Conto 2 - Ele e Ele

369 72 7
                                    

A nave pousou lançando uma grande nuvem de poeira para os lados. Uma comporta se abriu e a plataforma desceu, por onde passou o famoso explorador espacial Dr. Naruto Uzumaki. Seus feitos que realizou faziam juz à quantidade de repórteres e de holorepórteres de todas as partes do sistema solar ansiosos por uma entrevista. Naruto sorriu sem graça por haver tanta gente e seguiu o rumo da plataforma sobre o oceano até a antiga petroleira.

Naquele amontoado de ferros com séculos de existência e de reformas, as mais importantes buscas por outros planetas com capacidade para receber seres humanos são feitas. Quando encontram uma galáxia promissora, os cientistas enviam os exploradores. Vão até lá com naves que são tanto cruzadores espaciais poderosos quanto laboratórios de ponta para analisar tudo o que for possível.

É o que Naruto faz da vida, por meses sozinho no espaço. Criaram essa profissão glamourosa para que a exploração continue sem parar. Os exploradores são os novos heróis. Filmes, quadrinhos e animações são feitas todos os anos para engrandecer o que eles fazem.

No entanto, o que não sabem e é o que sempre se passa na cabeça de Naruto todas as vezes que entra e sai da sua nave, a qual batizou de Pandora, é que este é o trabalho mais solitário do universo. É proibido que as viagens sejam tripuladas por mais de um humano por conta do sistema de manutenção vital. Geralmente, os exploradores não se abalam pelo desejo de voltar, pois, algumas vezes, os exploradores jamais voltam de suas viagens.

Eles se perdem em si mesmos, no tempo, nas dobras, nas dimensões, em outras circunstâncias que nunca foram ditas porque esses nunca foram encontrados.

Naruto foi um desses. Ele se perdeu pelo que calcularam ser três anos, mas durou tantas vidas quanto seriam possíveis e ao voltar, não sabia nem quem era de fato. Acharam-no vagando. Passou por um tratamento e o enviaram à solidão de novo. Ele é o melhor no que faz.

É órfão, não tem filhos e poucos amigos. Nem mesmo uma casa ele tem. Quando pousa, se hospeda nos quartos dos observatórios. Todos estão agitados ao seu redor porque Naruto é uma celebridade. A mais importante viva. Fizeram vários filmes e documentários sobre a sua vida. Até mesmo criaram uma série de fantasia em que ele tem poderes incríveis.

Naruto não perde um episódio porque, nessa série, lhe deram a capacidade de andar e outras aventuras para viver, sempre em grupo. Começou com uma dupla na primeira temporada e agora, são seis pessoas. Já viu tantas vezes que decorou cada fala do seu homônimo e às vezes simula que está vivendo como Naruto, o Samurai, na sua nave.

-Dr. Uzumaki. - o chefe bateu de leve na mesa para tirá-lo dos devaneios. Naruto piscou os olhos com força e moveu as rodas da cadeira para estar perto da mesa. - Tomou seus remédios hoje? - assentiu sem dizer nada. - Ótimo. Como eu dizia, você fará parte de um novo programa de desenvolvimento social. - Naruto balançou a cabeça de novo. Tanto tempo vivendo sozinho, ele perdeu o hábito de falar.

Os técnicos passaram quase três horas falando desse novo sistema operacional que trabalharão junto dos exploradores para otimizar a transmissão e a captação de informações, além de ajudarem os exploradores com a manutenção da nave e das suas mentes.

-O quê? - perguntou quase num sussurro. Por ser uma pessoa importante, eles lhe deram ouvidos de imediato. O seu chefe, Dr. Hatake, parou de apontar para as telas projetadas para todo o anfiteatro cheio de espectadores e fitou Naruto. É o único cadeirante da sala.

Ele foi mais longe que qualquer humano no espaço, por isso recebeu destaque.

-É um sistema operacional via frequência de rádio e de baixa energia cujas funções, além das militares e das de pesquisa, é a estabilidade mental dos exploradores.

Rejeitados pelo ScrivOnde histórias criam vida. Descubra agora