Eles pousaram a nave no mesmo descampado, mas em uma Terra diferente.
– Espere um pouco – disse Douglas – Se estamos em um universo paralelo, então eu não vou encontrar com uma versão de mim mesmo? Algo ruim não pode acontecer, se eu encontrar comigo mesmo? Tipo, o colapso da galáxia?
Gilly o tranquilizou:
– Não se preocupe. Nós fizemos algumas pesquisas e nos asseguramos de encontrar um universo em que você não tenha nascido.
– Ah!
– Vamos, precisamos comprar algumas coisas.
Foram direto para o centro da cidade e entraram em uma loja de departamento. Precisavam comprar roupas novas para Douglas.
– E toalhas – Gilly completou.
– Toalhas?
– Sim. Você não leu o artigo sobre toalhas no Guia?
Não, não lera. Compraram a toalha.
Eles passaram em uma banca de jornal e Douglas comprou a edição do dia do Times. Mas não houve muito tempo para lê-lo com cuidado. Ele apenas viu uma nota sobre um urso e um leopardo que escaparam do Zoológico Municipal. Foi quando a bomba de fumaça explodiu.
Douglas não conseguia ver absolutamente nada através da densa fumaça cor-de-rosa. Ouviu Gilly gritar:
– Douglas! Onde você está?
– Aqui!
Seus olhos estavam lacrimejando e uma crise de tosse já se iniciava. Douglas pegou a sacola, retirou a toalha e enrolou-a ao redor da sua boca e nariz, para proteger da fumaça. Saiu correndo através daquele véu cor-de-rosa. Pessoas corriam feito loucas em todas as direções, crianças choravam procurando por suas mães e as mães gritavam desesperadas porque aquilo poderia estragar seus penteados. Por fim, Douglas conseguiu escapar, mas viu-se encurralado em um beco. Quando deu meia volta, deparou-se com o Sr. Terno Listrado.
– Olá, Sr. Adams. Há quanto tempo.
Douglas instintivamente pegou sua toalha, enrolou-a em forma cilíndrica, esticando-a na sua frente.
– Não se aproxime! Eu tenho uma toalha e não tenho medo de usá-la.
– Quer dançar? – E retirou dois chacos do terno – Eu quero uma polca!
Douglas engoliu em seco. Thienk fez uma curta demonstração de habilidade com os chacos e depois avançou feito uma porra louca. Douglas usou sua toalha para defender o primeiro golpe e se abaixou na hora certa, desviando do segundo. Fez uma finta girando nos calcanhares e acertou uma toalhada no traseiro de Thienk.
– Rá! Jamais duvide do poder da toalha!
Então sentiu uma pancada na sua cabeça e desmaiou.
Pela primeira vez em três dias ele se sentiu mal quando acordou e não viu o dinossauro. Pior ainda, se sentiu mal por que acordou não em uma cama confortável, mas amarrado a uma cadeira com as mãos atadas para trás, dentro de um banheiro público fedido – como sempre são os banheiros públicos. Para completar, sentia uma terrível dor de cabeça e não tinha nenhum analgésico por perto.
Olhou em volta. A porta estava entreaberta e notou algumas latas de tinta, algumas tábuas encostadas na parede e uma escada. O mais estranho, porém, era o velho arquivo abandonado dentro de um dos banheiros.
– Então, Sr. Adams. - Thienk falou, surgindo das sombras. – Está pronto para me dizer qual é a Resposta?
– Eu já lhe disse, eu não sei qual é esta Resposta que vocês tanto querem saber. Eu não sei qual é a Resposta para a Pergunta.
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Quarenta e dois
Historia CortaEste conto foi escrito por mim especialmente para o Dia da Toalha e foi postado originalmente no site do Clube de Autores de Fantasia, como uma homenagem ao Douglas Adams. Estou disponibilizando aqui e no Widbook para que mais pessoas possam lê-lo...