Meu relógio de pulso dourado marcava exatamente 03:18 da madrugada, eu destranquei e abri a porta de forma silênciosa enquanto minha outra mão segurava meus saltos pretos e minha bolsa muito pequena que guardava meus óculos e minha carteira. Pretendia chegar em completo silêncio pra não ter que ser interrogada pelo meu pai no caminho até meu precioso quarto e a minha tão querida cama onde me afundaria pelos próximos dois dias. Mas meu plano foi por água abaixo quando, depois de entrar em casa e trancar novamente a porta, meu pai deu um pulo do sofa olhando em minha direção com uma expressão de alivio. Eu poderia presumir que ele estava me esperando acordado, mas, quando sua expressão mudou para uma de descepção assim que me reconheceu pela franja e o pouco brilho do meu cabelo que se destacava um pouco no escuro por conta do tom naturalmente azulado, eu entendi que era a sua caçula quem ele esperava, não a mim.
Desde que fez 18 anos, minha irmã sai quando quer, faz oque quer, e volta no horario que bem desejar. Eu entendo a preocupação do meu pai, ele nunca teve que lidar com isso, quando eu tinha a idade da morena, à 5 anos atrás, eu quase não saía do quarto, passava dias e noites estudando incansávelmente pro vestibular. Quando passei com a nota de 987 pontos, não foi uma surpresa pra ninguém, mesmo que o prodígio da familia seja o meu primo, eu não fico muito atrás. Só começei a sair pra festas depois dos 20, e como sempre fui muito responsável, meu pai pouco se importa com o horário que saio e pra onde vou, se impotava quando acreditava fielmente que eu poderia assumir a direção da clinica da familia, mas depois de muito tempo, entendeu que isso não estava nos meus planos. Mas minha irmã era diferente, ela era um pouco impulsiva, e provavelmente nem se lembrava que em quatro dias faria a prova que decidiria seu destino no mercado de trabalho.
— Eu tô preocupado a sua irmã... — ele disse depois de alguns minutos em silêncio. Havia voltado a se sentar enquanto eu estava parada tentando raciocinar se levaria algum tipo de Bronca por ter chegado mais tarde doque o normal.— Ela deve ter dormido casa da Jia-chan e esquecido de avisar, Papai
Jia era a melhor amiga da minha irmã desde que ela se mudou do seu país natal, se conheceram no quinto ano, eram "rivais" pois gostavam do mesmo garoto, anos depois, ele se assumiu pra escola inteira e a rivalidade já não tinha contexto. Depois disso, a fofoca as uniu e elas nunca mais se afastaram.
— Eu pretendia levá-la pra pescar, uma coisa de pai e filha. Ela disse que ia voltar antes de meia noite pra conseguirmos ir bem cedo...
— Se quiser eu posso ir com você.
— Não... É diferente.
— Entendi. Vou pro meu quarto descansar, sugiro que faça o mesmo. Ela não volta hoje, pai.
É claro que era diferente, sempre foi. Nunca me importei muito, mas essa personalidade forte e um tanto mimada da minha irmã foi formada a partir de uma infância totalmente diferente da minha. Minha educação foi mais rígida, acho que por ter sido a primeira filha. De qualquer forma, não o culpo.Cheguei no meu quarto jogando as coisas de qualquer jeito no chão, poderia arrumar depois. Não sou uma pessoa desorganizada com quarto bagunçado, sou até muito organizada, mas eu havia acabado de voltar de uma das melhores festas que já fui, e estava completamente acabada e exausta. Havia aproveitado cada momento daquele churrasco com meus amigos mais próximos. Bebi, comi, dancei, cantei no karaokê da televisão, fumei e registrei tudo como uma ótima lembrança daquele momento que ficaria registrado na minha mente e na minha pequena câmera não profissional.
Era só um churrasco no quintal da casa do meu melhor amigo, se disser que haviam 10 pessoas, estou exagerando. Também não sou do tipo viciada em erva e em álcool, mas não sou
do tipo que nega uma boa cerveja clássica e um baseado, eu faço bom proveito da minha grande resistência que me impedia de ficar chapada ou bêbada muito rápido. E naquele momento, iria fazer bom proveito da minha cama, e como eu não era boa suficiente para pescar peixes com o meu pai, poderia dormir até bem mais tarde.Entrei de qualquer jeito no apartamento deixando em um canto qualquer a bolsa com evidências do "crime" que havia cometido minutos atrás, coloquei minha câmera na mesa de centro da sala, mal sabia se havia trancado a porta depois de entrar, mas fui rápido pro meu quarto me preparando pra tomar um bom banho e me afogar no colchão razoavelmente macio que eu tinha no lugar de uma cama normal. Tirei minha camiseta e joguei em qualquer canto indo pra cozinha e separando os remédios que deveria tomar naquele momento, coloquei todas as pílulas de uma vez na boca engulindo com a ajuda de um refrigerante qualquer da geladeira que bebi pelo gargalo mesmo que a garrafa ainda estivesse cheia, voltei sonolento pro quarto e quando ia me jogar no colchão, meu celular tocou, atendi bufando
— OE! Onde cê tava, Dobe?? Eu perdi a conta de quantas vezes liguei — Meu melhor amigo berrou assim que atendi com um descrente "que é??"
— Eu saí mais cedo pra comer no Ichiraku, aproveitei que a cidade tava parada pra tirar umas fotos dela e só voltei agora — menti. — meu celular tava desligado
Eu tirei sim fotos da cidade, mas Oque fiz mesmo foi minhas merdas, disso ele não precisa saber
— Porra cara, a Sakura tava preocupada contigo. Ela tinha pedido pra você vir no churrasco de noivado aqui em casa — ele disse um pouco mais calmo
Droga.
— Esqueci. Eu posso ir aí agora se você quise-
— vai vir aqui no meu apartamento do outro lado da cidade as 04 da manhã? Se manca dobe! Ela já tá dormindo aqui, mas saiba que você perdeu uma maconha da boa que o Shika trouxe, otário.
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A Procura de Cura - Naruhina
Fiksi Penggemar𝐸𝑙𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑠𝑎𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖𝑟 𝑢𝑚 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎 𝑠𝑒𝑢 𝑓𝑢𝑡𝑢𝑟𝑜 𝑛𝑎 𝑝𝑠𝑖𝑐𝑜𝑙𝑜𝑔𝑖𝑎. 𝐸𝑙𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑠𝑎𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑏𝑜𝑚 𝑜𝑢𝑣𝑖𝑛𝑡𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑎̃𝑜 𝑜 𝑗𝑢�...