Opposites-Antônio Silva

Capítulo 10

Margarida on

Já se tinham passado alguns dias desde aquele beijo, desde aí não falámos mais, ou melhor dizendo ele não falava comigo, eu bem tentava falar com ele mas ele apenas me ignorava, e respondia por obrigação.

A Aurora tem me perguntado por ele, ela apegou-se muito a ele, talvez por não ter uma figura paterna, ela acabou por associa-lo como uma.

O jogo contra o Porto estava próximo, toda a equipa estava motivada para este jogo, principalmente para dar o seu melhor.

Nesta altura eu estava no Seixal, a acompanhar o treino deles, como não havia ninguém lesionado eu não tinha muito que fazer.

Eu olhei para o António que fazia exercícios de aquecimento juntamente com o Neves, Rafa, Ramos, e João Mário, ele nem sequer olhava para mim, ele estava apenas concentrado no que estava a fazer, eu percebi que eles os 4 me olharam, e cutucaram o António, que fez contacto visual comigo, mas rapidamente desviou o olhar.

Ele agora estavam a fazer jogo, eu sempre tive um grande fascínio na forma como eles driblam, acho aquilo uma coisa de outro mundo, adorava saber driblar que nem eles.

O Andreas marcou um golo, e eu aplaudi juntamente com os restantes da equipa técnica, ele olhou para mim, e deu-me um pequeno sorriso, eu achava-o muito fofo, e ele era bastante simpático, e estava sempre com um sorriso na cara, comparando com uma certa pessoa que está sempre de cara fechada.

O António fez uma grande entrada sobre o Andreas, aquilo deve ter doído, os jogadores colocaram-se todos á volta do Andreas para ver como ele estava, eu levantei-me e caminhei até eles rapidamente, agachei-me sobre o Andreas.

—Onde te dói?—eu perguntei tocando-lhe no tornozelo

Eu fiz um pouco de força, ele fez uma expressão de dor, eu tirei-lhe a chuteira, e a meia com cuidado, ele tinha o tornozelo a começar a ficar roxo.

—Margarida, como é que ele está?—perguntou-me o treinador 

—Ele magoou-se no tornozelo mas não me parece ser nada de muito grave—eu respondi levantando-me

Eu olhei para o António que me olhava com uma expressão preocupada.

—Ele vai conseguir jogar no jogo de amanhã?—perguntou-me o treinador

—Em principio sim, nada do que gelo, e um gel anti-inflamatório não resolva—eu respondi olhando para o Andreas

Os companheiros de equipa ajudaram-no a levantar, e levaram-no, eu suspirei, e virei-me para os acompanhar, mas antes que pudesse dar um paço, agarram-me o braço, eu não me precisava de virar para saber quem era.

—Eu não fiz de prepósito—ele disse-me 

Eu puxei o meu braço do seu aperto, e virei-me para ele.

—Não é a mim que tens de dizer isso—eu disse indiferente—De propósito ou não tu magoaste-o, e pq razão foi?, espera já sei o que foi, se for o que eu estou a pensar tu és...

Ele interrompeu-me

—Tu pensas que foi por tua causa—ele disse num tom irónico—Desculpa dizer-te, mas o mundo não gira á tua volta

Eu olhei para ele indignada com as suas palavras, eu olhei para o lado, para ver os jogadores a olharem para nós, mas fingiram que não estavam a ouvir, eu olhei de volta para o António, que tinha a mesma expressão de sempre.

Eu não lhe respondi, virei-me para continuar o meu caminho, ele estava a ser muito infantil, ele ficou assim desde que nós beijámos, ou melhor fui eu que o beijei, mas ele retribuiu.