Capítulo 16

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Gelataria

- Ao menos gostou das aulas de guitarra? - Questionei comendo mais uma colherada de gelado.

- Muito. Até estou a pensar seguir música.

- Somos duas. O seu é de quê?

- Não sei, mas é bom.

- Como assim?

- Não dizia lá um sabor. Chama-se "explosion".

- Aposto que é tutti fruti.

- Agora que fala nisso, é bem capaz! - Rimos. - Há quantos anos toca?

- Desde que me lembro honestamente. Sinto que mal nasci, e deram-me logo um geomungo. - Sorrimos.

- Hum... Jisoo, posso falar sobre... você sabe... - Baixou o olhar.

- A parte do stalker? - Engoliu em seco.

- Quase isso. É mais, o facto de eu gostar de você.

- O que é que há para falar?

- Eu só queria saber se podemos ser amigas... Já que não pode ser mais que isso.

A dor na sua voz, chegava a ser palpável.

- Podemos, claro. Eu adoraria. Não vejo problema.

Apesar do sorriso, sentia-se obviamente uma espécie de conformidade. Algo como "ao menos isso" ou um "vai ter de chegar".

- Só mais uma coisa. Por favor, pode ter cuidado comigo?

O que responder agora? Sim? Ok? Não sei?

Um grande silêncio barulhento batia-nos enquanto os meus pensamentos lutavam para falar mais alto.

- Jisoo?

- Eu vou tentar o meu melhor.

- Só, não me dê falsas esperanças, não me iluda. Tente sempre deixar bem claro para mim, que isto nunca passará da amizade.

- Como? - É suposto eu ignorá-la de vez em quando?

- Não me trate mal, mas também não me trate de uma maneira muito próxima. Algo assim.

Peguei nas suas mãos.

- Rosé, eu acho que podemos agir normalmente. Se eu achar que está a haver algum equivoco eu esclareço-o. Mas também não quero estar constantemente a afastá-la, percebe?

Ela sorriu e apertou ligeiramente as minhas mãos.

- Sabe que isto não a torna menos incrível aos meus olhos?

Corei de imediato. Nunca me tinham dito algo tão direto com tanta honestidade.

Larguei as suas mãos devagar, envergonhada.

Secret StalkerOnde histórias criam vida. Descubra agora