21. Quem tem boca vai à Roma

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Lilith

Saí com meu pai para um jantar importante com um dos clientes mais próximos dele. A mansão onde aconteceria esse jantar era tão escura que parecia um casarão de arquitetura gótica, e o clima era tão frio que saía fumaça da boca enquanto falávamos. Era sombrio e assustador, um cenário digno de filme de terror.

— Antoine, que bom finalmente vê-lo. — Ela era uma mulher de cabelos claríssimos, muito bonita e sofisticada. Depois de cumprimentar meu pai com uma abraço singelo ela se virou em minha direção.

— Narcisa, quanto tempo! — Meu pai exclamou animado e retribuindo seu abraço. — Essa é minha filha, Lilith.

Meu pai me apresentou e os olhos de Narcisa brilharam em reconhecimento. — Olá, querida. Draco fala muito de você, sabia?

Não pude deixar de contrair meu rosto em uma expressão de desprezo e confusão, mas durou poucos segundos já que rapidamente a substituí por um sorriso contido e abracei-a de volta.

— Ah, ele fala? — Meu pai perguntou, se intrometendo na conversa. — Engraçado... Lili nunca me disse que conhecia Draco.

— Ora, que bobeira, Antoine. Eles estudam na mesma escola, óbvio que seriam amigos.

— Não somos tão próximos assim. — Eu intervi quando notei a expressão desgostosa de meu pai.

Draco apareceu atrás da mãe, segurando em seus ombros para olhar diretamente para o papai e eu. — Boa noite. Meu pai está esperando vocês. — Ele falou e assim que seus olhos pararam em mim ele sorriu ladino enquanto nós entrávamos.

A casa era tão sombria por dentro quanto era por fora e todo o calor, que era pouco, vinha unicamente da lareira no centro da sala. Meu pai disparou para onde o Sr. Malfoy estava parado, conversando com mais dois homens, um era tão magro que os ossos do seu rosto eram marcados, tinha cabelos escuros e um tique com a língua, o segundo era mais baixo e gordinho, seu cabelo era um louro escuro e ele parecia amuado. Os quatro homens se cumprimentaram e ficaram conversando ao lado da lareira.

— Querido, estávamos falando justamente da amizade de vocês. — Narcisa voltou a falar assim ficamos os três sozinhos.

— Não somos amigos — respondi, reiterando o que eu já havia dito antes, mas que ela pareceu não se importar.

— Não, não somos. — Draco afirmou, concordando comigo pelo que parecia a primeira vez em anos. — Mas ela ainda vai ser minha namorada.

Narcisa riu, inclinando a cabeça levemente para trás e Draco sorriu arrogante, arqueando uma sobrancelha para mim. Revirei os olhos e o ignorei até que o jantar fosse servido. Enquanto a mesa estava sendo preparada, fiquei conversando, de forma superficial, com Narcisa. Já Draco foi chamado por seu pai para conversar sobre algo em particular e os dois só voltaram assim que o jantar foi servido. O Sr. Malfoy se sentou na cadeira da ponta, Narcisa estava na cadeira à sua esquerda e Draco estava à esquerda da mãe, sentado na minha frente. Impressionantemente, ele parecia muito contido e comportado, o total oposto de como ele agia nos corredores de Hogwarts. Os outros dois homens foram embora pouco tempo depois que nós chegamos.

— O jantar estava excelente, Narcisa. — Meu pai comentou, e eu concordei, assim que os pratos foram retirados e os adultos começaram a se encaminhar para a sala de estar mais uma vez. A família Malfoy se sentou no maior sofá  e eu fiquei ao lado de meu pai no sofá de dois lugares.

— Fico feliz que tenham gostado. — Ela respondeu.

— Draco tem algo a mostrar para nós, não é filho? — Lucius interrompeu, apoiando uma mão sobre o joelho do mais novo que apenas concordou com a cabeça e se levantou indo para o banco do grande piano de cauda.

autodestrutivo × draco malfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora