one.

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Los Angeles, 1985.
point of view - Marie Nefertari Mckagan.

— Com licença, saberia me dizer onde fica- - eu tento falar com mais alguém porém como sempre passam e fingem que nem escutam.

— Está perdida? - vejo uma moça muito bonita, com a pele morena e cabelos negros lisos.

— Sim, eu acabei de chegar e eu só precisava de algum lugar para ficar, algum hotel barato pelo menos por essa noite. - eu falo.

— Não conhece ninguém daqui? - ela pergunta.

— O meu irmão, ele veio para cá faz uns dois anos, porém não sei onde ele mora e perdi totalmente o contato com ele. - eu falo.

— Bom, eu acabei de chegar de uma viagem e eu acho que posso te ajudar com isso. - ela fala simpática. — Qual é o seu nome? - ela pergunta.

— Marie Nefertari. - eu falo dando um pequeno sorriso.

— Nefetari? que sobrenome diferente e muito lindo. - ela fala surpresa.

— Ah não, não é o meu sobrenome, Nefertari é o meu segundo nome. - eu falo.

— Ah sim. - ela fala. — Meu nome é Sharon. - ela fala se apresentando.

{...}

— Não liga para as outras meninas, algumas são enjoadas. - ela fala abrindo a porta da casa.

Ela explicou a história dela e falou que ela é uma stripper e que ganha a vida assim, fazendo striptease.

Ela divide casa com algumas groupies do mesmo bar onde ela frequenta e com uns caras de uma banda, mas eles estão em uma mini turnê por Los Angeles e as redondezas.

— Não tem ninguém esse horário, já que é de noite e pela noite costumamos estar na rainbow que é o bar onde trabalhamos. - ela explica enquanto vai andando até algum cômodo da casa e eu vou a seguindo.

Chegamos em um quarto.

— Pode conseguir um emprego pra mim nesse bar? - eu pergunto.

Eu estava sem saída, era isso ou nada.

— Lá não é lugar para meninas como você, você é muito menininha. - ela fala.

— Eu não tenho saída, é isso ou eu morro de fome e fico sem teto. - eu falo.

— Você tem certeza? - ela pergunta receosa.

Eu confirmo com a cabeça.

— Amanhã eu levo você lá. - ela fala tirando as roupas de sua mochila e colocando em uma gaveta de um armário.

Eu estava com uma mochila e uma bolsa de mão normal.

— Pode deixar as suas coisas aqui do lado das minhas, ninguém vai mexer. - ela fala apontado para onde eu devia colocar.

Coloco as minhas coisas lá e as minhas costas agradecem.

— Quer comer alguma coisa? - Sharon pergunta.

— Eu aceito, to morrendo de fome. - eu falo e dou uma risada sem graça.

— Não tem muita opção aqui e com certeza se tivesse já teriam comido. - ela fala. — Mas tem um carrinho de lanche logo na esquina, quer ir comer lá? o lanche é bem baratinho. - ela fala.

— Tudo bem, podemos ir lá. - eu falo.

Tenho pouco dinheiro e eu tenho que saber regrar até eu conseguir um trabalho.

Mas eu acho que dá para comprar pelo menos algum sanduíche.

Saímos de casa e fomos descendo a rua.

A rua ela é bem movimentado até.

Chegamos no carrinho de lanche e tinha alguns rockeiros que nos comeram com os olhos só de chegar lá.

Pedimos o lanche e eu pedir o sanduíche mais barato que era um com a penas pão, carne, queijo e alface, mas tá mais que bom para quem fez a última refeição há umas doze horas atrás.

Comemos tudo, pagamos e logo fomos embora.

{...}

Acordo assustada com alguns barulhos e vejo que tem algumas mulheres que haviam chegado.

Olho para o despertador e ainda eram cinco e quarenta e cinco da manhã.

Como eu estava com muito sono eu me viro e durmo novamente.

— Marie, você ainda querer que eu leve você lá? - ouço Sharon me chamando.

Acordo novamente e olho para o relógio e marcava oito e meia da manhã.

— Huhum. - eu confirmo resmungando já que eu acabei de acordar.

Me desperto e Sharon se senta na minha frente.

— Tem certeza que é isso que você quer? - ela pergunta.

— Por que você está se preocupando tanto comigo? a gente não se conhece não faz nem vinte quatro horas e você já me deixou até ficar na sua casa e ainda está preocupada com o meu emprego. - eu falo ainda com muita dúvida nisso.

— Eu sinto que você é uma pessoa boa e que estava passando por necessidades e eu já estive no seu lugar, eu sei exatamente como é. - ela fala sincera. — Quando eu vi você parece que eu me vi há quatro anos atrás naquela rodoviária. - ela continua.

— Você veio de onde? se não quiser responder não tem problema. - eu falo para não ser muito invasiva.

— Eu vim de Santa Mônica... Minha história é meio complicada. - ela fala e da um suspiro em seguida.

— Qual é o horário que nós vamos lá? - eu pergunto para mudar de assunto.

{...}

— Tem experiências com o que? - o cafetão me pergunta.

— Eu... Eu nunca trabalhei com isso antes, então eu não faço ideia. - eu falo sendo sincera.

— Vá até o banheiro, fique apenas com as roupas íntimas e depois venha aqui. - ele fala apontando para o banheiro.

Eu não falo nada, apenas a minha cabeça fica totalmente confusa já que eu nunca fiz esse tipo de coisa assim.

Me levanto e vou até o banheiro para tirar a minha roupa.

Eu estava com um sutiã preto e uma calcinha bege.

Saio da sala e ele começa a me analisar.

Ele não esboça nem uma feição de malícia ou algo assim, creio que é porque já está acostumado.

— Você sabe dançar? - ele pergunta ainda me analisando.

— Fazia balé onde eu morava. - eu falo.

— Ótimo, já é um começo. - ele fala. — Já pensou em sair em alguma capa da playboy ou algo assim? você tem um corpo perfeito pra isso, os seios fartos, cintura fina, loira natural, olhos azuis... - ele fala.

Para um cara que trabalha nisso ele fala muito bem.

— Não, eu nunca pensei. - eu falo.

— Pois devia. - ele fala sincero. — Bom, você pode dançar no poledance, para ser mais direto, ser uma stripper. - ele fala direto.

— Quando eu começo? - eu pergunto.

Já que eu estou em uma cidade que ninguém me conhece, estou sem dinheiro, o que me resta é isso...

— Pensa em algum outro nome para você não usar o seu próprio por motivos de privacidades... E você pode começar amanhã pela noite. - ele fala.

— Ok, estarei aqui amanhã. - eu falo e logo me retiro.

— Como foi?! - Sharon me para assim que eu saio da sala do cafetão.

— Eu fui contratada e começo amanhã. - eu falo e em seguida dou um sorriso.

A minha vida ali em diante foi outra... Nunca imaginei que ia acontecer tudo isso assim que pisasse na tão famosa cidade dos anjos.

Marie Nefertari para o documentário: As mulheres por trás do Gun's N' Roses, 2010.

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