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Amor, Acordes e Renúncias

É uma shortfic YoonKook
Pode conter gatilhos, avisarei no início do capítulo.
Boa Leitura.

Voei para Los Angeles como o vocalista de uma banda de rock que se destacou na Coréia  no segundo semestre da faculdade de artes visuais e, em um
intervalo de quatro anos volto para casa como um canalha irresponsável que destruiu todas as chances dos parceiros de banda com uma vida regada a sexo e drogas.

O voo de volta para casa foi um exercício de como chorar em silêncio sem que ninguém no avião percebesse. As fotos e manchetes das revistas de fofoca
espalhados pelas bancas do aeroporto eram horríveis. As coisas dolorosas que publicaram se repetiam sem parar.

Foto após foto. Título após o título. Mentira após mentira. Um pior que o outro.
E, por mais que eu quisesse comprar todas elas — para que eu pudesse evitar que os outros as vissem e lessem cada linha para saber o que eu estou enfrentando, não o fiz. Decidi me sentar em um canto quieto, escondido por uma lata de lixo com meu rosto disfarçado debaixo de um boné de beisebol para que pudesse ler todas as matérias pelo wi-fi ruim do aeroporto no meu celular.

Estou. Ferrado.

As histórias e as manchetes só ficavam mais criativas, mais difamadoras a partir daí. Me pintando como uma pessoa horrível por beber até não aguentar, por usar drogas e por trair minha suposta namorada, a backing vocal Suran.

Sentado no aeroporto, me senti muito sozinho e vulnerável. Depois de anos eu finalmente consegui sentir pena de mim mesmo, o quão miserável e patético sou? Joguei os  sonhos dos meus companheiros de banda no esgoto.

Eu teria dado qualquer coisa para ligar para minha mãe e ouvir sua voz suave me dizendo que
tudo ficaria bem no final. Para que ela me mandasse jogar as revistas na lata de lixo perto de onde eu estava sentado e me assegurasse que ninguém no aeroporto
estava olhando para mim. Para me abraçar, murmurando que tudo acontece por
um motivo, e que, às vezes, leva tempo para saber qual poderia ser a razão. E depois pedir ao papai que pegasse o telefone dela e me contasse uma das suas
piadas horríveis para me animar.

Deus, eu sentia falta deles.

Em vez disso, fiz uma vídeo chamada para Namjoon, que era como um irmão para mim. Eu o escutei reclamar sobre o que estavam publicando quando tudo que eu queria fazer era cobrir minhas orelhas e abafar o barulho.

E nada se comparava com a sensação que tive com o olhar do seu irmão mais novo, era como um chute no meio das pernas, enquanto Namjoon me puxava a orelha por todas as merdas que fiz mas de um jeito fraterno só nosso, ele não precisava dizer nada, seus olhos negros me diziam que eu havia o magoado.

Ainda posso ouvir o pedido sussurrado dele quando foi até o aeroporto com todos os outros amigos me desejarem boa viagem: Quando tudo parecer perdido se lembre de casa, de nós.. lembre de mim hyung.

Eu havia perdido contato com quase todos, apenas Namjoon havia insistindo em mim. Lembro das mensagens deixadas por ele, com o tempo foram diminuindo até que pararam de chegar.

Eu não tinha mais tempo para os antigos amigos. Novos rostos me foram apresentados, um círculo de amizades relacionadas a música, ao glamour da fama.

E com os holofotes virados para a banda, eu me deixei levar pela onda. Mas não soube a hora de ter cautela, e como o mar que parece calmo mas tem seus perigos, eu me afoguei.

Os novos amigos que diziam me apoiar, todos eles sumiram, e eu enfrentei sozinho as consequências dos meus atos.

Admito que sou o errado, afinal era essa a imagem que passei tanto nos palcos, nas letras das músicas e nas atitudes que tomava, mas no fundo eu sou mais molde do sistema, órfão de pais criado pelos avós, sem carinho ou atenção. Não que isso justifique as canalhagens que fiz.

Amor, Acordes e Renúncias | Yoonkook Onde histórias criam vida. Descubra agora