Almas Gêmeas

✠°•°CAP |35|°•°✠

Hawks nem precisou sair do carro e abrir a porta para sua chefe, a ômega saiu sozinha com um olhar furioso. Rei entrou no Gentleman e o viu lotado como sempre. Os funcionários lhe miraram com olhares de admiração e com sorrisos amigáveis. Sorrisos que ela não retribuiu.

— Senhora, precisa de algo? - indagou um dos funcionários se aproximando.

— Chame Tobita, agora. - exigiu em tom frio.

— E-ele está ocupado na cozinha, mas pode esperá-lo no es...

— Eu disse, agora. - frisou erguendo as sobrancelhas. — Estarei no escritório. - o homem ficou nervoso sobre o olhar dela e anuiu com a cabeça antes de ir.

Atravessando o restaurante, a ômega se dirigiu até o escritório no segundo andar. Não cumprimentou ninguém no caminho e seu olhar irritado manteve os demais longe. Normalmente era uma mulher doce e calma, mas isso mudava quando alguém fazia mal para sua família, isso era inaceitável. Tobita teria que se explicar imediatamente. Chegando no escritório, respirou fundo para tentar pensar com clareza e não fazer algo por impulso. A raiva não ajudava em nada. Em poucos instantes, Tobita apareceu.

— Senhora Todoroki, que surpresa agradável. - falou o beta com um sorriso largo. Ele se aproximou e sentou na poltrona de frente para Rei. — Quer algo para beber? Algo para comer?

— Não, serei breve para não tomar tanto o seu tempo. - respondeu cruzando as pernas e descansando suas mãos sobre o joelhos em uma pose elegante. Ainda usava seu casaco de pele de urso, decidiu não tirá-lo, pois logo sairia.

— Por mim não há problemas, em que posso lhe ser útil?

— Lembra quando meu filho caçula veio aqui com o namorado almoçar? - começou a ômega com seus olhos tempestuosos.

— Claro, eles comeram bastante. Mei também estava com eles. - lembrou Tobita.

— Você ofereceu um prato especial para Katsuki, disse que havia feito especificamente para ele. E descobri que no dia seguinte isso causou uma infecção forte nele. Hoje ele comeu o mesmo prato, mas foi comprado por outra pessoa aqui no seu restaurante, Katsuki provou e disse que o sabor era completamente diferente. - com sua voz aborrecida e o olhar sombrio, Rei se dirigiu ao beta. — Se explique.

Dando de ombros, Tobita fez um gesto de pouco caso ao assunto.

— Querida, sabe que cada pessoa faz pratos de uma maneira diferente. Pode comer o mesmo prato várias vezes, mas ainda sim não vai ter o mesmo sabor se feito por pessoas diferentes. É normal, eu nem sempre fico na cozinha. Sinto muito que o tempero tenha lhe feito mal, peço mil desculpas. - falou ele desviando o olhar com um sorriso tenso.

— Não me chame de querida. - rosnou assustando Tobita. — Foi você quem fez os dois pratos, como pode eles terem um sabor tão distinto? - Rei notou o beta coçar a nuca e suspirar cansado. — Antes que me fale outra mentira, quero saber o motivo de ter feito isso, pois aquele ômega estava grávido quando comeu aquilo e adoeceu. Entende o que fez agora? Machucou meu genro que carrega meu neto.

Tobita ficou pasmo e a cor fugiu de seu rosto. Ficou cabisbaixo, não conseguia manter o olhar de Rei e parecia extremamente envergonhado. Mas a ômega estava sem paciência, então começou a bater com o pé no chão fazendo um barulho irritante e aumentando a tensão do ambiente.

— D-desculpe, eu posso explicar.

— Eu quero a verdade.

Com os olhos brilhando com culpa e desespero, Tobita jogou o cabelo para trás suspirando alto. Rei não entendia, nunca deu motivos para que ele fizesse tal coisa. Fazer aquilo com seu genro de forma intencional, e podendo causar danos graves a Katsuki e ao seu bebê. Imperdoável.