Me casar?

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  As pequenas velas iluminavam o quarto de Henri.
A chuva caía lá fora enquanto o mesmo pintava novos quadros.
Toda a raiva e angústia transmitidas em um quadro branco.
E as tintas usadas eram seu sangue, suor e lágrimas.
Tinha uma canção que tocava na vitrola velha de seu avô.
Estava em sua cômoda descascada.
Suas palavras eram mudas e toda a sua liberdade de expressão era transmitida por meio da arte.
Até que a canção foi manchada por vozes do outro cômodo, seus pais discutiam novamente.

Discussão

- Sophia, você sabe muito bem que isso não é o que sonhamos para nosso filho - Disse o pai.
- Fred, ele é um bom garoto, e só tem 16 anos, ele ainda terá tempo para se decidir - Debateu a mãe.
- Se decidir Sophia?! Se decidir? Nós somos os pais, nós tomamos as decisões aqui, ele é um bom garoto, mas deve seguir nossas ordens.
- Mas amor...ele não está pronto para se relacionar dessa forma ainda.
- Mas na idade dele eu estava, ou ele obedece, ou rua.
  Imediatamente o garoto deixa seus pincéis no chão e sai do quarto extremamente irritado, ele se aproxima de onde seus pais estavam e grita:
- Eu não irei me casar até que eu sinta vontade, e caso eu tome essa decisão, eu irei escolher quem será essa pessoa, não vocês!
Fred não gostou do tom de voz utilizado pelo menor, deu alguns passos a frente e disse com clareza ao rapaz:
- Quem toma as decisões aqui sou eu, nossa família é de classe superior, eu me recuso que se case com uma camponesa ou desconhecida, está decidido, em um mês se casará com Margot, filha do delegado Ruy, no Domingo mesmo eles virão para um jantar e conversaremos sobre isso.
- Não, eu não vou!
- SE EU DISSE QUE VOCÊ VAI É PORQUE VOCÊ VAI!

O silêncio se fez presente, um silêncio preso, constrangedor, e as lágrimas de Henri não puderam se conter, ele correu até a sala e pegou seu casaco pendurado na porta, o colocou e foi saindo, antes de fechar a porta atrás de si completamente, olhou para sua mãe, parada, perplexa, o observando enquanto saía, e ele se foi.
A princípio, só queria se livrar daquele peso, de toda aquela raiva, rancor, ódio, indignação, mas depois...quis pintar algo que realmente o fizesse se sentir bem, e não apenas para se expressar.

E foi assim que tudo começou, andando pelas ruas da França, buscando por alguma inspiração, algo que o fizesse se sentir melhor, e o primeiro lugar que conseguiu pensar foi...

💭 A loja de discos.

Era pra lá que ia sempre que queria esquecer os problemas, ele adorava comprar discos para ouvir em sua vitrola, era seu passa tempo preferido, então lá se foi o pequeno Henri, sem saber o que lhe esperava em breve.

Entre discos e quadrosOnde histórias criam vida. Descubra agora