Manual

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A porta do apartamento ao lado do meu se abriu enquanto eu passava. Minha melhor amiga, Kim Jisoo, veio para o corredor. Jisoo e eu éramos amigas havia uma eternidade, fomos criadas juntas na mesma cidadezinha de Indiana. Durante todo o ensino fundamental, sentamos lado a lado, graças à distribuição dos alunos por ordem alfabética. Depois da formatura no ensino médio, fomos para a mesma faculdade em Nova York, onde logo entendemos que, se quiséssemos continuar grandes amigas, devíamos ser vizinhas, mas não morarmos juntas.

Embora eu a amasse como a irmã que nunca tive, às vezes ela podia ser mandona e autoritária. Da mesma forma, minha necessidade de ter algum tempo sossegada a deixava louca. E, ao que parecia, também meu encontro com Lalisa.

- Jennie Kim!- Suas mãos estavam nos quadris. - Você desligou o telefone? Foi ver aquela tal de Lalisa, não foi?

Limitei-me a sorrir para ela.

- Francamente, Jen - disse ela. - Não sei por que eu ainda me incomodo com isso.

- Pois é. Diga, por que você se
incomoda mesmo? - perguntei enquanto ela me seguia para dentro. Acomodando-me no sofá, comecei a ler os papéis que Lalisa me deu. - Aliás, eu não estarei aqui neste fim de semana.

Jisoo soltou um suspiro ruidoso.

- Você foi. Eu sabia que iria. Depois que enfia uma ideia na cabeça, você simplesmente mete as caras. Nem mesmo pensa nas consequências.

Continuei lendo.

- Você se julga muito inteligente. Bom, o que acha que a biblioteca vai dizer sobre isso? O que seu pai vai pensar?

Meu pai ainda morava em Indiana e, embora não fôssemos próximos, eu tinha certeza de que ele teria uma opinião firme sobre minha visita ao
escritório de lalisa. Uma opinião muito negativa. Apesar disso, de maneira nenhuma alguém discutiria minha vida sexual com ele.

Baixei os papéis.

- Você não vai contar nada ao meu pai. E minha vida pessoal não é da conta da biblioteca. Entendeu?

Jisoo se sentou e examinou as unhas.

- Não estou entendendo nada. - Ela pegou os papéis. - O que é isso?

- Me dê. - Puxei a papelada da mão dela.

- Sinceramente. Se quer tanto ser dominada, conheço várias mulheres que estariam muito dispostas a lhe fazer esse favor.

- Não estou interessada nas suas ex-namoradas.

- A Lalisa Manoban sabe disso? - Ela havia entrado no Google e procurava pelo nome de Lalisa. Tudo bem. Que encontre.

De repente, o belo rosto dela encheu a tela. Fitava-nos com aqueles olhos castanhos penetrantes. Um braço estava no ombro de uma linda loira ao seu lado.

Meu, disse o lado idiota de meu cérebro.

Desta sexta-feira à noite até a tarde de domingo, contra-atacou o lado mais responsável.

- Quem é ela? - perguntou Jisoo.

- Minha antecessora, eu acho - murmurei, voltando à realidade. Eu era uma idiota por pensar que ela poderia querer a mim depois de ter isso.

- Vai ter que montar em saltos agulha bem altos, amiga.

Eu apenas concordei com a cabeça. É claro que Jisoo percebeu.

- Mas que droga, Jen. Você nem mesmo usa salto alto.

Suspirei.

- Eu sei.

Jisoo meneou a cabeça e clicou no link seguinte. Virei o rosto, sem precisar ver outra foto da deusa loira.

- Ah, garota - disse ela. - Ai, esse eu deixaria que me dominasse de vez em quando.

Levantei a cabeça e vi a foto de um homem bonito. Jackson Clark, quarterback do New York Giants, dizia a legenda. Jisoo prosseguiu:

- Você não me falou que ela era parente de um jogador profissional de
futebol americano.

Eu não sabia. Mas de nada adiantaria dizer isso a Jisoo: ela não prestava mais atenção em mim.

- Será que Jackson é casado? - resmungou minha amiga, clicando nos links para ter mais informações sobre a família dele. - Não parece. Humm, talvez a gente possa conseguir mais detalhes sobre a loira.

- Não tem nada melhor para fazer?

- Nadinha - respondeu ela. - Nada além de ficar sentada aqui, enchendo sua paciência.

- Bem, você conhece a saída - falei, entrando no quarto. Ela podia passar a noite toda cavando o que quisesse sobre lalisa. Eu tinha algumas coisas para ler.

Peguei os papéis que Lalisa me deu e me enrosquei na cama, metendo as pernas por baixo do corpo. A primeira página tinha seu endereço e informações de contato. Sua casa de campo ficava a duas horas de carro da cidade e me perguntei se ela teria outra propriedade, mais perto daqui. Lalisa também me dera o código de segurança para passar pelo portão e o número do celular, se eu precisasse de alguma coisa. Ou para o caso de você criar juizo, intrometeu-se a parte espertinha e irritante de meu cérebro.

A segunda página tinha as informações da minha inscrição na academia e o programa de exercícios que eu teria de seguir. Engoli o malestar que me dava a ideia de correr.

Seguiram-se mais informações sobre as aulas de força e resistência que ela queria que eu fizesse. Ao pé da página, em uma letra cursiva muito elegante, estavam o nome e o número do instrutor de ioga.

A página três me informava que eu não precisava levar bagagem nenhuma na sexta. Lalisa providenciaria todos os produtos de toalete e as roupas de que precisasse. Interessante. Mas o que mais eu esperava? Também continha as mesmas instruções que ela me dera antes - oito horas de sono, refeições balanceadas -, nada de novo ali.

A página quatro relacionava os pratos preferidos de Lalisa. Ainda bem que sei cozinhar. Depois leria esta página com mais atenção.

Página cinco.

Digamos apenas que a página cinco me deixou excitada, perturbada e ansiosa pela sexta-feira.

The House Of Submission | JENLISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora