Ethan
Conforme o restante do dia ia se passando não tirava da cabeça os doces lábios da menina, tentava insistentemente desviar minha atenção do ocorrido e me focar no que realmente importava, estava escuro e havia perdido o horário da janta, embora estivesse cansando não iria desistir de rever as provas atuais e as de sete anos atrás, devia ter algo que deixei passar, para minha infelicidade nada se encaixava, era um quebra-cabeças sem solução, os crimes eram iguais, porém sem nenhuma pista, fecho as pastas e decido que era hora de terminar.
Saiu da sala quando o relógio marca um pouco mais de duas horas da manhã, Angel deveria estar dormindo, também não havia á visto depois de beija-la, gostaria de saber como ela estava se sentindo, acho que Carolina estava certa quando me ameaçou, quando se tem alguém com quem se preocupar nossa cabeça vira um tormento. Entro na cozinha para beliscar algo, tudo esta silencioso, pego meu celular e disco o número de Jonathan que logo em seguida atende, bem conhece meu parceiro também devia estar revirando os papéis do caso.
-Como está tudo ai? - Pergunto.
-Gostaria mesmo de dizer que tivemos progresso, mas infelizmente nada. - Ele suspira cansado. -Ethan, estamos andando em círculos novamente.
-Jonathan...- Havia sim algo que deixamos passar, quem quer que estivesse cometendo esses crimes precisava estar interligado com a igreja, afinal quem melhor que um padre para conhecer o pecado das pessoas? - Escuta, quando fui investigar a ficha de todos aqui, notei algo...
-Alguma nova pista? - Agora tinha a atenção de Jonathan, quando abro a boca para contar ouço sons de passos vindo do salão de jantar. - Amanhã, tem alguém aqui. - Sussurro.
-Vamos para ai agora mesmo. - Ele fala e desliga o telefone, sigo para o local onde o barulho se fazia presente, saco minha arma e me preparo para o confronto, para a minha surpresa um bilhete com recortes de jornais estava sobre a mesa.
" Detetive Ethan, o que Angel pensaria se descobrisse que provocou a morte de seu parceiro? Um pecado grave a ser relatado, porém adoraria ver o quão quebrado o coração de sua protegida ficaria ao saber o monstro que se esconder por baixo de sua pele.
Ass: Sanctus"
-Cretino! -Grito enquanto bato na densa madeira trabalha que fazia a mesa. Ninguém mais sabia Sebastian exceto Jonathan, ele se envolveu com pessoas erradas, a morte dele foi consequência de suas próprias escolhas e por mais que me doesse admitir, não me arrependia de não ter emprestado o dinheiro para o pagamento de sua divida, mas envolver a garota nisso era baixo demais até para um assassino em série.
Levanto minha cabeça para ver os mesmos olhos castanhos me observando, agora seu olhar era de preocupação, caminho até ela dominado pela raiva, puxo-a para mim sem nenhuma delicadeza e tomo seus lábios, seu perfume de lavanda era algo inebriante, poderia matar Sanctus, mas no momento descontaria tudo nela.
Angel não cria resistência e logo corresponde, pego suas pernas até deixa-las na altura do meu quadril sem quebrar o beijo, cuidadosamente a coloco sobre o balcão de mármore, o ato era urgente, cheio de desejos, quase animalesco, minhas mãos passeiam respeitosamente por seus joelhos e enquanto a outra segura seus cabelos lisos, Angel solta um fraco gemido o que me faz perder o resto do juízo que tinha, Sanctus estava errado em achar que tiraria ela de mim, ele deveria ir até o inferno e pactuar com o Diabo para isso, para seu azar o Diabo era eu mesmo. No momento em que entrei neste lugar estava fadado a entregar meu coração a ela, era meu dever protege-la e eu faria isso.
O beijo é quebrado assim que ouço meu celular tocar, me afasto para ver o número de Jonathan na tela, acaricio novamente seus cabelos e desço-a da bancada, a raiva se dissipou, como poderia um ser tão delicado acalmar a fera dentro de mim? Sorriu para ela e beijo sua testa.
-Acho melhor subir anjo, já esta muito tarde!- Digo baixinho.
-Você não vai dormir? - Pergunta enquanto acaricia minha mão. -Desci pois você não havia jantada, queria saber se estava com fome.
-Eu estou, com muita fome, mas preciso falar com Jonathan primeiro. - Digo.
-Posso preparar algo para vocês dois. - Impossível negar algo para ela, então simplesmente concordo e decido que conversaria com o agente ali na cozinha mesmo. Deixo Angel no fogão e vou abrir a porta do convento, ele e mais quatro de nossos homens estão ali, cumprimento a todos e chamo-os para dentro. Os agentes esperam no saguão de guarda enquanto Jonathan me segue até a cozinha, sento no balcão seguido por ele que observa a garota atrás de mim fazendo algo que ainda não descobrirá.
-Não quer ir para um lugar mais reservado? - Seu jeito relutante em aceitar a garota continua presente.
-Está tudo bem, vamos falar aqui. - Ele acena negativamente a cabeça e enfeia a cara, Jonathan odiava ser contrariado, mas ele precisava se acostumar com aquilo.
-Você que sabe, Willians. - Sorriu com seu incomodo.
-Quando revirei as pastas descobri algo em comum entre os dois crimes, alguma pista talvez. O Padre Muniz estava no Canadá a sete anos atrás, na mesma época dos crimes. - Jonathan me observa com curiosidade. - Ele trabalhou na paróquia nos sete meses que ocorreram os assassinatos.
-Quer dizer que ele tinha acesso as confissões? - Gostava de trabalhar com ele pelo seu rápido raciocínio, concordo enquanto ele se levante impaciente. -Todos os que morreram faziam parte da paróquia igual agora.
-São apenas desconfianças. - Alertou-o.
-Quem cuida das confissões aqui é a Madre. - Angel diz colocando um prato com sanduiches em cima do balcão e sentando ao nosso lado, Jonathan sinaliza para que a menina continue. - A sete anos atrás no Canadá, meu irmão também participou da congregação, os fieis sentiam-se mais confiantes em falar com uma mulher, portanto a Madre assumiu este assunto.
-Quer dizer que ela também estava lá na época?- Pergunto acariciando sua perna por baixo da mesa.
-Sim, não somente ela e o Padre Muniz, também estavam presentes o Diácono Patrick. - Diz com naturalidade.
-Ele não esta congregando mais no seminário, está? - Jonathan pergunta.
-Não, na época meu irmão descobriu algo sobre ele então para não ser denunciado ao Clérigo deixou uma carta pedindo o seu afastamento, depois disso ninguém mais falou sobre ele. - Morde um pedaço de seu sanduiche.
-Somente a Madre tem acesso as confissões? - Pergunto e ela concorda. De novo estávamos de volta a estaca zero, a Madre não teria força suficiente para tamanha atrocidade, não sem ajuda, o Diácono pediu afastamento por uma denúncia, talvez Sanctus não fosse apenas um homem. Terminamos de comer e Jonathan se despediu, ajudo Angel a lavar o prato e subo com ela até o seu quarto, assim que chegamos a porta do mesmo sinto que não quero me despedir, mas colocar a conduta e imagem dela em perigo estava fora de questão, deixo então um beijo casto em sua testa e espero que ela entre com aquele tímido sorriso e assim sigo para meus aposentos, tomo um banho demorado e deito na cama sem roupa, precisava relaxar os músculos e sabia que a imagem da garota não me sairia da cabeça, um tempo depois adormeço.
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O Beijo das Sombras
Paranormal"- Ryan! - As sombras sucumbiam o rapaz que olhava tristemente a menina, ela tentava segurar suas mãos mas tudo que podia ver era a escuridão, até que olhos azuis e um sorriso macabro surge, o homem que renasce do caos se aproxima beijando seus lábi...