Capítulo 2. Descobertas

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POV Christopher

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POV Christopher

Abri meus olhos lentamente com a sensação de ter tido uma noite muito longa de sono. A claridade no recinto era um pouco incômoda, provavelmente esqueci de fechar as cortinas antes de adormecer. Tentei me mexer para levantar, mas senti um desconforto intenso no peito, e o movimento foi interrompido por fios, que só então notei conectados ao meu corpo. Mas o que...?

— Ah, você acordou! — Ouvi uma voz feminina, ergui o olhar em busca de seu rosto. A mulher de cabelos castanhos se aproximou de mim, usava uma roupa de enfermeira. Estou em um hospital?

— O que... — Não consegui falar, pois uma dor aguda me acometeu. Parecia haver espinhos cravados em minha garganta.

— Beba um pouco, vai te ajudar — A enfermeira levou uma garrafa de água na altura do meu peito, posicionando o canudo na minha boca. Engoli o líquido com um pouco de dificuldade, mas realmente a inflamação pareceu diminuir.

— Obrigado — Agradeci, recebendo um olhar esquisito em retorno. Eu devia estar com uma aparência terrível. — Pode me dizer o que aconteceu?

— O senhor sofreu um acidente muito grave — articulou as palavras pausadamente. Assenti, e ela prosseguiu. — Isso aconteceu há cinco semanas. Até precisou ser entubado por algum tempo, e depois da extubação, você continuou em coma por mais alguns dias.

Eu fiquei cinco semanas desacordado? O pensamento me atormentou, provavelmente perdi muita coisa nesse período. Mas o quê? Forcei minha mente para buscar as memórias, porém sem sucesso. Meu coração acelerou, sendo denunciado pelos bipes da máquina que evidenciaram meu nervosismo.

— Está tudo bem? — A voz angelical soou em meus ouvidos, me acalmando ligeiramente. Reuni a coragem para questionar:

— Quem sou eu? — Ao escutar minha pergunta, a enfermeira abriu a boca, visivelmente assustada. Pegou um aparelho em seu bolso e apertou um botão.

— Chamei o Dr Alfonso, ele foi um dos responsáveis pela sua cirurgia, vai poder responder melhor às suas dúvidas.

Estranhei, mas balancei a cabeça concordando. Observei o nome Dulce Maria costurado em seu uniforme. Ela mordeu o lábio inferior, inquieta, dirigindo-se à porta do quarto para aguardar o tal doutor. Assim que ele apareceu, a mulher mexeu as mãos, gesticulando enquanto explicava minha situação. O então Dr Alfonso assentiu cabisbaixo, e entrou no local.

— Olá, eu sou o Dr Alfonso, neurocirurgião. Realizei a sua cirurgia no dia do acidente. — Com uma pausa breve, continuou. — Você não se lembra de nada?

— Bom, eu sei que isso é um hospital, e a Dulce ali disse que fiquei em coma. Mas não me recordo de nada além disso. Não sei meu nome, nem minha profissão, ou onde moro. O que tá acontecendo? — Despejei as perguntas todas de uma vez, cada vez mais ansioso ao notar que não sabia de nada. O doutor me lançou um olhar preocupado. — Por acaso você me conhece?

— Sim, te conheço — respondeu com um sorriso. Ufa, pelo menos um rosto amigo, por mais que eu não faça ideia de quem ele seja. — Seu nome é Christopher Uckermann, e nós trabalhamos juntos aqui.

— Aqui? Tipo no hospital?

— Aham. Você é um médico-cirurgião cardíaco. Um dos melhores, se me permite.

Uau. Por essa eu não esperava.

— E por que eu não me lembro disso?

— Você sofreu um traumatismo craniano. Aparentemente, ele gerou uma amnésia retrógrada — Ao reparar minha expressão confusa, ele explicou. — Esse tipo de lesão o impede de lembrar eventos que ocorreram antes do acidente, mas não afeta suas memórias após o incidente, nem informações corriqueiras. Ou seja, você não vai lembrar da sua vida pessoal, nem sua carreira, mas vai ter lembranças dos nomes dos objetos e ações do dia a dia.

Levei alguns segundos processando a enxurrada de informações, e fiz a pergunta que mais me incomodava.

— Quanto tempo ficarei assim?

— É difícil atestar. Podem ser horas, dias, semanas... — Deixou no ar, mas entendi que meses e anos também estavam na lista. — Devido à gravidade dos seus ferimentos, eu temia que isso pudesse acontecer. Sinto muito, não consegui evitar esse dano.

— Não é sua culpa — Minha resposta pareceu surpreendê-los. Dulce olhou para o Dr Alfonso, preocupada com alguma coisa. Ok, isso já ficou estranho. — Tá tudo bem, gente? Vocês tão me olhando como se eu fosse um alienígena.

Dulce apertou os lábios, tentando prender uma risada, enquanto o homem coçou a cabeça.

— É que... aliás, você...

— O que o Dr Alfonso quer dizer — Dulce interrompeu gentilmente — é que estamos contentes que você despertou se sentindo bem, apesar da falta de memória.

Seu sorriso aqueceu meu interior, e torci para os monitores cardíacos não denunciarem meus pensamentos também. Com isso, outra dúvida surgiu.

— Eu tenho alguém? Digo, sou casado? — Não sabia qual das respostas gostaria de ouvir.

— Não, você não tem ninguém — Quem replicou foi Alfonso, parecendo perdido em pensamentos.

— Também tentamos contato com os seus pais, mas ainda sem sucesso — Dulce comunicou, como se adivinhasse minha próxima questão. — Descobrimos apenas que ambos estão trabalhando para o programa Médicos Sem Fronteiras na Etiópia, onde o sinal de telefonia é quase inexistente.

Legal. Então quem vai poder me ajudar na recuperação física e mental?

— Mas não se preocupe com isso agora. Vamos focar na sua recuperação, fazer os exames necessários, encaminhar você para a fisioterapia... Logo, logo você ficará novinho em folha!

Alfonso sorriu, esperançoso, acreditava realmente em suas palavras. Foi impossível não sorrir de volta, o seu entusiasmo me contagiando. Percebi Dulce me fitando curiosa. Quando nossos olhares cruzaram, suas bochechas coraram, retornou aos seus afazeres, juntando alguns papéis, e saiu do quarto.

O homem, não notando nada estranho, continuou a falar.

— A previsão é que você ainda permaneça internado por mais algumas semanas. Precisamos avaliar os danos no seu cérebro, além das lesões físicas — Apontou para meu braço esquerdo engessado, e pediu licença para erguer um pouco a roupa hospitalar, revelando faixas em volta do meu peito. Ah, por isso senti dor ao tentar levantar!

— Dr Alfonso, tenho que dar banho no paciente para encerrar meu plantão — Dulce retornou, carregando um carrinho com alguns objetos, como toalhas, gases, faixas, sabonetes e outros produtos de higiene.

— Ah, sim, claro. Fique à vontade. Christopher, se necessitar de qualquer coisa, pode pedir para me chamar, tanto a mim quanto à Dulce Maria. Nós dois estamos por dentro do seu caso, e a Dulce aqui cuidou de você praticamente todos os dias desde o seu acidente.

Quase não prestei atenção em seu discurso, pois no momento me preocupava com outra coisa. Ela disse que vai me dar banho?! 


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Olá!
O cap de hoje foi mais curtinho, mas prometo que os próximos serão um pouco maiores!

Estou ansiosa para saber o que estão achando!!

Um Novo Começo com Você - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora