Two

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Faz três dias que estou preso dentro desse apartamento, alguns repórteres ainda permanecem na calçada esperando que eu saia. Torcendo para que eu cometa um deslize e alimente mais os noticiários.

Eu preciso sair. Ver gente. Caminhar pelas ruas. Visitar lugares que estou com saudade. Mas também estou com medo. Eu nunca liguei muito para o quê pensam de mim, mas desde que o avião tocou o solo coreano tenho pensado demais nas pessoas que deixei pra trás.

Todos conhecem o Min Yoongi do passado. Esse não existe mais. O Min Yoongi de agora é um fracassado. Uma decepção.

Estou a ponto de surtar.

Eu bem que poderia surtar. Às vezes tenho vontade de fazer isso. Mas mostrar esse lado para algumas pessoas me deixa envergonhado, principalmente Namjoon e Jungkook que não merecem isso.

Mas estou enlouquecendo trancado aqui.

Os meninos me trouxeram bastante comida, estão sendo gentis em fazer isso mas quero ir num Starbucks, comer porcaria. Visitar o restaurante do Jungkook.

Quem diria que ele teria seu próprio negócio. Recordo dele me enchendo o saco pra ensinar a tocar piano e violão, só que eu nunca tive paciência pra ser professor. E no final as aulas acabavam em mãos bobas e suspiros.

Ver Jungkook sair por aquela porta foi muito mais difícil do que eu pensava. Talvez ele tenha sentido a mesma coisa quando me viu embarcar num avião que me levaria para o outro lado do mundo. 

Ele parece ter superado tudo. É melhor assim.

Minhas mãos estão tremendo. Meu organismo está implorando por algo forte. A abstinência das substâncias que costumava usar está começando a mexer com meu sistema nervoso.

Vou até o banheiro e busco no armário o frasco que contém pílulas para dor de cabeça, viro na mão três comprimidos, e paro antes de colocar na boca.

O quê que eu tô fazendo? 

Essa foi a primeira vez que eu pensei antes de ingerir algo que sei que vai me fazer mal. Jogo os comprimidos e o frasco dentro da pia e saio do banheiro.

A campainha toca três vezes seguidas e rápido.

É o toque que Namjoon e eu combinamos. Assim evito atender algum repórter, dois dias atrás um se passou por entregador e acabou batendo na minha porta.
Mesmo assim a abro com cautela e me deparo com quem não esperava.

Jungkook segurando na mão um capacete, e na outra umas sacolas.

Eu não sei como vou sobreviver com isso?

Ele está tão alto e o fato de estar usando uma jaqueta
de couro preta o deixa bem... irresistível.

Mas não é só isso. Não é apenas um detalhe. É tudo em relação a ele. Não há como esse cara passar
despercebido. Nem em uma imensa multidão ele deixaria de ser notado.
Seu cabelo está no comprimento dos ombros. É a primeira vez que vejo eles soltos assim.

E aquele maldito piercing? Não têm como resistir!

E como sempre, o simples fato de vê-lo faz meu estômago dar voltas. Sua simples presença me toca. Não há como negar.
Respiro fundo e afasto essas sensações para conseguir raciocinar.

Sorrio para ele, embora saiba que é um sorriso nervoso.

— Oi hyung, eu trouxe um pouco de comida do meu restaurante. Espero não estar te incomodando. 
— Tímido ele levanta as sacolas. O cheiro de comida me atinge em cheio. Fecho os olhos e suspiro lenta e profundamente. — O quê você acha de me deixar entrar e aí você come tudinho o quê eu te trouxe hyung?

Amor, Acordes e Renúncias | Yoonkook Onde histórias criam vida. Descubra agora