🥀 Capitulo 1 🥀

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SEGREDOS NO CONFESSIONÁRIO: 🌹🦋

Você sabe, dizem que temos que ser boas pessoas para que nossas vidas funcionem direito. Minha mãe repetia isso para mim e para meu irmão desde que éramos pequenos. A mesma ladainha, dia após dia, mesmo com a vida adulta me pesando nos ombros, ela continuava com esse discurso moralista, como se ainda fôssemos aquelas crianças sentadas ao redor da mesa. "Se não tomar cuidado com seus defeitos, quando morrer não terá a salvação," ela dizia. Quando era mais jovem, eu até achava isso assustador. Mas hoje, essas palavras apenas ecoam com um peso irritante na minha mente. Odeio esse dilema. "E se eu tiver defeitos demais? Sou uma pessoa má por isso?" Não importava quantas vezes eu refletisse sobre isso, a resposta nunca era clara. Talvez, no fundo, eu estivesse falhando em ser o "bom filho" que ela sempre esperava.

"Me perdoe, padre, pois eu pequei..." O murmúrio suave de Dona Neide quebrou meus pensamentos. Estávamos no confessionário, e seu sussurro me trouxe de volta ao presente com um leve incômodo. Eu estava ali para ouvir seus pecados, mas a verdade era que a última coisa que eu queria fazer naquele momento era ouvir qualquer coisa. Eu estava de mau humor. O dia tinha começado errado e só parecia piorar com o passar das horas. Meus olhos piscaram pesadamente, tentando disfarçar o cansaço e a irritação.

Dona Neide era, na verdade, uma pessoa de bom coração. Ela sempre vinha a igreja pontualmente, sua presença era constante e dedicada, como alguém que se apegava firmemente à fé para compensar os pequenos erros que cometia. Sorri para ela, mas o sorriso era forçado, um reflexo automático. Minhas emoções estavam em outro lugar, longe dali.

Enquanto ela falava, comecei a tentar adivinhar o que ela teria feito desta vez. Qual seria o pecado? Talvez algo relacionado ao vizinho barulhento? Ou quem sabe, algum pequeno deslize no mercado? As confissões de Dona Neide raramente eram chocantes, e eu já estava acostumado a ouvir os mesmos pecados repetidos semana após semana.

Mas quando eram chocantes, ela sempre me encabulava. Alguns dias antes, Dona Neide tinha me confessado algo que, por mais que eu tentasse, não consegui esquecer. Ela me contou, com a voz embargada de mágoa, que havia pego o marido traindo-a pela terceira vez. Terceira vez! O que ela fez como vingança, no entanto, foi o que me deixou sem palavras. Com a calma de quem narra um dia comum, disse que esperou ele dormir e então passou pimenta na bunda dele. Sim, pimenta. Eu quase não consegui me conter naquela ocasião. 

Por mais que a situação fosse, tecnicamente, errada, eu não conseguia parar de rir da imagem mental. O homem se contorcendo de dor, correndo para o hospital... Eu sei, sei que rir de algo assim deve ser um pecado. Mas, às vezes, é difícil manter a seriedade quando situações absurdas como essa aparecem. Será que o novo pecado conseguiria superar o da pimenta? Porque, sinceramente, até hoje, aquele tinha sido o meu favorito entre as confissões de Dona Neide. 

Foi então que Dona Neide me surpreendeu com algo que fez o pecado da pimenta parecer insignificante. "Padre, eu cometi um pecado horrível," começou ela, com aquela voz baixa e grave que antecede uma bomba, as palavras que saíram da boca dela me fizeram perder a noção por um segundo. "Eu... dormi com a mulher do meu vizinho."

Eu pisquei várias vezes, confuso. "Sério?" A palavra escapou dos meus lábios sem pensar, e percebi que havia praticamente me levantado do banco do confessionário, sentindo uma mistura de empolgação e choque. Meu tom definitivamente não era o mais apropriado para a situação, mas não pude evitar. Essa confissão era inesperada. "Você... dormiu com a mulher do seu vizinho?" repeti, ainda incrédulo.

Ela confirmou, baixando os olhos e suspirando, como se estivesse realmente arrependida. "Sim... e estou me sentindo muito culpada por isso." A sinceridade em sua voz bateu em mim como um soco suave.

O Pecado Do FreiOnde histórias criam vida. Descubra agora