Imitou com uma voz diferente, o que nos fez rir um pouco.
              — Está bem, mãe! Não irei me meter em encrencas. Prometo!





  



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02 de fevereiro, 07:00h da manhã

              Chegamos. Eu me despedi dela com um beijo e desci do carro, parei em frente à escola, respirei fundo e comecei à andar, fui para a minha classe e me sentei em qualquer uma daquelas carteiras. Abri meu livro, atualmente eu estava na página 216 onde eu acabara de ler uma frase que me marcou desde aquele dia "Luke Ellis teve que ficar preso para saber de fato o que era liberdade" (aliás, obrigado Stephen King, por esse livro incrível) continuei lendo a página 216, mas fui interrompido por eles, Dylan e seus comparsas de merda, que fecharam meu livro me fazendo perder a página, porém me lembrava muito bem qual página eu estava lendo. Eles eram os “valentões” da escola, Dylan era o líder deles, ele era um pouco forte, alto e usava um boné para trás. Ele se apoiou sobre minha banca, provavelmente para transmitir superioridade.
               — E aí pirralho, como foi as férias? Sentiu minha falta?!
               — Dylan, me deixe em paz, por favor! — respondi calmo, mas morrendo de medo por dentro. — Não quero arrumar problemas que envolvam você.
               — Mas eu não fiz nada, Wheeler. Só estou querendo conversar…
               — Eu já falei Dylan, me deixa quieto.
               — Cara, relaxa…
               — Você não escutou? Deixa-o em paz! — disse uma menina ao meu lado se levantando de sua carteira. Ela tinha os cabelos cacheados e ruivos, seus olhos eram escuros. O cabelo era a coisa mais marcante nela, com toda a certeza. Nunca a vi naquela escola, muito menos na minha classe. Dylan se virou imediatamente para ela.
               — Você sabe quem eu sou?! Sua merdinha.
               — Sei muito bem quem você é… Você é a porra de um imbecil! — Eu não estava com muita confiança nela, mas ela sabia como brigar.
               — Olha só… parece que a novata está a fim de fazer amor… — Dylan fez um gesto com que fez, ele e seus comparsas começarem a rir, como se ele acabara de contar uma piada num jantar de família. Dessa vez a garota, não iria retrucar (pelo menos era o que eu achava).
               — Seu nojento desgraçado! — ela cuspiu na cara dele ao gritar. — Você acha mesmo que eu quero transar com você?! Eu quero que você se foda!!! — ela deu um soco no rosto dele, com certeza o Dylan nunca mais iria querer conversar com ela. Ele ficou mais transtornado do que já era e quando ele iria se levantar e, suponho, partir para cima dela… "Triiinnnnnnnnn” o sinal tocou e nossa professora entrou na sala, o que fez com que todos se sentassem até mesmo o Dylan. Ela entrou e simplesmente começou a escrever o conteúdo no quadro.



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02 de fevereiro, 07:30 da manhã.

              — Ei, ei! — alguém sussurrava, não dei a mínima e continuei copiando o conteúdo para poder continuar minha leitura depois. Porém essa pessoa que fazia o tal sussurro, era insistente, como eu não a respondi, ela jogou uma bola de papel em mim. Me virei para a direção de onde veio a bola e era ela, a novata, acho que posso chamar ela assim, por enquanto.
             — Não posso conversar agora, estou ocupado — sussurrei.
             — Ela não vai ver, idiota! Só quero saber seu nome e você deveria me agradecer, você nem reagiu ao Dylan, só mandou ele parar.
             — Meu nome é Tommy, prazer! E como você sabe o nome do Dylan? Deixa, isso não importa, tenho que copiar agora.
             — Você falou o nome dele. — respondeu com firmeza.
             — Não falei não.
             — "ah, Dylan! Me deixa em paz." "Dylan, eu não quero arrumar problemas." viu?! Você falou. — É, eu realmente tinha falado. — Prazer, eu sou a Maya, Maya Campos! — Ela me estendeu a mão, e simplesmente a apertei.
             — Tommy, Tommy Wheeler, prazer!
Rapidamente terminei de escrever o assunto dando tempo assim de ler um pouco do meu livro, prestes a abrir meu livro, Maya me interrompeu novamente.
            — Somos amigos agora, você sabe né?
            — A-a-amigos?
            — Se você quiser, claro.
            — T-t-tá, amigos então! — naquele momento, eu tinha feito minha primeira amizade depois de anos, confesso que minhas bochechas ficaram coradas e não foi por causa do Sol ou do frio. Também naquele momento, esqueci a página que estava lendo, então fechei o livro.
            — Página 216, eu vi antes do Dylan chegar.
            — Ah… valeu!




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02 de fevereiro, 09:10 da manhã

             Novamente a sirene da escola tocou, era hora do nosso intervalo, tivemos algumas aulas antes, duas de português, as aulas foram completamente normais, por isso não irei comentar sobre. Vamos pular para a parte que importa, o intervalo. Como sempre, sentei-me em qualquer banca onde eu ficasse sozinho para comer, mas não adiantou, quando comecei a comer, Maya chegou. Eu achava que ela gostava de me interromper. Por outro lado, ela gostava de conversar, eu amava conversar e acho que a partir daquele momento eu comecei de fato a gostar de ter uma amiga. Ela sentou-se na minha frente toda empolgada.
             — Cara, me conta algo sobre você!
             — É… ah… eu leio livros, serve?
             — Eu percebi, hoje. Mas que tipo de livros você lê? Eu não consigo ler nenhum livro, sabe o único livro que eu li? Os Três Porquinhos, somente.
             — Eu gosto de livros de terror, suspense…
             — Você não gosta dos três porquinhos?
             — Faz muito tempo que li, acho que gosto. Eu já li também Chapeuzinho Vermelho quando criança.
            — Você realmente lê! – Ela realmente parecia impressionada.
            — Claro!!
De repente chegam 3 alunos na nossa banca.
            — Podemos nos sentar com vocês?! — disse um deles, ele estava um pouco animado, mas não queria demonstrar isso, eu acho. Ele tinha os olhos escuros, provavelmente castanhos, sua altura era aproximadamente 1,64 e cabelos lisos que às vezes cobriam seus olhos. Eu olhei para Maya que, com toda certeza estava se perguntando: "Quem são esses merdas?!"  e por incrível que pareça, eu também estava me perguntando isso. Mesmo assim, respondi.
            — Ah, pode!
            Eles então se sentaram. E começaram a comer.
            — Mas quem são vocês?! – Maya perguntou sem entender nada.
            — Eu sou o Nicky, esses são meus amigos Clarice e Oliver. — Falou apontando para eles.
           O Oliver era o mais fechado deles três, o que era perceptível. Ele usava um casaco preto sem capuz, seus olhos eram esverdeados ou castanho, não consegui distinguir. A Clarice tinha seu cabelo liso e escuro, que batiam nos ombros, ela usava óculos, mas provavelmente seus olhos também eram escuros.
            — Estamos querendo ser amigos de vocês, queremos saber se vocês podem ser nossos amigos. Estávamos observando os outros alunos e percebemos que nenhum aparenta ser maneiro igual a gente, aí vimos que vocês estavam sozinhos...
            — Eu sou Maya e sobre ser amigos de vocês, eu e o Tommy vamos analisar antes, mas podem andar com a gente por enquanto.
            — Você não vai comer, Maya? — perguntei.
            — Não estou com fome, Tommy. Não quero comer.
            Eu apenas assenti a escolha dela.


 
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02 de fevereiro, 17:10h da tarde

             Nós largamos às 17:00h e acabamos descobrindo que éramos todos da mesma classe, então ficamos conversando um pouco fazendo com que a Maya e eu aceitássemos eles como nossos amigos. Eles não eram como o Dylan. Nossa conversa não demorou muito, depois disso nos despedimos e partimos. Nicky, Oliver e Clarice seguiram juntos por um caminho, enquanto eu e Maya fomos por outro, caminhando e conversando.
              — Quer saber Tom? Eu vou na sua casa hoje!
              — Eu acabei de te conhecer! E outra, você nem sabe onde eu moro…
              — Eu descubro. Você acha mesmo que vai se esconder de mim?
              — Eu duvido! Você não vai me encontrar. Mal saio de casa.
              — Então tá, Tom. Se você acredita que eu vou conseguir achar sua casa, deixa a janela do seu quarto aberta, vou entrar por ela, às 20:00h.
              — Eu não vou abrir Maya. Você não irá descobrir onde eu moro. — Ela olhou para mim e soltou uma leve risada, eu queria que ela descobrisse onde eu morava, eu precisava de uma companhia. Ela se aproximou de mim, e me deu um beijo na bochecha, seus lábios eram macios e quentes. Ela não parecia a mesma pessoa que confrontou o Dylan.
              — Até mais tarde, Tom!
              Ela então, entrou em uma rua e eu segui em frente, andei por mais uns 30 minutos até chegar em casa. Eu estava muito cansado.




  
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02 de fevereiro, 13:00h da tarde

             — Mãe, cheguei! — avisei já subindo as escadas.
             — Não vai comer?! — gritou da sala de estar.
             — Estou cansado, preciso dormir!!
             Tomei banho, coloquei a primeira roupa que vi pela frente e me deitei na cama, foi como se eu tivesse acabado de deitar-me nas nuvens depois de um dia super cansativo. Li mais algumas páginas do meu livro, entretanto, havia uma coisa que não saía da minha cabeça: a Maya. Eu fiz uma amiga, ou melhor, 4 amigos. Mas a Maya… Eu toquei em minha bochecha e ainda conseguia sentir os lábios quentes dela. Eu não sabia como era ter uma amiga, mas acho que eu não queria que ela fosse apenas minha amiga, talvez fosse cedo demais pra gostar de alguém, eu não sabia. Foi quando olhei para a janela.
              — Talvez, ela realmente descubra onde eu moro. — Murmurei para mim mesmo. E então resolvi destrancar a janela e ir dormir.
              Sonhei com a Maya, ela estava me chamando "Tommy, Tommy!" "Vamos! Se levanta" eu não tinha entendido muito bem sobre o que se tratava o sonho, "Tom! Se levanta!".  Quando eu me levantei, não era a Maya que estava me chamando, era a minha mãe e foi aquela hora que eu acordei. Já estava de noite e eu estava com tanta fome, que minha barriga roncava.
              — Vamos jantar, Tom! Estamos te esperando lá embaixo. — Dizia ela.




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02 de fevereiro, 19:50 da noite

              — Já desço, mãe! — respondi.
             Minha mãe, logo desceu e foi para a cozinha, me levantei e fui ao banheiro lavar meu rosto para me despertar. Rapidamente desci para jantar. Sentei-me à mesa que lá, já estavam meus pais.
             — E aí filhão, como foi seu primeiro dia de aula?! — perguntou meu pai. Apesar de ele trabalhar muito, ele se importava comigo e isso era notável.
             — Oi, pai! Foi… — Parei para pensar na resposta e percebi que eu nunca tinha tido um “primeiro dia de aula” tão bom quanto aquele. — Foi muito bom, pai!
             — Ah… sério?! E isso é bom né?!
             — Acho que sim, acho que fiz amigos.
             — Que incrível! Agora vamos comer para a comida não esfriar!
             Ao decorrer do jantar, conversamos um pouco mais sobre como foi meu primeiro dia de aula, falei um pouco sobre meus amigos e conversamos também sobre umas besteiras. O jantar durou uns 15 minutos. Após o jantar, meus pais ficaram conversando na sala de estar e eu subi para o meu quarto, no 5º degrau escutei um barulho vindo de lá.  Algo tinha caído no chão parecia um barulho de que só pessoas seriam capazes de fazer, fiquei com medo, confesso, porém, continuei indo ao meu quarto e fingi que nada estava acontecendo.




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02 de fevereiro, 20:05 da noite

              Rapidamente cheguei até lá, eu estava em frente a porta e tentando escutar alguma movimentação dentro do quarto, mas nada mais foi ouvido. Encarei a maçaneta da porta decidindo finalmente entrar no quarto, ao entrar no quarto percebi que realmente era uma pessoa que estava no meu quarto, mas não era qualquer pessoa, era a Maya.
              — Você conseguiu achar minha casa! Pensei que não me encontraria...
              — E você deixou a janela aberta, pensei que não tinha acreditado em mim.
              Nos encaramos por uns 3 segundos, então abraçamo-nos logo depois. Foi o melhor abraço que já recebi.

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