Capítulo 34

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Claire

Chegamos na escola em poucos minutos. Peter estacionou o carro no estacionamento da escola.
Estava uma brisa fria, as ondas quebravam com raiva na praia, fazendo seu som parecer uma chicotada no ar.
Molly saiu quase correndo do carro.
- Encontro vocês lá dentro? - pergunta ela.
- Claro. - digo.
- Ok. Vamos Matt. - ela puxou ele.
Ele fez uma careta.
- Está nervosa? - Peter me pergunta.
- Está muito na cara? - sorri, colocando a mão na barriga e respirando fundo. - E você?
- Um pouco. - ele sorriu torto.
Sorri.
Peter me ajudou à sair do carro.
- Obrigado. - digo ficando vermelha.
Bati a porta.
Me viro, batendo de frente com o Peter. Sorri.
- O que foi?
- Você está muito linda hoje. - disse ele, me encarando.
Corei.
- Você também. - digo olhando para baixo.
Ele levanta o meu queixo e me beija.
- Temos que parar de nos esbarrar. - sorrimos.
Peter segura a minha mão e me leva até à entrada.
Na porta do ginásio tinha uma menina, com um vestido salmão, colado, e de saltos. Ela estava entregando alguns bilhetes para as pessoas que entravam, falava alguma coisa e sorria.
Eu reconhecia aquele cabelo, mesmo parecendo um ninho preso em um prendedor de plumas.
Chegamos mais perto da menina.
A menina, com o vestido salmão e o cabelo de ninho era a Ashley.
Já tinha me esquecido da existência dela.
Ela entregou um bilhete para o casal à nossa frente.
- Oi! Bem vindos. Essa noite teremos a coroação... - ela parou de falar, se assustando. - Pensei que vocês tinham saído da escola.
Ela tossiu.
- Não, não saímos. - disse o Peter. - Você não tem nenhum bilhete pra gente?
- Hã... Tome. - disse ela me entregando um. - É para a votação, de rei e rainha do baile.
Ela quase jogou o papel em cima da gente.
- Obrigado pela sua força de vontade. - disse o Peter segurando a minha mão e me puxando para dentro do ginásio.
O som estava muito alto, fazendo as portas tremerem, no lado de fora.
Pensei que esse baile seria igual ao do sexto ano, em que todas as crianças ficariam sentadas, conversando, comendo e esperando os seus pais para buscá-las. Mas não foi assim. Todos estavam em pé, dançando e pulando. Isso é o efeito do álcool.
- Quer algo para beber? - pergunta o Peter.
- Pode ser. - digo.
Agora eu estava sozinha diante daquela multidão.
- Claire? - pergunta uma voz masculina atrás de mim.
Me virei.
- Adam! Que surpresa. - digo.
- Nossa! Como você está linda! - disse ele me encarando.
- Obrigado. Você também está.. Elegante. - forcei um sorriso.
O Adam era lindo, mas algo nele me deixava mal.
- Já encontrou com a Ariane? - me pergunta ele.
- Não.. Ela veio?
- Sim. Venha. Levo você até ela.
Hesitei por um segundo, mas passei o meu braço no dele.
Entramos na multidão. Todos pararam e abriram espaço, nos encarando.
Corei.
Avistei de longe a Ariane. Ela estava diferente hoje. Não estava com aquelas roupas curtas, ou com muita maquiagem. Ela estava com um vestido preto, soltinho, com uma maquiagem leve.
Andamos até ela.
- Oi amor! - disse o Adam.
- Oi! - disse ela forçando um sorriso.
- Olha quem eu achei perdida no meio da pista de dança.
- Oi, Ariane. - eu a abracei.
- Você está linda, Claire!
- Você também. - sorri.
Ariane me encarou e depois olhou para o Adam.
- Bom, é melhor eu procurar o Peter. Nos vemos depois. - digo.
Sai o mais rápido de perto deles.
Esbarrei com o Stefan.
- Ei! - disse ele.
- Oi Stefan! Quanto tempo. - digo o abraçando.
- Verdade. - disse ele sorrindo. - Onde está o Peter? Preciso falar com ele.
- Hã... Ele foi pegar as bebidas. - digo.
- Ata.- disse ele. - Você está linda, Claire.
- Obrigado. - sorri.
Era a quinta vez que eu escutava aquilo.
Stefan olhou o seu celular.
- A conversa está ótima, mas preciso ir. - disse ele sorrindo timidamente.
- Ah, tudo bem. - sorri.
Ele me abraçou e sumiu entre tantas pessoas.
No palco - no centro do ginásio - as luzes começaram a piscar. E um solo de guitarra soou baixo.
A música começou baixa, apenas a guitarra, logo depois a bateria. Stefan, Arthur, Sebastian e Christopher entraram no palco. Todos começaram a gritar e aplaudir, se aproximando do palco. Eles tocaram Through The Glass, do Stone Sour.
Escuto a voz do Peter e logo depois ele aparece. Aquela voz e sorriso de anjo faz qualquer garota pirar. Todas as meninas gritaram. Ele sorriu timidamente, do jeito que eu amo, e me encarou.
Aplaudi e gritei o máximo que pude. Estava feliz por ele, depois de tanto tempo, tocar com os meninos novamente. Ele estava feliz. Fazia tempo que eu não via aquele brilho em seus olhos.
A música terminou, e eu fui pegar outro drink.
"Maninha?"
"Josh?"
Quase me engasguei.
Fazia um tempo que não nos falávamos.
"Parabéns."
Disse ele baixinho.
"Para você também..."
Sorri.
Peter veio correndo em minha direção, me beijando.
- Vocês foram ótimos! - digo.
- Obrigado. - ele sorriu timidamente. - Pediram para tocarmos outras músicas.
- Que ótimo, Peter! - o abracei.
- Sim. - ele sorriu. - Mas antes, quero lhe mostrar uma coisa.
Minhas mãos estavam tremendo, estava começando a ficar ansiosa, mas eu não sabia porque.
Ele pegou a minha mão.
O vento estava forte.
- Vista isso.
Peter tirou o seu paletó e me ajudou colocá-lo.
- Obrigado. - digo.
Ele sorri.
Fomos para o estacionamento da escola.
- O que estamos fazendo aqui? - sorri.
Estava frio, as ondas grandes batendo com força na praia. O ar estava ficando pesado. Algo estava errado.
- Peter? - chamei a sua atenção mais uma vez.
Um carro se aproximou, parando na porta do estacionamento.
Peter estendeu a sua mão para mim.
Um menino saiu do carro. O encarei.
Agora senti um frio, mas um frio bom, uma presença conhecida..
Coloquei a mão na boca. Não podia ser...
- Oi maninha. Desculpe pelo atraso. - disse o Josh, vindo em minha direção.
Encarei o Peter sem acreditar. Ele sorriu para mim.
- Feliz Aniversário, Claire. - disse o Peter.
Soltei a sua mão e fui correndo em direção do Josh. Primeiro devagar, depois aumentei o passo.
Pulei em seus braços.
- Não acredito... - meus olhos encheram de lágrimas.
- Nem eu. - disse ele sorrindo e fungando, igual à mim.
Meu irmão estava ali, na minha frente. Imaginei milhões de vezes como seria vê-lo, senti-lo.
Não consegui parar de sorrir. Finalmente estava tudo dando certo.
Segurei em suas mãos, mas algo aconteceu. Não sei muito bem o que, mas aconteceu.
Senti um pequeno choque, uma coisa familiar, uma necessidade. Minhas mãos começaram a formigar.
- Você...? - perguntei.
Josh me encarou, parecendo confuso.
- Temos tanta coisa para conversar! - digo.
- Sim. - disse ele. - Vamos entrar? Nunca fui para um baile.
- Sério? - sorri.
- Sim. - ele sorriu.
Entramos de mãos dadas.
- Boa noite pessoal! - disse o Sebastian em cima do palco. - Vamos revelar o rei e a rainha do baile.
Todos gritaram e aplaudiram.
- Preparados? - disse ele segurando um envelope. - Que rufem os tambores!
Christopher tocou a bateria.
- E o rei e a rainha do baile são... - ele abriu o envelope devagar. - Molly e Matt.
Todos aplaudiram, esperando eles subirem no palco para pegar as coroas, mas eles não subiram.
- Onde eles estão? - todos se perguntavam.
- Cadê a Molly e o Matt? - me virei para o Peter.
Ele deu de ombros e se virou para falar com o Stefan, que afirmou com a cabeça e saiu do ginásio. Olhei para o Josh e ele estava encarando a multidão confusa. Algo estava errado. Sempre está.
Segurei na mão do Josh, senti que eu poderia desmaiar a qualquer momento. Aquele ginásio parecia ter ficado pequeno para tantas pessoas ao meu redor. Comecei a suar, minhas mãos ficaram frias...
"Mamãe?"
"Oi querido."
"Cadê a Claire?"
"Ela está dormindo."
"Podemos tocar um pouco de piano?"
"Claro."
Mamãe segurou a minha mão e me levou para perto do piano.
Comecei a tocar a nossa melodia, e ela, a cantarolar.
"Mamãe? Vamos viajar esse ano de novo?"
"Não sei filho." - ela passou suas longas mãos nos meus cabelos ruivos. " Não sei se vamos voltar ao acampamento... Talvez vamos para outro lugar."
"Quero ir pra , mãe! Quero o vovô."
"Você vai vê-lo."
"Mas mãe..."
A Claire chegou com seu bichinho de pelúcia em seus braços.
"Oi meu amor." - disse mamãe a pegando no colo.
"Tive um pesadelo, mamãe." - disse ela chorando.
"Como foi filha?"
"Era escuro. Tinha um menino de olhos verdes, o acampamento do vovô, uma briga..."
"Ah, querida. Foi apenas um pesadelo." - disse ela beijando sua testa.

A EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora