✧˚ capítulo 26 ˚✧

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Horus bebia água da fonte no campo de treinamento, usando um pequeno arco de tigela para evitar poluir a água com a sujeira de suas mãos, quando sentiu a presença de Geb se aproximando. Ele levantou a cabeça do bebedor e a água drenou de seu queixo ao pescoço.

-Me acompanhe.

O garoto se limpa com a parte de trás do braço e segue seu avô, como ele pediu. Por algum motivo aquela situação lhe parecia estranha, ele não sabia por que, mas ele sentiu que ele havia sido pego em uma travessura muito feia, Ainda que sabia cem por cento que não se comportou mal nos últimos dias, era uma boa criança, um garoto exemplar. Lavava suas roupas e sempre arrumava sua cama.

Eles foram longe, foram até um pequeno vale, onde o deus sentou-se em uma enorme pedra que havia lá.

Horus se instalou no chão e seus dedos acariciaram a grama debaixo de si.

- Você gostou? - Geb notiu a atenção que a criança tinha na área verde -Nut começou a fazer chover nesta área, ele quer fazer um oásis e estará começando a crescer. Ele está germinando - O deus se recostou os braços nos joelhos para olhar ligeiramente a grama mais de perto -Assim como você. Em breve, você terá doze anos, se tornará um adulto e, quando menos espera, em um deus completo.

Horus assentiu, ele ouvia com atenção, embora não compreendia a razão pela qual ele estava dizendo essas palavras.

-Você será o governante de todo o Egito, o alto e baixo, você será o oásis onde os outros buscarão abrigo e sustento para viver, você os guiarão em suas vidas mortais em troca de seus louvores e devoções. E todo o faraó deve contemplar algo muito importante que trará um rumo próspero para seu reinado. Uma rainha.

A boca de Horus fechou e, embora seus olhos estavam em Geb, ele parou de prestar atenção na última vez que ele mencionou um requisito impossível de se livrar para se tornar um faraó. Por que ele estava dizendo isso? Ele era apenas uma criança sem planos reais para conseguir um martrimônio com alguém...

Bem, isso foi uma vil mentira que ainda o causou embaraço, sim, ele queria se casar, mas se ele revelasse em voz alta quem era essa pessoa, temia de que seu avô não falasse mais com ele por muitos anos graças ao desgosto. Por isso mordeu o lábio e não falou mais nada.

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-Posso me sentar?

Nut descansava na margem do pequeno lago atrás do palácio, com ambos os pés imersos na água cristalina, com cada movimento sutil criava ondas com pequenos pontos estrelados e brilhantes. Olhou para Seth com seus olhos escuros profundos e assentiu, apontando para o lugar que ele estava disponível ao lado dela.

Seth se instalou ao seu lado, e na cabeça sentiu o toque suave das mãos de sua mãe o acariciando. Nessa posição, era notável a grande diferença de altura que estava entre eles, mesmo com uma aparência mais humana, os deuses eram de uma estatura consideravelmente grande, toda a palma da mão de sua mãe repousava sobre suas madeixas avermelhadas.

-Algo aflige seu coração. - Mais do que uma pergunta, foi uma afirmação. Os olhos de Seth estavam em um ponto morto das profundezas do lago, recusou-se a olhar para a mãe -É muito ruim?

-Oh, não, bem... Eu não sei, talvez seja...- ele disse com a voz muito baixa, como se fosse um dos maiores segredos de todo o universo.

-Você contará pra mamãe?- Não era uma ordem no mais mínimo, Seth sentiu que ele poderia confiar os seus segredos mais escuros da mesma Duat, ao mesmo tempo que em sua barriga ele sentia uma tempestade de incerteza, não sabendo como tomar a situação e, portanto, não sabendo se era prudente para falar agora.

Nut não insistiu nada, sua mão continuou a acariciar sua cabeça com a doçura, esperando o momento em que o coração do menino se abrandasse.

-É sobre o meu futuro matrimônio...

Futuro ... - começou a falar quando a brisa da tarde tornou-se mais fresca graças ao céu nublado. Nut retirou do rosto do garoto uma mecha de seus cabelos avermelhados para poder olhar para seus olhos. -Você me disse que não era uma obrigação eu me casar novamente com minha irmã se eu não quisesse

-É verdade, eu disse. Por que? No caso... meu filho tem uma garota em seu coração? Ou talvez, é uma deusa, uma mulher?- Nut tombou a cabeça ligeiramente, ela não conseguiu uma resposta, mas a criança franziu ligeiramente as sobrancelhas e mordeu os lábios, seus pés se agitavam com constância, fazendo com que a água se movesse pela brisa que ele fazia.

Nut incorporou suas costas e levantou as sobrancelhas

- então, é outro garoto?

Seth parou de mover os pés, ele não tinha força de poder para olhar para ela e isso já foi suficiente para ela entender tudo.

-Eu acho que já sei quem é... - Não havia inconveniente ou decepção em suas palavras, era mais uma nota pensativa
Que se foi com o vento da tarde.

Seth se forçou a levantar a cabeça para olhar para ela, ela olhou para o lago, as estrelas em seus cabelos eram brilhantes, logo ele teria que subir em vôo para cobrir o céu noturno, mas para todas as coisas, ela não parecia desapontada.

Mesmo assim, ele tentou a sorte.

-Isso é errado...?

Nut abaixou a cabeça e ambos finalmente se olharam, e no momento em que seus olhos foram encontrados, o coração de mãe em seu peito derreteu intensidade. Ela tomou o rosto da criança com as duas mãos e se maravilhou com o quão pequeno era em relação a elas.

-Eu não sou alguém para proibir algo assim, Seth. Seu pai e eu já sofremos a separação que foi imposta a nós há milhares de anos, como eu seria capaz de fazer um dos meus filhos sofrer a mesma dor? Mas, no lado... dele, é obrigado a ter a descendência que ocupará o trono do Egito para as gerações futuras.

O coração se rachou ao olhar as sobrancelhas do menino se contraerem para cima, com seus olhos se tornando cada vez mais úmidos, simplesmente não podia suportar.

-Aqui vocês estão bem, filho, meu manto cobre-os, nenhum deus ou mortal pode espionar no território de geb e Nut. E quando for o momento... que o deusa Hathor os proteja...

Na mira de um pequeno falcão (ENNEAD) Onde histórias criam vida. Descubra agora