Lealdade & Ambição / Sebastian Sallow/ Ominis Gaunt

Capítulo XXVI

Ominis ficou mais um dia no hospital. E ele não conseguia mais sustentar o olhar da enfermeira Gwen. Quando ela vinha checar ou lhe dar alguma poção eles ficavam em silêncio. Liana, naturalmente, não podia vir visitá-lo de novo, Ominis só podia imaginar a reação da enfermeira se ela aparecesse.

Talvez fosse melhor assim, ele estava um caos. E, ultimamente, não conseguia tirar as mãos de Liana. Se ela aparecesse ele provavelmente perderia todo bom senso para sentir seu corpo contra o dele, o mero pensamento era suficiente para deixá-lo quente. Mas aquele dia no hospital, sem nada além de seus pensamentos, Ominis sentiu a realidade voltando a ele. Agora que eles tinham chegado tão longe como ficaria sua amizade? Não, não poderia ser, Ominis finalmente tinha admitido para si mesmo que o que ele sentia por Liana era mais do que físico. Quão ridículo ele deve ter soado à Sebastian, que sabia disso desde o começo, que as vezes parecia conhecê-lo melhor do que ele mesmo.

E isso o levava ao problema mais eminente.

Ele não podia perder Sebastian, ele era seu amigo, sua âncora no mundo desde que Ominis entrou em Hogwarts. Sebastian fora a primeira pessoa a fazê-lo sentir qualquer tipo de felicidade, o primeiro a fazê-lo rir. Se ele precisasse colocar sua relação com o amigo em palavras ele não conseguiria, elas não dariam conta. Mas também não podia continuar ignorando seus sentimentos que cresciam cada vez mais fortes.

Ominis riu consigo mesmo para não chorar.

Ele supôs que, como melhores amigos, não deveria se espantar tanto que eles tivessem se apaixonado pela mesma garota.

Ele decidiu que simplesmente seria honesto.

Mas a hora chegou antes do que ele esperava, Sebastian apareceu para visitá-lo durante a tarde e Ominis não sabia o que dizer quando sentiu a energia forte dele se aproximando.

_Olá, bela adormecida – ele brincou – Teve belos sonhos? – Ominis o sentiu olhar, o sentiu procurar por alguém – Onde está Liana?

E lá estava.

Como explicar que Liana estava quase que banida da enfermaria por...por...Deuses ele não conseguia nem pensar sem ficar maluco.

_Hm, ela não pode vir hoje – ele tentou disfarçar, mas sentiu o olhar astuto de Sebastian sobre ele.

Apesar disso, ele não insistiu e se sentou na cadeira.

_Me diga, como você realmente está?

Ominis afundou para si mesmo, haviam tantos sentimentos, tão difíceis de se organizar. Se fosse sincero, ele ainda estava profundamente chateado por tudo que ocorrera naquele escritório pérfido. A carta de sua tia, o fato de Liana ser uma ofidioglota, a maldição...

Ele nunca pensou que sentiria aquela dor de novo. Pelo menos rezava para isso. Nunca lhe ocorreu que ele tomaria a maldição por escolha, mas seu corpo se moveu sozinho quando ele percebeu que Sebastian usaria a maldição nela. A ideia de ver aquele espírito alegre e radiante manchado por uma maldição vil, de vê-la se machucar, de imaginá-la sentindo aquela dor. Ominis simplesmente não aceitou, e se jogou na frente.

Era tão horrível quanto ele se lembrava, a dor era inominável. Seu sangue parecia se tornar em chamas, todas suas entranhas eram reviradas dentro do corpo, todos seus nervos tomados por agonia sem fim. Era uma dor pior que a morte.

E uma parte mais consciente dele gritava consigo mesmo, Ominis conhecia sua família, do que eles eram capazes. Como ele podia em são consciência trazer Liana para dentro disso? Ela não merecia nada daquilo, e ele não a merecia.