Duskwood: Escola Dos Mistérios

Episódio 32: Purgatório

Dois dias haviam se passado e era finalmente hora do julgamento final. Era o dia em que todos se encontrariam finalmente, e que tudo seria esclarecido.

Saindo de Grimrock, Avani foi direto para o Motel, de onde não saíra desde então, e só sairia novamente para pisar no tribunal. Se trancou no quarto, e então a ficha de tudo que havia acontecido caiu.
A garota entrou em um estado de raiva onde a amargura caia como lágrimas de seus olhos. Havia ficado tão perturbada que nem mesmo dopada de remédios pôde descansar.
Definitivamente saiu de dentro da mina com uma perturbação que parecia de outro mundo, mas sabia que teria de sair da caverna para queimar do lado de fora, junto com todo o resto.

Por Sarah, ficou sabendo que tanto Hanna quanto Richy estavam detidos na delegacia até o dia do julgamento, e por mensagem sabia que cada um de seus amigos também estavam em seus próprios cantos. Todos se preparando para o grande dia, arrasados.

A única pessoa além de sua tia que viu durante aquelas 48 horas foi sua amada amiga de Colville, que havia viajado para Duskwood assim que soube sobre a mina e a participação de Avani no evento.
Ela se recusou em deixar a garota sozinha, fez questão de fornecer atenção e tomar conta dela. Mesmo de longe e em silêncio, observava Avani com seus olhos pretos, rosto fino, singelo e estoico. Seus cabelos também eram longos, castanhos e ondulados.

Avani havia acabado de se trocar. Estava usando uma regata com uma jaqueta preta por cima, suas botas e uma calça preta também colada. Ela se olhava no espelho e batia os pés no chão, andando também em círculos enquanto sentia o seu coração sair pela boca.

— O que te perturba agora? —Carol perguntou.

— Ele nunca mais vai voltar.

— Avani, só se passaram dois dias. Você não disse que ele já sumiu por muito mais tempo?

— Agora é diferente. Muito diferente. Ele nem pode voltar, se ainda estiver vivo.

— Claro que está vivo. O FBI vasculhou toda a mina e não achou ninguém. Sarah mesma disse.

— Isso me alivia, mas me dói. Ele não pode voltar.
— Se eu fosse ele também jamais voltaria, apesar de tudo, apesar da tentação. E eu o perdoo se ele nunca mais voltar.

— Você acha que consegue seguir em frente?

— Não tenho opção.
— O pior de tudo é que eu não quero ter esperanças, não quero nunca pensar que ele talvez volte para mim, mas e se algum dia Jake bater na minha  porta de novo?

— Então você vai deixar ele entrar ou se quer vai abrí-la, mas no final tudo vai ficar bem.

— Que inferno.
— E agora, cara? E agora, o que acontece? Está na hora de ir, em poucas horas todos saberão de tudo que aconteceu no último mês e últimos dias. Não sei nem se Jake será mencionado, e se for, eu estou fodida.

— Não vai acontecer nada disso. —Ela segurou os ombros de Avani— Vai ficar tudo bem. Pelo menos para você.

— Você já tem alguma ideia, não? Com certeza não resistiu a tentação de olhar suas cartas antes de vir.

— As cartas, Avani, não são um gps. Está mais para uma bússola. E confie em mim, vá tranquila como se não houvesse nenhum peso nas suas costas, e sem peso também deverá sair de lá.

— Me deu até arrepios.

Ela riu.

— Quero que conheça meus amigos de Duskwood quando tudo ficar bem. É como finalmente apresentar minha família.

— Eu também quero conhecê-los.
— Mas, hoje, é outra família que você vai apresentar. Está pronta para isso?

— Não.
— Mas faço o que tiver de fazer.