Definitivamente covarde | wolfstar

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REMUS LUPIN ERA DEFINITIVAMENTE, sem sombra de dúvidas - um covarde da pior espécie. E não tinha para onde fugir, muitos menos um lugar seguro para se esconder. A cidade inteira sabia, seus amigos sabiam, duvidava até que seus pais estivessem nessa. Mas claro, o pior. Ele sabia, Sirius Black sabia dos seus sentimentos.

A história de sua vida nunca foi digna de um filme ou uma citação na lista de dramas dignos de choro. Era um adolescente até que bem normal. Vivia em uma cidadezinha no interior da Inglaterra, estudava em uma escola pequena, ainda que boa. E possuía um ciclo social decente, pessoas com quem podia contar.

Além de que, namorava a garota mais bonita e doce do país. Dora era a mulher dos seus sonhos. Ao menos, foi isso que disse a ela ao se ajoelhar em sua frente com um buquê de rosas.

Mas em seu mundinho perfeito, tinha um intruso diabólico e malicioso. Um demônio particular que testava a sua sanidade. Céus, Sirius Black era o pior.

Ele era diferente. Complicado, e dono de defeitos ridículos. Estava sempre chamando atenção pelos corredores, flertando e chamando garotas para sair. Bebendo escondido no banheiro, e rindo dos professores sem vergonha alguma.

Ele era o típico cafajeste, o típico problema que você evita, evita se não quiser cair em ruína. E Remus foi esperto ao fazer isso durante anos, o ignorando nas aulas que tinham juntos. Pegando caminhos diferentes até a escola, porque moravam um do lado do outro.

E mesmo com amigos em comum, como James Potter e Lily Evans, nunca trocaram mais do que breves olhares. Nada de acenos, nada de educação. Era assim que tinha que ser, não é?

A professora Minerva McGonagall achou que não. Claro que não, claro que a velha obcecada por literatura não pensou um minuto sequer ao arrasar com a vida de seus alunos. Remus jurara que viu um sorriso mórbido surgir no rosto dela, quando apontou que o garoto fizesse dupla com ninguém menos do que Sirius.

"Turma, esse é um projeto audacioso. Quero estabelecer vínculos entre todos vocês, por isso serão avaliados com o desempenho tanto nas minhas atividades, quanto a sua relação com seu parceiro. E não Lily Evans, você não pode trocar de dupla."

A ruiva bufou, atraindo risadas. Ela estava sentada ao lado se James, que parecia o homem mais feliz do mundo. E Remus a entendia, porque também estava a um passo de erguer a mão e empurrar o moreno ao seu lado pela janela.

- Bom, agora que somos uma dupla, podemos fazer isso direto. Oi, meu nome é Sirius Black, mas claro que você já sabe disso - o garoto piscou na sua direção, passando a mão pelo cabelo. Quis socar aquele rosto bonito com força.

- Tanto faz o seu nome pra mim, Black.

- Você não vai dizer isso mais tarde - ele cruzou os braços, se aproximando. De um modo atrevido, arrastou seu lábio bem perto do ouvido do loiro - não quando começar a me chamar de amor da sua vida.

Remus lupin se odiou muito, porque sabia que estava mais vermelho que o cabelo de Lily. Mas isso continuou se repetindo, todos os malditos dias que se sentavam juntos. Ele chegava preparado para o bombardear com comentários ácidos e grosseiros, e saia com as pernas bambas e o rosto corado.

O grande estopim foi quando fizeram uma atividade baseada na confiança. Um deles usava uma venda, e o outro o guiava pela escola. Achou meio doido Minerva sugerir isso em uma aula de português, mas ela não estava brincando quando empurrou todo para fora da sala irritada.

Não confiava em Sirius nem de olhos abertos, quem diria de olhos vendados. Mas também não confiava em si mesmo o guiando, não, se tivesse que ficar tão perto estando consciente.