Lealdade & Ambição / Sebastian Sallow/ Ominis Gaunt

Capítulo XXV

Liana só conseguiu pegar no sono depois que a enfermeira Gwen a jurou, sob sua própria profissão que Ominis estava seguro. Ele parecia estar dormindo tranquilamente na maca, o rosto sereno e pacífico. Sebastian também tinha ficado por horas, mas em algum momento ele disse que faria uma pausa. Liana sentiu que ele a deu esse momento a sós com Ominis de propósito. Sebastian tinha uma natureza mais cuidadosa e gentil do que ela imaginava.

Ela realmente queria ficar a sós, porque estava cansada de ficar reprimindo seus impulsos, de não poder tocá-lo. Uma vez sozinha com ele a primeira coisa que ela fez foi segurar sua mão. Estava quente ao seu toque e ela suspirou com a alívio. Depois ela acariciou seu rosto, sua testa, amaciou seu cabelo nos dedos. Ominis permanecia completamente apagado independente de como ela o tocava.

A enfermeira avisou que a poção o faria dormir pesadamente, que nem uma explosão iria acordá-lo, mas ainda assim ficava apreensiva com a falta de resposta. Ela nunca o viu tão sereno como ali, com a consciência distante e perdida em sonhos. Imaginou se ele estava tendo um sonho bom. As vestes brancas da enfermaria combinavam com ele, ela pensou. Ele parecia um príncipe dormindo daquele jeito.

"Um príncipe adormecido", ela pensou consigo mesma enquanto brincava com os cabelos de Ominis. "Será que um beijo te acordaria?". Ela levou as mãos ao rosto e abafou um grito. "Quando foi que eu me tornei nisso...".

Em algum momento a paz emanando de Ominis a atingiu, e Liana se viu fechando os olhos conforme relaxava na poltrona.

Ela também merecia um descanso.

Após atravessarem aquele arco escuro como um breu, ela e Sebastian saíram no mesmo corredor pelo qual tinham entrado. Ela mal acreditou quando reconheceu as luzes quentes das masmorras. Ela e Sebastian não perderam tempo e foram pedir ajuda.

Liana temeu que se eles não explicassem o que tinha acontecido eles não conseguiriam tratá-lo, mas Sebastian a garantiu que sim. Foi Sebastian que se encarregou das mentiras, ele que contou uma história crível de um Ominis extremamente sobrecarregado, que sofria de insônia e tinha finalmente perdido a consciência. Liana sentiu que a história não podia ser completamente mentira, mas mesmo parecendo não acreditar completamente na história, Gwen não insistiu e tratou Ominis com cuidado. Ela disse que o corpo dele estava realmente exaurido, que ele precisava de muito descanso, então o deu uma poção para colocá-lo num longo sono recuperativo.

Liana não soube por quanto tempo dormiu, mas despertou com a luz do sol incidindo quente sobre seu rosto. Ela se espreguiçou na cadeira, esticando as costas doloridas. Ominis continuava apagado e Liana pegou gentilmente a mão dele.

_Bom dia... – ela sussurrou.

_Ora, ora – uma voz aguda interrompeu sua paz – Isso é muito interessante.

Liana se virou para se deparar com um rapaz em pé, atrás deles. Ele não parecia ser um estudante, trajado em roupas finas e elegantes demais para uma escola. Cabelos de um loiro pálido caíam até seus ombros em cascata, e olhos de um tom acinzentado a encararam de volta.

_Quem...

Antes de formular a pergunta a realização a bateu, ela percebeu as pintas, as linhas de rosto altivas e o maxilar definido. Até mesmo o nariz levemente enviesado no meio. Ele a cara de Ominis.

O rapaz fez uma reverencia exagerada na direção dela.

_Marvolo Gaunt, a seu dispor.

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Ominis raramente dormia por mais de quatro horas seguidas, então aquele sono foi revigorante para dizer o mínimo. Ele se entregou completamente ao sono, deixando-se embalar nas brumas dos sonhos. Ele sempre tinha pesadelos, mas daquela vez nem sequer um pensamento ruim chegou até ele. Ominis sentia-se protegido, mesmo não sabendo como. Ele sonhou com o piano, com as teclas se afundando sob seus dedos, sob o som lindo e melancólico que o piano podia criar. Ele amava o piano, amava os sons que aquelas teclas criavam para o mundo, amava sentir como os sons o embalavam e tiravam da realidade. Quando estava tocando ele sentia-se intocável, feito de fumaça intangível.