Capítulo 4

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Um mês depois.

Já fazia um mês que Emma estava naquele lugar que, a uma semana atrás, deixou de ser tão assustador. Ela estava em um dos covis de Travis. Lá não existia nenhuma outra criança, apenas pessoas mal encaradas que a fazia tremer dos pés a cabeça. Bom, dos pés ao pescoço agora seria melhor dizendo, já que a uma semana atrás Emma começara a se acostumar com tudo ao seu redor. Com as pessoas maus que também viviam ali, com as drogas espalhadas por todo lugar, com as armas que foi obrigada muitas vezes a segurar e, as vezes também a apertar o gatilho. No começo ela chorou e se recusou a fazer aquilo, apertou os olhos e balançou a cabeça freneticamente dizendo que não, mas depois de alguns gritos da parte de Travis que era quem estava lhe ensinando aquela habilidade e, assustada pelo o que ele poderia fazer, apertou de uma vez e sentiu o impacto da arma a levando ao chão. Foi horrível, mas não tão ruim quanto ela pensou que seria. Seu corpo reagiu bem a aquilo e ela ao menos nem sabia o porque. Ela se levantou e limpou o choro, olhou pra Travis esperando o próximo comando e ele sorriu vitorioso.

Depois de alguns dias, todos também foram se acostumando com a sua presença ali e, acabava mesmo que sem querer sendo gentis, o que não passava despercebido pelos olhos da garotinha que, desde que nasceu, sofreu com a arrogância de todos. Sejam eles seus pais que a criou até os três anos, ou as pessoas do orfanato que deixavam bem claro sua insatisfação de tê-la ali.

Emma já estava se habituando e tomando aquela nova rotina como sua. Apesar de se sentir solitária, não poderia preferir as ruas escuras à aquilo. Não poderia preferir a fome, já que todo dia comia o que queria. Já não mais precisava reclamar do frio quando ganhou uma cama quentinha apenas para si. Uma vez, uma moça até lhe explicou o que era o "abc", coisa que ela nunca tinha escutado em toda sua vida. Se sentiu como se visse um novo mundo ali, um mundo errado, mas não deixava de ser melhor do que de onde veio.

Seu dia era pesado, era desgastante. Mesmo tendo apenas quatro anos e sendo a mais nova e única criança daquele lugar, Emma treinava quase igual a qualquer brutamontes dali. Andrea como a líder capacitada à treinar todos, não pegava leve com Emma, quando por ordem do poderoso chefão, ela deveria ser a melhor entre todos.

Emma dava o seu melhor e, como esperado, estava se saindo muito bem. Era surpreendente ver a garotinha proferir alguns golpe no saco de pancadas, ou como já segurava a arma melhor do que quando a segurou pela primeira vez. Emma era de longe uma garota esperta e especial, não era nenhuma novidade que daqui a alguns anos seria um problema para qualquer um que resolvesse entrar em seu caminho.

Na mente dela, ela já estava ciente e conseguia compreender melhor o motivo dos seus treinamentos. Já conseguia entender para que foi designada e qual era a sua missão.

"Existia uma bebê e, ela teria que zelar pela segurança dela."

Era difícil de se cumprir? Ela esperava que não. Passou muito tempo na rua e soube se defender, soube proteger a si própria, fazer aquilo com um bebê não deveria ser pior.

Ela estava ansiosa para conhecer sua, em breve, protegida. Tinha apenas quatro anos, mas sentia que a partir daquele momento, sua vida nunca mais seria a mesma.

E realmente, não seria.

Uma semana depois.

Alyssa...

Alyssa...

Alyssa...

Emma repetia aquele nome em sua mente. Ela estava intrigada com alguém que nem conhecera ainda. A veria em algumas horas e isso a estava deixando ansiosa. Travis e Andrea a explicou minuciosamente como ela deveria agir e ela queria dar o seu melhor. Poderia ser algo idiota, mas ela queria dar tudo de si a aquele comprometimento, queria orgulhar Travis e jurou fazer aquilo com seu melhor empenho.

Proteger Alyssa...

Proteger Alyssa...

Proteger Alyssa...

Isso poderia durar anos. Ela não sabia quanto tempo. Já estava em sua casa nova, morando com Andrea que se passava por sua tia. Sua rotina no 'covil', como ela gostou de chamar, não mudou. Acordava cedo, ia para lá junto a Andrea e treinava até seus pequenos braços e pernas ficarem dormentes. Ela treinava boxe, tiro, exercícios para a força e luta corporal de rua. Era legal, ela aprendeu a gostar.

Naquela manhã ela estava em seu quarto. Muito grande e muito bonito. Tinha tudo ali. Tudo o que um dia não teve e tudo o que nunca pensou que algum dia chegaria a ter. Sentada em sua sacada que dava de frente para a casa da família Green, ela olhava para todas as janelas ansiando em poder conseguir ver por alguma brecha sua bebê Alyssa.

Alyssa...

Ela repetiu mais uma vez, saboreando o nome que ao seu ver soava tão doce. Ela gostava, achou bonito e talvez vinhesse a ser seu segundo nome favorito. Mal via a hora de conhecer a dona do mesmo.

- Emma! - seu nome soou firme e ela voltou para o quarto avistando Travis. - Vamos, está na hora. Lembre-se do que conversamos. Continue sendo uma garota encantadora e encante a Clara, crie um laço com ela e com o tempo você vai praticamente estar morando lá em casa do tanto de tempo que vai passar lá. Ao modo que a Aly for crescendo, você vai está sempre por perto e vai fazer de tudo para se tornar a melhor amiga dela, com isso, você vai virar a sombra dela. Pode ser que você não entenda direito agora, então com o tempo eu vou te explicando melhor, ok?

Ele falara como se estivesse explicando o plano para um adulto e, a pobre garotinha apenas balançou a cabeça tentando repassar qualquer coisa que tenha conseguido captar.

Encantar a Clara, passar muito tempo lá, virar melhor amiga da Aly. Ok. Ela podia fazer isso.

- Certo. Então vamos lá. - o mafioso respirou fundo e estedeu o braço, pegando na pequena mãozinha de Emma.

Eles entraram na casa de Travis e foram até cozinha onde Madison assistia sua recente empregada cozinhar, enquanto ninava Alyssa em seus braços.

- Amor? Eu trouxe alguém pra te conhecer.

- Ei, de quem é esse anjinho?

- Essa é Emma, ela é filha da vizinha que por coincidência é uma das minhas funcionárias na empresa. Encontrei ela brincando lá fora e resolvi trazê-la para conhecer Alyssa.

A mulher saiu do banco onde antes estava sentada e Travis pegou Emma nos braços para que sua mulher não precisasse se abaixar.

- Oi princesa, olha só. Esta aqui é a Alyssa. - ela virou o bebê para que a garotinha pudesse vê-la e, pode ver os olhos azuis de Emma brilharem ao encontrar o rosto de Alyssa.

Alyssa, como se sentisse que tinha um grande par de olhos azuis a fitando, abriu seus olhos verdes e encarou Emma, dando pela primeira vez, desde que nasceu, seu primeiro sorriso.

Emma sorriu de volta, maravilhada com aquela bebê e seus olhos cor de mar e, pensou que não seria sacrifício nenhum protegê-la. Ela com certeza iria adorar ter que ficar a todo tempo ao lado de Alyssa. Mal sabendo ela, que não só iria amar ter a de olhos verdes por perto nos próximos dias, como também iria fazer de tudo para tê-la ao seu lado pelo resto de sua vida.

Te Sigo, BabyOnde histórias criam vida. Descubra agora