A péssima ideia

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Quando os dois tracinhos surgiram naquele teste de gravidez, Tweek sentiu seu coração sair pela boca. As mãos e corpos trêmulos, o olhar mareja, arregalado e as piscadas involuntárias se intensificaram.

Aquilo não podia estar acontecendo.

— Querido! Não vá se atrasar! — Linda, sua mãe, o chamou com duas batidinhas na porta.

— T-Ta mãe, já... arg já vou!

Ele disse, enquanto escondia o teste de gravidez dentro da fronha de travesseiro, onde outros sete testes antigos estavam. Tweek se levantou inspirando e expirando com intensidade, tentando se acalmar, pensando em como ele sairia dessa confusão. Ser Ômega era uma merda, ele pensou apertando os olhos, segurando para não chorar.

Após um café da manhã silencioso, diferente do normal, com apenas Tweek dizendo mais de dez vezes para Linda e Richard que ele estava bem. Tweek saiu mais do que depressa de casa, a caminho da faculdade.

Estudava gastronomia na UniSouthPark, universidade que Tweek se esforçou para entrar, fazendo um ano de cursinho, o que resumiu em recusas de festas para ficar em casa e estudar ou trabalhar, economizando, para no fim, vitoriosamente conseguir 50% de bolsa. Como trabalhava na cafeteria dos pais, pagava uma parte da mensalidade e seus pais, outra. Finalmente conseguia conquistar suas coisas pouco a pouco, se acostumando com o maldito segundo gênero e com remédios para ansiedade que começavam a realmente diminuir os tics nervosos. Mas como dizia o ditado, "felicidade de pobre dura pouco".

No caminho para a faculdade, Tweek não conseguia evitar de pensar nos cenários onde essa gravidez acabava totalmente com seus planos de vida e seu mundo virava de ponta cabeça. Por isso, quando chegou, não conseguiu ficar nem cinco minutos dentro da sala de aula, sem começar a hiperventilar. Depressa Tweek saiu da sala, subindo as escadas de dois em dois degraus, com os olhos marejados cada vez mais, até que quando chega na pesada porta corta-fogo já estava em prantos. Ele abriu aquela porta que dava para o térreo com pressa e passou por ela, deixando a porta bater atrás de si.

— Q-Que susto, porra!

Alguém xingou, Tweek olhou em volta até que no parapeito viu uma certa figura ali parada. Era Craig, um garoto irritante do prédio vizinho da universidade. Tweek arregalou os olhos surpreso e limpou as lágrimas rapidamente com a manga da camisa verde de botões que usava, mas já era tarde, pois Craig apagava o cigarro na parede e jogava a bituca bem longe dali.

— Você 'tá bem, cara?

Tweek abriu os lábios para mentir e dizer que sim, estava tudo ótimo, mas aquela perguntou fez sua garganta fechar e as lágrimas voltarem ainda mais intensas. Agora com Tweek em pranto, Craig é quem estava surpreso, nunca havia visto Tweek chorando. Bom, estava certo que quando se encontravam o máximo que trocavam eram olhares debochados um para o outro. Não o conhecia o suficiente.

Craig olhou em volta, se certificando que não havia ninguém ali que pudesse ser melhor em consolar os outros, do que si, mas como já imaginava, eram somente os dois naquele terraço. Por isso, Craig se aproximou hesitante, tocando no ombro de Tweek. Que em instantes sentiu estranhamente a vontade e fragilizado, o que fez ele girar o corpo um pouco para cima de Craig, e no instante seguinte, Craig estava abraçando Tweek. Corado Craig o olhava de cima, vendo os fios loiros bagunçados e corpo trêmulo. E naquele instante, Craig sentiu um cheiro diferente, Tweek estava exalando feromônios?

Era um aroma de café recém feito de um dia ensolarado, se é que isso fazia sentido. Mas havia sido a primeira coisa que Craig pensou. Em seguida seus olhos se arregalaram levemente, já que isso significava uma coisa.

— Tweek... você é um Ômega?

...

Alguns minutos depois, com Tweek e Craig sentados frente a frente em uma das mesinhas do térreo, Tweek fungava, com olhos inchados de quem havia acabado de chorar.

Péssimas escolhas e péssimas ideiasOnde histórias criam vida. Descubra agora