Sky

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Ponto de vista do Porchay

Em parte eu sei que estou feliz por estar em casa finalmente, pois os dias no hospital foram tão ruins quanto o tempo naquele lugar, pois eu não conseguia me sentir como se fosse eu mesmo dentro do meu corpo. Eu apenas me sentia ainda mais vazio, e mesmo quando não queria parecer aéreo a tudo, eu ainda me sentia assim.

Agora estava em casa e decidi que não iria sair daqui a menos que fosse muito necessário, pois eu não queria estar em nenhum outro lugar mais. Eu não sei se algum dia teria forças para voltar a faculdade, pois eu provavelmente estaria ferrado psicologicamente por um bom tempo. Era horrível pensar que mesmo com todos esses ferimentos sumindo, eu ainda teria tudo preso em minha cabeça. Eu apenas queria minha voz novamente, pois eu não aguentava mais não poder contar ao Porsche ou ao Kim como estava me sentindo. Era horrível continuar me sentindo preso.

Eu fechei a janela do quarto mais cedo, e agora estava um pouco escuro aqui, porém não importava muito. Na rua tinha esses barulhos que me incomodavam muito, pois eu ainda tinha a sensação de que seria puxado de volta para aquele pesadelo do qual eu ainda não parecia ter conseguido fugir totalmente.

Porsche não estava comigo agora e eu estava tentando conter minha vontade de ir atrás dele, pois eu realmente não aguento mais estar sozinho. Eu tinha que aprender a ser como antes, pois antes que tudo isso acontecesse, eu não ficava atrás do meu irmão o tempo inteiro, mas agora eu não queria ficar sozinho. Talvez em algum momento Porsche se irritasse com isso, mas eu não tinha escolha.

— Eu achei a Lily lá embaixo. — Ouvi a voz de Porsche e sorri por saber que eu não precisaria descer para ir atrás dele. — Você agora sorri sempre que me vê.

Ele brincou vindo até a cama e eu mal dei tempo para ele sentar, pois já estava o abraçando antes disso. Sempre me senti seguro nos braços do Porsche, e agora parecia me sentir mais seguro do que antes.

— Certo, acho que agora eu não sou o único a te forçar a me abraçar. — Ele disse rindo e eu me afastei sorrindo. Estava sorrindo mais vezes desde que voltei para casa. Eu sempre sorria enquanto brincava com Hope ou quando Kim estava aqui comigo. E com Porsche não poderia deixar de sorrir, pois ele estava pertinho o tempo inteiro. — Eu vou ter que sair bem rápido.

Meu sorriso sumiu, pois sei que agora ficaria sozinho e eu não gostava disso. A solidão sempre me obrigava a pensar em tudo que aconteceu. E minha mente revivia aqueles momentos com tanta força que eu parecia estar preso lá novamente.

— É bem rápido. — Ele se aproximou beijando a minha testa e eu o afastei. — Porchay, eu preciso resolver algumas coisas, mas eu não vou demorar.

Me encostei no travesseiro e tentei não sentir vontade de chorar, pois odiava parecer tão sensível. Se Porsche dizia que precisava sair, eu queria chorar, se Kim ia embora eu também queria chorar, e isso era muito injusto e ridículo ao mesmo tempo. Minha cabeça precisava entender que as pessoas não estavam aqui para ficarem grudadas em mim o tempo inteiro.

— A Lily vai te fazer companhia enquanto eu não volto. — Ele disse colocando Hope em cima da cama. — Não fica com essa carinha, filho.

Porsche agora parecia amar me chamar de filho, e para mim não fazia diferença já que ele era mais meu pai do que nosso pai. Eu gostava de ser o filho do Porsche, e do quanto ele estava se esforçando para que eu me sentisse bem em casa, mas eu não queria ficar só.

— Enfim, está tudo bem! — Ele me deu outro abraço seguido de outro beijo na testa e foi até a porta, e eu queria muito pedir que ele ficasse. — Eu não vou demorar mesmo, e quando voltar nós vamos assistir filme enquanto tomamos sorvete.

I'll Stay Here | Kim + Porchay |Onde histórias criam vida. Descubra agora