Martín e Luciano andavam de mãos dadas pelo caminho que os levava até um dos vários quiosques daquele setor da Ilha.
O argentino, inicialmente, tentou desvencilhar-se daquela mão morena que queria prender a sua. Mas os olhos cansados de Luciano deram uma ordem implícita a Martín assim que eles saíram do sobrado-pousada, como se dissessem: "Pare de me negar na minha viagem!".
Martín sentia que seria, de fato, difícil de negar muita coisa à Luciano durante aqueles vinte e nove dias.
O loiro olhava Luciano de relance, enquanto o brasileiro falava animadamente sobre alguma mensagem engraçada que tinha recebido do "desgraçado daquele croata" com quem ele andava guerreando nos últimos tempos ("Ah, a Copa de 2022..."), sem realmente prestar atenção no que ele dizia.
Luciano vestia-se da forma simples que Martín tanto adorava, mas que destacava as curvas da musculatura do brasileiro o suficiente para que a imagem lhe parecesse sedutora – uma camiseta preta simples, colada ao corpo (as favoritas do brasileiro); um short branco que denunciava mais do que deveria ("Ou talvez são os meus olhos..."). Aquela corrente dourada sempre presa ao pescoço moreno, e os chinelos nos pés que declaravam férias-na-praia.
O final da tarde era inegável, com os raios de Sol um pouco mais fracos, mas que ainda brilhavam o suficiente para iluminar ainda mais a melanina de Luciano.
"Hermoso..."
Os dois homens alcançaram o quiosque indicado por Mai. Uma música que nenhum deles reconheceu tocava baixinho em algum ponto.
Sentaram-se na primeira mesa, sem prestar muita atenção na escolha. Do lado de dentro de uma bancada de madeira, Luna terminava de organizar as louças para servi-los. O cardápio era comida tipicamente brasileira, opção feita à pouco por Martín que desejava, secretamente, fazer Luciano se sentir relaxado, bem, em casa.
— Francis te mandou mensagem? Parece que ele e o croata andaram brigando – Luciano perguntou, dando uma ênfase ressentida à palavra "croata" ("Essa bendita Copa de 2022..."), retirando a atenção de Martín da visão de Luna.
— Sim, ele e Catalina não param de me mandar mensagens. Estou ignorando esses dois.
— Eles realmente querem saber mais do que devem sobre a gente, hein?
— Sí. Um interrogatório sem fim, e essa viagem nem começou direito.
Martín e Luciano se olhavam. Os olhos do brasileiro brilharam com a expectativa do que poderia acontecer nos próximos dias.
Antes que o brasileiro o respondesse, a voz de Luna soou repentinamente exaltada, numa língua que nenhum dos dois reconhecia – provavelmente tailandês.
A moça chamava a atenção de alguém, nervosa, andando com pressa na direção da mesa na qual os dois homens estavam sentados.
Correndo na frente dela estava Mai que, desavergonhadamente, parou ao lado de Luciano, levantando os bracinhos rechonchudos para o brasileiro.
— Senhor, por favor, me perdoe! Me desculpe, eu não sei o que deu nessa menina hoje, ela é sempre tão comportada...! – Luna exclamava, tentando pegar Mai no colo, sem sucesso.
— Não se preocupe com isso, está tudo bem. Quer se sentar aqui com o Tio? – Luciano perguntou para Mai, com uma voz infantil, falando lentamente mais uma vez para que a menina pudesse entendê-lo.
— Não, por favor, não faça isso, Senhor! Vou morrer de vergonha! Não dê oportunidades pra essa criança, ou ela não vai sair daqui! – Luna olhou nervosa para Mai, repreendendo-a.
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Private Dreams (BraArg) (PT-BR)
Fanfiction"Eu não acho que será possível para o Brasil conseguir se reerguer de todo o vexame futebolístico que ele tem enfrentado nas últimas décadas. Esse maluco deveria simplesmente desistir do papel de melhor do mundo, porque ele realmente não é mais". Es...