Assim que eu conheci a Naiara, eu sabia que tinha alguma coisa diferente nela que me chamaria a atenção e seria marcante de alguma forma. Posso estar sendo piegas ou clichê, mas acho que tudo começou com o jeito como ela me olhava. Acho que eu devo ter ativado o gaydar dela muito antes dela ativar o meu.
A gente se conheceu no bar do lado da faculdade. Toda sexta era uma boa desculpa para não ir para dentro do prédio e passar um tempo reclamando da vida, bebendo e jogando conversa fora. Ela fazia curso de administração, enquanto eu era do grupo do "bucetil" (como ela mesma dizia) do secretariado. E como vocês podem imaginar, o nome vem do fato de que o curso tinha 99% de mulheres. Do meu lado, eu dizia que ela era genérica, porque não há curso mais genérico do que adm.
Não vou entrar aqui nos pormenores de como a gente percebeu que o papo aleatório foi ficando mais quente, mas posso dizer com absoluta certeza que a bebida contribuiu pra isso. Em um dos dias em que apenas garotas estavam matando aula, a conversa que era apenas uma farra ficou quente, com trocas de descrições sobre práticas e ensinamentos de sexo. Foi quando ela disse que era lésbica. Embora desse pra desconfiar, como eu disse, eu não percebi de imediato. Falei que era bi, e ela disse que tinha certeza desde quando me viu. O restante da mesa deu risada.
Alguns dias depois, a gente acabou se encontrando na saída da facul e dividimos um guarda-chuva até o ponto de ônibus. Ela cheirava melhor do que eu me lembrava. Já havia uma leve tensão entre a gente, e contrariando todas as expectativas, eu dei o primeiro passo e roubei um selinho dela. Ganhei como resposta um "até que enfim". O problema é que ficou só nisso porque o ônibus dela chegou e ela me deixou ansiosa pra caralho se aquilo era só brincadeira dela ou não.
Só fui saber algum tempo depois que não, quando ela me roubou outro selinho no meio da biblioteca e eu a encarei surpresa. Naiara me olhou com deboche: "ué, você que começou!". Dei risada, mas o modo "tímido" entrou no nível hard. Ela me acalmou e disse que tudo bem se eu não quisesse mais aqueles momentos. Tímida, porém não maluca, eu disse que eu tinha curtido. A partir daí não demorou pra gente sair juntas e iniciar uma amizade colorida. Mas esse relato não vai falar de alguma transa comum que Naiara e eu tivemos, e sim uma que me marcou tanto que desenvolveu um fetiche.
A gente devia estar juntas há uns dois meses, e já tínhamos nos chupado e nos comido algumas vezes. Naiara não assumia apenas o papel de ativa, o que tornava nossa relação sempre uma surpresa, pq ela mudava da água pro vinho de uma transa pra outra: ou ela tava sedenta pra me foder sem piedade, ou ela gemia e se esfregava manhosa pra que meus dedos ou minha língua a fizessem gozar. No começo, ela dizia que mesmo quando eu era a ativa, ficava fofa observando ela me dando. Eu ficava me comparando com ela pra ver se atendia a expectativa que ela tinha nessas horas, e isso me atormentou por um tempo. Mas isso é paranoia minha. Naiara era uma lésbica que dizia as coisas na cara, então rapidinho ela cortou a minha insegurança.
Estou divagando de novo, pessoa que me lê. Vamos ao fato que me levou a escrever esse conto e do qual despertou o fetiche que comentei há pouco.
Era um fim de semana bem sem graça. Tanto Naiara quanto eu estávamos sem dinheiro, mas queríamos nos divertir. Ela me chamou pro apto dela, que ela dividia com umas garotas (e que depois fiquei sabendo que ela já tinha comido metade) e eu fui, pensando que seria uma tarde/noite de comidinhas, carinho, algum filme qualquer e talvez um sexo gostosinho, e que acabaria com a gente dormindo na cama dela. Quando cheguei, descobri que apenas Naiara estava ali. O que descobri também era que ela estava no modo "vou te foder todinha". Fui recebida com beijos, abraços e pegadas mais violentas do que as comuns. Não que ela não me pegasse com vontade na maior parte das vezes, mas daquela vez, os tapas na bunda arderam mais que o habitual.