Talvez eu tenha derramado um pouco de lagrimas ao saber que não irei mais estudar junto com metade dos meus amigos. "Haverão outros" meus pais diziam. A real é que eu tenho um leve problema com acreditar nas palavras dos meus pais. Talvez seja por que meu pai não me aceita como "pessoa divertida" e sempre tentou me controlar, já a minha mãe geralmente fica sempre ao lado dele, menos quando se trata de agressões físicas. Psicológicas? ok.
Entretanto, não irei me aprofundar muito neste assunto, pois eu sinto que deveria tentar dar uma chance para conhecer pessoas novas numa nova escola de elite no centro. Bolsa de 100%, um sapato velho, problemas com os pais e saudade de uma estabilidade emocional. Prazer! Leon.
Eu nasci no dia 22 para o 23 de julho, então sou cúspide de câncer com leão, o que faz tudo que me envolve, um grande drama para o meu palco de ilusões. Eu sou o meu céu e o meu inferno. O que também não quer dizer que seja tão ruim, pois eu me amo ao mesmo tempo.
Vem aí uma carta aberta a mim mesmo:
Querido Leon, eu amo o jeito como o seu cabelo encaracolado e ruivo cresce, e como seus cachos ficam lindos ao entardecer, quando a hora de ouro chega e o castanho escuro dos seus olhos torna-se radiante diante dos raios solares. Eu amo o fato de que todos os dias você põe um álbum novo para ouvir nas uma hora e vinte minutos que você gasta na semana sentado no fundão do ônibus. Eu amo o seu traço de desenho, pois mesmo que não seja o melhor, você sempre tenta melhorar. Meu pequeno Leon, eu te amo por sempre ter sido o meu melhor amigo, mesmo quando as pessoas me achavam um lunático estranho no fundamental e faziam bullying comigo, enchiam minha bolsa com cola e riam de mim por ser gordo. Aliás, eu amo ser gordo! Sei que a pressão as vezes é muita pra cima de você, mas eu admiro sua coragem pois eu sei o quanto você já quis morrer por não te aceitarem como você é: um jovem fofo, sensível e criativo. Eu me amo.
- Ok, ok... Por qual motivo você escre- uma car- para... você mesmo e falando na ter- pessoaaa? - Esta é a minha amiga Lia. Minha grande companheira da escola de bairro ao qual eu me formei no fundamental.
- Mulher, a ligação está travando um pouco, estou passando num viaduto, mas acho que entendi né. Olha, eu escrevi porque eu estou precisando dar uns créditos a mim, que vai estar longe de você o suficiente para não ter alguém ao qual vai tentar elevar a minha auto estima.
- Sua vagabunda! Vou sentir saudades. Quando quiser sair para o shopping, pode me falar - uma das coisas que eu sempre amei na Lia era sua coragem. Ariana e sem medo de dar satisfação. Eu estava muito triste pois, sabia que seria uma tortura estar longe dela todos os dias, e por não poder dar a ela o suporte necessário neste momento na vida dela já que ela estava começando a tomar hormônios e deixar o cabelo crescer. Tive medo de que as pessoas, assim como fizeram conosco na nossa antiga escola, iriam fazer com ela agora. Antes pelo menos tínhamos o suporte mútuo. Agora? Uma para um lado e eu para o outro. Isso é um saco.
Bem, uma das coisas ao qual não posso reclamar é que meu horário de estudos é bem de boas, já que nossa aula começa no final da tarde e termina a noite - um adendo: a escola era de elite, porém eram os ricos pela manhã e nós, marginalizados pela sociedade como eles achavam, estudávamos até o horário ao qual os ônibus circulavam apenas com o restante de almas penadas para termos o suficiente de pesadelos com qualquer estranho que subisse. Pelo menos, ao observar ao redor, vi que muitos do meu ônibus eram do mesmo bairro que o meu. Menos mal.
Próximo bairro... subiu mais de meia dúzias de pessoas para a escola e com o mesmo fardamento. Uma delas tinha um lindo corte chanel, a outra parecia a Demi Lovato em 2014, subiu um menino de cabelos encaracolados e o próximo com um black, já outra cacheada e por fim a... Alice?!
Certo, respira, aumenta o fone e... ah, que música é esta? Sim! Off to the races, Lana Del rey, ok. Se acalme. Ela não te viu. Ela não te viu... Ela me viu. canto de olho, um olhar matador com delineado gatinho, um colar de ouro e bem mais bonito do que eu poderia já ter dado a ela, um cabelo bem cuidado e um óculos feito exatamente para o seu tipo de rosto, sem aparelhos e com a pele tão bem macia e cuidada como a de um bebê. Totalmente diferente de quando eu a vi pela última vez.
Ano passado, eu da turma "a" e ela da "c", um colar barato, ursinho de pelúcia, me ajoelhando na frente da escola toda e a pedindo em namoro. Oh cara! Foi a maior zona esse dia lá e eu acho que todos me conheceram como o ex da Alice babona. Terminei com ela 3 dias depois? Talvez sim. Em minha defesa, soube que o pai havia brigado com ela e batido forte com vassouradas, uma amiga minha da sala dela veio e me avisou, então não tive escolhas. A culpa foi totalmente minha. Mas mesmo assim eu não quero julgamentos ok? - sim, eu sei que você está me julgando pra valer - Olha só! Um pré-adolescente que sempre teve crushs não correspondidos, seja com garotas ou com garotos, e que, do nada, encontra uma pré-adolescente que começa a sentir algo por você e então vocês se beijam e... você odeia. Que tipo de beijo é este? Mas ai você olha pra ela e... ela sorri. Começam a conversar e passa um tempo, começam a sair e, acontece. Sou o babaca da história por ter dado a ela alguma esperança por eu achar que deveria a retribuir mesmo não gostando dela? SIM!
Mas enfim, a minha história não é sobre o meu relacionamento frustrado com ela - não somente ela.
Alice passou dando de ombros e seguindo até o fundão. Sentou-se ao lado de uma amiga e seguiu rindo com elas, enquanto eu estava de cabeça baixa ouvindo a versão Paradise de Born to Die.
...
Dormi um pouco mas acordei antes de chegar na escola pois tenho um sexto sentido para saber onde eu devo descer haha.
Sendo bem sincero, eu não sabia nada sobre as pessoas da minha turma, só que elas eram de bairros carentes como eu, e que eram pobre, como eu, então não tinham exatamente uma razão para ser um daqueles tipos de romance adolescente sobre a pobre e inteligente Gabriella encontrando o seu Troy enquanto ambos cantam nos corredores de East High, tão pouco seria sobre me apaixonar pelo líder de basquete do time do primeiro ano, correto?
Vamos ver a lista:
Ana, Amanda, Arthur.... Leon! Achei, aparentemente a Alice está na turma "B". Bem vamos ver se eu encontro mais alguém do meu bairro... Mariana, Marcio, Ma... MARCIO?!?!
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Não é sobre amar alguém
Roman d'amourE mesmo quando eu fecho os olhos, consigo me lembrar deles... Pena que nem um poderia ser a quem mais poderia me amar: eu mesmo. Fruto de um nascimento cúspide entre um caranguejo e um leão, criado pela essência da água e rodeado de pensamentos intr...