Mudanças

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Não podia deixar aquilo tomar conta de mim, não daquela forma e principalmente considerando que em dois dias eu nunca mais iria vê-lo. Olhei pela janela do ônibus tentando focar em outra coisa.

Desci do ônibus já sentindo meu coração acelerar. Era a hora de saber se a minha mãe tinha ou não descoberto o Hayai...

Abri a porta cautelosamente, olhando ao redor sem localizar ninguém. Nem a Kimi estava no seu habitual lugar na estante. Andei a passos lentos em direção ao quarto e encontrei Kimi na minha porta, agitando o rabo vigorosamente enquanto mirava a fresta de baixo. Nenhum sinal da minha mãe.

Afastei a Kimi gentilmente e entrei no quarto. Hayai havia feito uma zona no quarto, espalhado meus cadernos e rasgado algumas folhas. Peguei ele no colo, encarando o culpado.

- Parece que alguém se divertiu na minha ausência. – Sussurrei.

Juntei a bagunça rapidamente e deitei na cama, contemplando o teto. Tinha algumas atividades da faculdade para fazer, mas não estava com a menor vontade e disposição.

De repente, uma batida na porta. Congelei.

Coloquei Hayai dentro do banheiro rapidamente e fechei a porta. Respirei fundo e abri a porta.

- Chegou mais tarde hoje... – Minha mãe apoiou uma das mãos no meu ombro.

- É. A atividade demorou um pouco mais. – Instintivamente dei um pequeno passo para trás.

- Ouvi alguns barulhos estranhos no seu quarto, quis entrar para ver o que era, mas estava trancado... – Ela falou esticando o pescoço para além de mim.

- Sério? Que estranho... – Dissimulei.

- Sim... posso dar uma olhada? – Falou, já entrando no quarto, para o meu desespero.

Acompanhei minha mãe com os olhos, nervosa demais para fazer alguma coisa. Torci para Hayai não aprontar nada dentro do banheiro.

- Tive quase certeza de ouvir barulho de papel sendo rasgado, Miyu. – Falou enquanto olhava embaixo da cama.

- Será que não foi lá fora? – Tentei, não custava tentar.

- Não. Foi no seu quarto. Podem ser ratos e você tem essa mania de comer no quarto. – Ela estava muito séria.

- Verdade. – Não conseguia pensar em uma saída.

- Será que veio do banheiro? – Ela perguntou, ainda ajoelhada.

- Acho que não! Acabei de sair de lá e não tinha nada! – Falei atropeladamente.

- Miyu... não está escondendo nada, está? – Ela ergueu uma sobrancelha enquanto andava em minha direção.

- Não mãe, tudo normal. – Tentei manter minha expressão completamente calma.

- Ok. Me avise se vir algo estranho, alguns vizinhos têm visto ratos e gambás por aqui. – E saiu do quarto.

Suspirei profundamente me jogando na cama. Mesmo que já tivéssemos a Kimi, minha mãe tinha sido bem clara sobre não querer outro animal em casa. Nós não tínhamos um bom diálogo então minhas expectativas sobre a adoção do Hayai eram as piores possíveis.

Abri a porta do banheiro e Hayai, todo inocente, percorreu o quarto correndo rapidamente e depois se acomodou no meu colo, mordendo a minha mão pedindo carinho. Ele era de fato muito amável e àquela altura eu já não me imaginava mais sem ele de forma alguma.

Passei o resto da tarde dedicada as atividades da faculdade e o dia passou rápido. Volta e meia o pensamento em Keisuke voltava e era difícil afastá-lo. A visão dele me desconcertava completamente, seus olhos felinos, o olhar profundo e penetrante, seus cabelos longos e pretos que caíam sobre o rosto sensualmente, seu corpo definido e musculoso e sua atitude rebelde e desafiadora. Tudo nele parecia me atrair magneticamente e eu me sentia indefesa perto dele.

Prenda-me. - Keisuke BajiOnde histórias criam vida. Descubra agora