50 - Theater

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Jennie's Pov...
[20/07/2021]

— Por que não podemos assistir outro? - Questionei quando Lisa disse que iríamos assistir um filme de terror.

— Porque eu quero esse.

— Ah, entendi. - Fiz que sim com a cabeça e sorri. — Você quer que eu fique assustada pra poder me esconder em seus braços, que nem aqueles filmes clichês. - Falei da maneira mais dramática possível.

— Ah, cala a boca.

— Admite. - Empurrei seu ombro quando a fila andou. Ela riu, acho que estava tentando disfarçar. Compramos os ingressos e entramos na sala de cinema.

— Vamos perder os trailers. - Essa foi a resposta dela quando eu perguntei por que não íamos comprar pipoca. — Cala a boca e se senta. - Ai, ela é um amor de pessoa. Dei o dedo do meio pra ela e me sentei na poltrona do cinema.

— Como se eu fosse enxergar alguma coisa. - Reclamei. Ela olhou pra mim de saco cheio, esperava ser na ironia. — Por que pegou assentos tão longes da tela? - Ela se sentou – ou melhor, se jogou – na poltrona e me olhou.

— Para de reclamar. Foi você quem pagou? - Fiquei calada, porque realmente não foi eu. — Pois é, então caladinha. - Se confortou e olhou para frente. Seria melhor se eu estivesse em um daqueles filmes pornô, onde eles fazem de tudo menos assistir ao filme. Estamos muito isoladas aqui, me peguei pensando. Por que tão longe de todo mundo? Eu a olhei, com medo na expressão. Estava parecendo tão inocente enquanto assistia àqueles trailers. — Vai começar.

— Ah, que legal. - Acho que ela pensou que eu estava desse jeito por causa do filme. Mas não, eu estava desse jeito por causa dela. E se ela decidisse começar a comer o meu cu? Estava tudo escuro, o som estava alto e estávamos isoladas naquela área. Tudo era possível ali.

No decorrer do filme, eu a olhava, me certificando de que ela estava normal, se não estava excitada e nem nada desse tipo. Acho que ela tinha notado isso, mas não ligou, ou estava disfarçando muito bem. Até que o filme não estava sendo tão assustador. Fui ver a hora e não tinha se passado nem 20 minutos desde que o filme começou – por isso não estava assustador.

— O que você tem? - Ela me olhou e sussurrou. Não entendi o motivo do sussurro; estávamos a sós, não iríamos atrapalhar ninguém. Murmurei um "nada" e olhei para o telão, vendo o filme de época que estava passando. Por que pessoas de filme de terror são tão burras? A casa pode parecer bonita, mas ela está no meio do nada. Sem contar a família que morou ali antes da casa ser reformada e pintada de azul bebê. As aparências enganam. As aparências... Olhei para Lalisa. Estava tão normal e feliz por estar assistindo ao filme que nem parecia ter me obrigado a dizer que eu era dela. Acho que nunca acreditei tanto em "as aparências enganam" quanto estava acreditando agora.

— Não! - Gritei quando a menina entrou no porão da casa. — Que gente burra do caralho. - Diminuí o tom de voz. Lalisa olhou pra mim e riu. Foi quando ela subiu o braço que separava as nossas cadeiras, fazendo parecer um pequeno sofá. Meu Deus. Agora nada nos separava.

— Eu não sou um bicho, não mordo... A não ser que você queira. - Ah, que piada hilária, me deixou com mais paranoia. — O que deu em você? Está com medo do filme? Vem aqui nos meus braços que nem aqueles filmes clichês. - Ela me puxou para si à força, me abraçando.

— Tá, já entendi. - Ela parou. — Vamos assistir. Nós pagamos para isso.

Eu paguei pra isso. - Dei um tapa na sua coxa, fazendo ela rir. Ela me apertou um pouco mais, e voltamos a assistir o filme. Estava confortável, até. Mas aí ela tirou o braço que estava em volta do meu pescoço e o colocou na minha coxa. — Desculpa. - A escutei sussurrar antes de tirar a mão dali.

— Eu não achei ruim. - Coloquei sua mão de volta. Me aconcheguei em seu ombro e ficamos ali, assistindo à pessoas sendo burras ao ponto de não chamarem um padre pra benzer aquela casa depois de filmarem espíritos. Até que apareceu um cena de... sexo? Ah, é claro, claro que tinha que ter sexo, né? Porque filme de terror tinha tudo a ver com duas pessoas transando. Talvez alguma delas iria morrer; não teria outro motivo pra ter sexo senão isso.

— Você adora esse tipo de cena. - Sua voz soou tão de repente que me deu até um susto.

— Teu cu. - Falei. Era verdade, mas nem tanto. Adorava quando eu fazia esse tipo de cena com ela. Sua mão apalpou a parte interna da minha coxa. — O quê? - Sussurrei para mim mesma quando vi o que tinha entre suas pernas.

Estava pensando em nós duas. Imaginando nós ali. - Dei um tapa no seu braço para ela parar de falar.

— Então quando você assiste pornô, você pensa em mim?

— Quem disse que eu assisto pornô?

— Ah, claro. Como não pensei nisso antes? Você está muito ocupada transando para poder assistir a um vídeo pornô. - Ela tapou minha boca com a mão, ficando tão perto que me fez gelar.

— Por que você não cala essa sua boquinha e assiste o filme? - Ela tirou sua mão da minha boca lentamente. Sem pensar me aproximei e selei os lábios dela rapidamente. A mulher gemeu ao fundo, mas do nada tudo ficou em silêncio e só tinha nós duas naquela sala de cinema.

— Desculpa.

Eu não achei ruim. - Ela não cansa de me imitar, não? Não sabe ser original? Ela pegou em meu pescoço e me beijou com vontade. Seus beijos pareciam ficar cada vez melhores, eram tão bons que eu era capaz de nunca me acostumar. O beijo ficou muito sério muito rápido, mas sabíamos que não podíamos passar disso. Eram só beijos. Beijos com tanto desejo e desespero que dava vontade de fazer algo a mais, gemer que nem a mulher ao fundo.

Senti a sua mão me puxando para cima e me sentando em seu colo. Podia sentir sua ereção entre minhas pernas, o quão duro ela estava, mas não podia fazer absolutamente nada. Era quase como negar doce de criança. Mas sabíamos disso quando começamos a nos beijar. Sua mão em meu quadril ditou um ritmo para eu me remexer, e eu o fiz sem hesitar. Por que beijos se tornavam tão bons com ela?

A melhor coisa em beijá-la era poder ter ela só pra mim, ter ela na palma da minha mão como se fosse uma bolinha. Ter sua língua contra a minha, seu corpo contra o meu. Com ela simplesmente tudo é incrível. Coisas simples se tornam especiais com ela. Podia até ser clichê, mas eu não ligava. Gosto de clichês e romances que nunca aconteceriam na vida real. Mas não quer dizer que nenhum romance aconteceria comigo. Será que eu estava vivendo um daqueles romances pornôs? Onde 90% do livro era sexo e desejo, 5% briga e os outros 5% amor e coisas boas?

just friends... right? - jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora