"Sentimos sua falta"

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Ponto de vista do Porchay

Eu precisei de mais que um dia para finalmente entender que eu não estava mais preso naquele pesadelo, e inicialmente minha cabeça estava uma confusão tão grande que eu mal conseguia organizar todos os pensamentos que tive assim que acordei no hospital. Primeiro porque não lembrava de como fui tirado daquele lugar, e minha última lembrança era de Big e Ken me machucando.

Quando acordei, o teto branco com uma luz muito fraca foi o suficiente para que eu pensasse estar inicialmente morto, pois era a única coisa que parecia fazer sentido em minha cabeça. E quando pensei em começar a entrar em pânico logo em seguida notei que na verdade esse lugar estranho era um quarto de hospital... O que era muito melhor do que estar morto, pois isso significava que eu estava seguro agora, ou pelo menos gostaria de estar.

Quando olhei para o lado e avistei hia, acho que nunca fiquei tão feliz e aliviado por ver o meu irmão, no entanto eu não conseguia pensar em mais nada, e eu chorei quando percebi que simplesmente não conseguia dizer nada, pois minha voz parecia ter sumido. Toda aquela onda de lembranças invadiu minha cabeça tão rápido que ela começou a latejar tão forte que eu pensei seriamente que poderia desmaiar ali.

Eu não conseguia esquecer nada do que aconteceu, e mesmo com Porsche perto o tempo inteiro, era como se uma parte da minha mente ainda estivesse presa naquele lugar sendo torturada o tempo inteiro sem nenhum intervalo. Quando ainda estava realmente naquela cela, eu me sentia menos destruído do que me sinto agora.

Então, dois dias se passaram naquele hospital, e eu não conseguia fazer nada que não fosse apenas dormir o tempo inteiro. Eu tinha Kim novamente, mas nem sua presença parecia ser o suficiente para que eu me sentisse bem novamente. Eu só parecia estar preso ali sem chances de escapar dessa vez, e para piorar era minha cabeça quem estava constantemente presa naquela situação foi destruidora para mim.

Eu queria voltar a ser como antes, mas não conseguia, pois minha voz realmente pareceu sumir e o médico mencionou que isso era devido ao trauma, então eu tinha que ficar preso em um loop onde não conseguia escapar de mais nada, pois não conseguia falar com Kim quando ele falava comigo, e nem mesmo conseguia sorrir para ele, pois era como se algo estivesse morto aqui dentro.

Eu queria ir pra casa, pois não estava mais aguentando esse lugar e hoje era apenas o quarto dia. Porsche estava o tempo inteiro comigo como se estivesse preocupado que eu tivesse alguma crise de pânico por estar longe dele, e certo isso fazia sentido, se eu fosse pensar no quanto estou quebrado e com medo de ficar sozinho.

Então a noite meu irmão deitava ao meu lado e me abraçava até que eu conseguisse finalmente dormir, e as noites eram horríveis, pois era quando eu mais lembrava do que aconteceu. Porsche não me disse como eu saí daquele lugar, e eu não tinha como perguntar, e no fundo sei que não queria saber de nada. A única coisa que eu realmente queria, era excluir todos aqueles momentos de minha cabeça. Era voltar ao normal de dias atrás onde nada disso aconteceu.

Porém, por mais que eu tentasse esquecer tudo aquilo, eu ainda tenho os machucados que servem de lembrança de tudo que aconteceu. Das vezes que implorei para que eles parassem, e nenhum dos dois me ouviu ou pareceu se importar o suficiente para me deixar em paz um pouco.

Agora estava sozinho e felizmente consegui sair daquela cama sem sentir como se fosse simplesmente cair no chão logo em seguida. Meu corpo ainda estava dolorido, mas já estava melhor do que no primeiro dia. Afinal, pelo menos dessa vez os remédios não pareciam tão ruins. Meu reflexo no espelho do banheiro agora era meio que uma prova do quanto estou um caos, pois ainda existem uns hematomas bizarros no meu pescoço.

I'll Stay Here | Kim + Porchay |Onde histórias criam vida. Descubra agora