Capítulo um: A monotonia e o estranhamento

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[Segunda-feira, 06:17 da manhã]

Marcelo acorda de ressaca, novamente. Se levanta, e vai ao banheiro, como se aquilo fosse algo normal, que acontecesse todos os dias. Um café parecia ser a coisa mais certa naquele momento.

O quarto estava uma bagunça, uma real balbúrdia, roupas pelo chão, lixo em cima da cama e da mesa, um ambiente sem vida. O local precisava de uma boa limpeza, mas Marcelo estava totalmente sem vontade.

Em um movimento lento ele pega o controle remoto, liga a televisão em um canal qualquer, o barulho das vozes o fazia se sentir menos sozinho, menos vazio.

O gosto horrível da bebida de ontem ainda se fazia presente em sua boca, juntamente com a ânsia. O barulho da chaleira ecoou pela casa, o alertando de que seu café havia ficado pronto. E assim ele seguiu o resto do dia, bebendo seu café, vendo televisão, refletindo sobre a vida miserável que estava levando.

Quando se deu conta, ja estava anoitecendo. Isso significava que estava na hora de se arrumar para o trabalho. Ser professor de cursinho não era fácil, por mais que quisesse sair dessa vida, não tinha escolha.

O banho demorou alguns poucos minutos, e logo já estava vestido e arrumado.

Saído de casa e já a caminho, Marcelo se encontrava preso em uma engarrafamento, mais um dos muitos que havia presenciado nesse ano.
Após longos minutos, se encontrava no estacionamento da universidade. As pessoas pareciam animadas, o total contrário de si.

Era a nova remessa de calouros!

Se dirige para a primeira aula da noite. Uma sala de Físico-química, estava totalmente cheia de novos alunos, fora os veteranos ali presentes.

Dez minutos de aula haviam se passado, até que se ouve a maçaneta da porta se abrindo. Era um homem moreno, de altura média e olhos encantadores. E quando se deu conta encarava o rapaz de cima a baixo.

- Com licença. - dizia envergonhado.

- Chegou cedo para o intervalo. - Marcelo respondeu com um tom irônico e seco, logo voltando a atenção ao quadro.

O outro lhe lançou um sorriso fraco, se sentando na carteira vazia. E Marcelo deu continuidade a sua aula.
As três aulas se foram rapidamente, e o horário da janta tinha chegado. Rapidamente, todos os alunos se direcionaram ao refeitório, menos Marcelo, que ficou arrumando seu material.

O dia de Marcelo havia chegado ao fim. Mais uma noite de aula, mais uma noite no boteco.

Mas por outro lado, o de Royal só estava começando.....


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[madrugada de segunda-feira, 01:32 da manhã]

   A sensação da garganta queimando. Isso era o que Royal estava sentido após ingerir seu quinto drink na festa universitária. O peso de um dia corrido já era quase nulo, mas não inexistente.

O efeito do álcool já era presente, a ponto de não saber mais seu próprio nome.
Estava se prendendo nas paredes com outros corpo, a fim de cessar o calor do tesão dentro de si. A festa era longa, e essas ações iriam se entender até o amanhecer, ele sabia disso, sempre soube....não era de se negar ao desejo, nunca foi. Por mais que se sentisse sujo por isso.

   A noite havia terminado rápido, dessa vez sem brigas,  sem problema algum.

Royal se dirigiu à saída da pequena boate, situada próxima ao seu apartamento. Andou por poucos minutos e logo chegou, se jogando na cama, se enrolando nos lençóis e pronto para dormir.

                                         {●●●}

      

Eram por volta das oito da noite, o som do despertador tomou espaço no cômodo. Barulho irritante.

Isso tirou o homem de seus sonhos e devaneios, o fazendo se levantar e vestir uma roupa. Logo seria o horário da sua aula, e chegar atrasado de novo, não era nem um pouco uma opção.
                               
Já no uber, estava escutando música em seu fone, ao mesmo tempo em que escrevia uma poesia. Era um romântico, adorava escrever e compor. O fato de sua imaginação ser fértil, o animava.

                                         {●●●}

  No corredor, estava com os olhos fixos em seu celular,  conversando com uma de suas amigas. Estava sem senso de direção, e acabou esbarrando em uma pessoa…quando ele olha para cima para se desculpar se depara com quem menos queria encontrar.

O professor com cara de bravo, que o havia olhado com olhar mortal no dia anterior.
Marcelo Fayad.

Fazendo com que o material do mesmo caísse todo no chão, os dois se encaram profundamente, sem dizer nada e então se abaixam ao mesmo tempo para pegar os cadernos, fazendo com que suas mãos se encostem uma na outra. Em um movimento rápido, Fayad se afasta com o cenho cerrado, e Royal cora profundamente.

- Me desculpa - Royal diz rapidamente enquanto se levanta.

- Não tem problema, mas da próxima vez olhe por onde anda! - Fayad diz um pouco irritado.

- Foi sem querer, eu acabei me distraindo um pouco. Aqui está. - Ele entrega os cadernos do professor.

- Obrigado. - O mais velho pega os cadernos e se retira, sem esperar uma resposta, deixando um Royal com cara de bobo para trás.

  Após ajudar a pegar o material derrubado, Royal se direciona para sala, e chegando nela se senta em seu lugar, abrindo um livro e começando a ler, até que se dê o horário da aula. As aulas estavam passando rápido, menos as de Fayad, que estavam com o clima estranho entre os dois, fazendo com que eles se encarassem repetidas vezes.

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⏰ Última atualização: Apr 14, 2023 ⏰

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