Prólogo

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Vitor Garcia

Passei a mão no rosto tentando tirar água acumulada que descia dele e me encostei na pilastra pra me livrar da chuva que estava.Minhas mãos tremiam tanto , talvez pelo medo ou talvez pelo frio.

Antes de eu sair de casa ouvir que se eu voltasse sem a grana ia apanhar até a morte. Sorri de lado me lembrando , quando é que eu não apanho até a morte ? Apenas nunca morri.

A rua estava leve movimentada e a todo momento passava alguém me encarando e julgando com o olhares.

A vida não para , na verdade ela nunca parou. Por um instante me lembrei de quando minha mãe era viva e me perguntei porque Deus levou ela e não eu.

Meu coração batia forte tão forte que eu podia jurar que estava ouvindo os batimentos dele. O medo e o desespero fica cada vez mais presos em minha garganta quando eu sentia aquele olhares sobre mim.

Meu estômago doía de fome e eu tentei me lembrar qual foi o dia que eu comi pela última vez. Talvez há três dias atrás.

Mal me lembrei que hoje eu completava meus dezoito anos. Portas na cara , oportunidades zeradas e culpabilizar o sistema nunca foi uma opção.

Minha infância desde sempre foi conturbada, até sinto muito em dizer que não sei o que é ser criança. Sempre vivi no meio termo entre apanhar e passar fome , algo diferente disso já estava fora da minha realidade. Inúmeras vezes pedi que uma bala perdida me acertasse , a vontade de viver era mínima desde quando cresci e comecei a perceber que minha vida seria um fiasco do início ao fim.

Comecei a rodar pela favela a procura de algum viciado pra comprar o que eu tinha em mãos. Cocaína e maconha.

Ele sempre arrumava alguma droga e me colocava pra vender escondido do comando. Claro se me pegassem vendendo isso quem ia de arrasta pra cima era eu.

Ficava me perguntando quando eu teria coragem de enfrenta-lo, afinal ele nem era meu pai. Mas antes disso me lembrava que eu não aguentaria com ele , parece que o crack o deixa mil vezes mais forte.

Passei a madrugada quase toda procurando quem comprasse essa porra e quando me livrei dela corri segurando o bolso do short pra não perder o dinheiro.Meus pés percorriam aqueles becos numa agilidade tremenda , a vontade de chegar em casa era maior que tudo nesse momento.

Empurrei a porta com força assim que ouvi um choro alto me lembrando imediatamente da minha irmã que tinha deixado com esse monstro. A mesma estava na sala sentada chorando agarrada num urso , olhei pro canto da porta vendo dois caras armados saindo da cozinha.

Eu não era ingênuo sabia que ele era o dono daqui , fiquei assustado e continuei calado vendo ele se aproximar.

- coé moleque denunciaram pra mim que tu tava vendendo obrigado por esse vagabundo aí é verdade? __ assenti e continuei calado __  já resolvi teu problema jaé? ele tá morto __ engoli a seco__ como é teu nome ?

Vitor : Meu nome é Vitor.. ..
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