Capítulo 6

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A última coisa que imaginei quando levantei da cama essa manhã, era que aquela beleza de mulher entraria na minha oficina hoje, pior ainda que eu iria estar em um hospital, esperando com ela a consulta com a ginecologista.

 

Mas ali estava eu, sentado na sala de espera gelada, com aquele cheiro horroroso de hospital que me dava calafrios. Sempre odiei hospitais, mas não ia deixá-la ir sozinha em uma consulta tão importante.

 

Julia com certeza não sabia o que a amiga tinha ido fazer sozinha, do contrário teria mandado Levi se foder e faltado ao trabalho.

 

A atendente foi gentil, mas isso não era novidade em Santa Maria. Aparentemente a ginecologista estava com horário vago hoje e ela conseguiu encaixá-la, era bom que eu estivesse aqui, do contrário Alicia estaria fazendo sua primeira consulta sozinha.

 

Após alguns minutos de espera finalmente nos levaram para a sala, ela conversou com a doutora, falou tudo sobre como descobriu a gestação, respondeu a uma série de perguntas, algumas um tanto intimas, mas não se ela se incomodou comigo ali não demonstrou.

 

— Ok, já que estamos aqui, vamos fazer um ultrassom pra ver como está esse bebê sim?

 

— Agora?

 

— Sim, agora mesmo! — a médica apontou para a porta ao lado. — Pode colocar o avental que está ali enquanto eu preparo tudo aqui.

 

Eu observei tudo calado, nunca tinha visto um ultrassom ser feito e minha curiosidade gritou mais alto.

 

— Pode se deitar aqui. — ouvi a voz da ginecologista que chamou minha atenção de volta a Alicia, que saia do banheiro, vestindo um avental azul, aberto na frente.

 

Me adiantei e a ajudei a subir na maca, assim que se deitou a doutora abriu o avental sem cerimonia. Ok, ela podia estar nua ali na minha frente, mas não era o momento para pensar no quanto eu queria ver seu corpinho sem nada, o momento aqui era muito sagrado para enfiar meus pensamentos pervertidos no meio, por isso fiz cara de paisagem e encarei a tela do outro lado.

 

— Ok, pronta pra ver esse bebê? — a doutora passou o gel na barriga dela, que ainda não dava nenhum sinal de gravidez. — Ok, o que temos aqui. — murmurou quando começou a passar o scanner na barriga dela. — Humm, isso é interessante.

 

— O que? O que você viu? Tem alguma coisa errada? — Alicia questionou com pressa.

 

— Não, nada de errado, pelo que posso ver aqui temos uma gravidez saudável, aparentemente três semanas como você disse...

 

— Então o que foi que viu? — foi minha vez de questionar, minha ansiedade estava a mil.

 

Ao invés de responder a doutora apertou um botão e o som de batimentos invadiu a sala, o coração batia acelerado ecoando, foi algo que eu não esperava ouvir, muito menos pensei que pudesse mexer tanto comigo.

 

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu senti a mão delicada contra a minha, não sei ao certo quem procurou quem, mas nossas mãos se apertaram quando o barulho se tornava uma música, duvidava que algum dia eu não fosse me sentir assim quando ouvisse aquele barulhinho.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora