Limites da Ambição

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A tensão entre os alunos de Slytherin estava anormalmente alta naquele sábado. Agora que Sebastian estava de volta ao normal, os ataques de Imelda não lhe passavam ao lado. Além disso, suspeito que Ominis lhe tenha contado que Imelda não tem sido muito agradável comigo nos últimos dias. Qualquer olhar que ela me lançava era o bastante para que ele começasse uma discussão. Uma delas aconteceu na biblioteca e resultou na nossa expulsão.

– E somos os únicos a serem expulsos porquê? – Protestou Sebastian para a porta da biblioteca.

– Ora, porque será? – Ironizou Ominis. – Nem foste tu que começaste.

– Exato, foi ela que começou! – O berro de Sebastian ecoou pelo salão vazio. – E ainda ficou com aquele sorrisinho de-...

– Está bem, não há problema – cortei, antes que os fantasmas fossem os próximos a expulsar-nos. – Vamos para o jardim estudar.

Sem esperá-los, comecei a andar em direção ao jardim próximo à sala de Transfiguração. Ainda tínhamos uma hora para estudar até ao duelo. Não vou mentir que temia por Sebastian. Estava tão alterado que poderia perder a cabeça. Atrás de mim, os dois continuaram a discussão.

– E tu não fazes nada, não dizes nada. Deixas que a Imelda chame a Sam de sangue-ruim.

– Podia dizer a mesma coisa de ti, Sebastian.

Rolei os olhos. Aquele dia já estava a valer por dois.

– Eu estou a fazer-lhe frente e a colocá-la no lugar dela!

– Hoje – constatou Ominis. – Queres falar sobre os outros dias?

Imagino que o silêncio de Sebastian significasse culpa. Este prolongou-se pela sessão de estudo, o que facilitaria na concentração se não estivesse com a cabeça noutro lugar. Uma ideia surgiu-me na mente com a pergunta de Ominis. Porque será que Sebastian despertou, digamos assim, daquela tristeza profunda da noite para o dia? Será que sofreu alguma espécie de maldição ou feitiço da magia ancestral da Isidora? A verdade é que acordei especialmente bem ontem, sem nenhuma razão em especial. Como queria poder ler o livro que Ominis me mostrou... Talvez tenha as respostas todas lá.

Senti uma mão no meu pulso direito, num toque tímido. Quando se apercebeu do meu olhar, recuou até que apenas os dedos deslizassem sobre as opalas que me adornavam o braço. Levantei o olhar e encontrei Sebastian a tentar disfarçar um sorriso de pura felicidade. Nunca tinha visto alguém tão radiante com um presente. Não vou mentir que muitas vezes perco-me a contemplar o bracelete e que me trazem inúmeras boas recordações, mas ela parecia ter um efeito especial em Sebastian. Essa constatação relembrou-me do que acontecera no dia anterior, na Sala das Necessidades. O rubor tomou-me o rosto e baixei-o de volta para o livro esquecido no meu colo. Reviver aquele momento não era a melhor opção quando estava a tentar estudar. O toque quente no meu braço só dificultava a tarefa.

Fingi coçar a nuca com a mão esquerda e aproveitei para soltar o cabelo. Deslizou-me pelos ombros e cobriu-me o rosto. Expirei de alívio.

Os dedos deixaram as opalas e subiram pelo meu braço, vagarosos, e a minha pele arrepiou-se. Não queria estar tão sensível ao toque dele, mas depois do que tinha acontecido era inevitável. No entanto, não rejeitei nem me fingi de incomodada. Se ajudasse a acalmar Sebastian para o que vinha a seguir, tentaria ignorar as minhas bochechas em brasa.

– Não faças nenhuma loucura. Lembra-te que é só um duelo amigável – segredei.

– Não vejo nada de amigável nela.

A voz engrossou em ira e quase me arrependi do aviso, no entanto a mão dele deixou o meu braço e mexeu-me nos cabelos, prendendo-os atrás da minha orelha. Receosa, observei-o de esguelha e o mesmo sorriso continuava lá: suave, feliz, como se nada no mundo estivesse errado. Decidi confiar. Também não me restava outra opção. Prometi-lhe que lutaríamos juntos.

Entre Luz e Sombras (Sebastian Sallow x FemOC)Onde histórias criam vida. Descubra agora