O punhal

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Estava prestes a perder a consciência novamente.

A sensação horrível de estar presa num lugar escuro apenas lhe trazia lembranças horríveis das quais não queria se recordar. Por muito tempo agradeceu o fato de viver medicada a ponto de dormir sem pesadelos e que as memórias foram soterradas na sua mente a ponto de não querer acessá-las, pois sabia que não iria gostar do que fosse lembrar. 

Contudo, o ataque de pânico estava dando início, ela iria morrer só pelo medo do que estava sentindo, mas compreendia que não poderia se deixar abater ou então morreria, ele venceria. Novamente. Não poderia se entregar daquela forma, por causa disso ela respirou fundo várias vezes tentando controlar a respiração e ignorar os outros sintomas que pareciam querer controlar o seu corpo. Focou na liberdade, na sensação de estar livre daquele homem, ela tinha a chance de revidar, de conseguir acabar de uma só vez com aquele tormento. 

No exato momento que suas unhas cravaram no colchão foi que percebeu que estava deitada em cima de um, ironicamente, a levou para memórias de quando estava presa e o fato de que ganhou um colchão após um ano em cativeiro. Ele havia lhe dado um bilhete informando a bela notícia: Já faz um ano que você é minha. 

Muitas vezes imaginou que ele fosse mudo, contudo, pensando pelo fato de algo dar errado, entendeu que ele deveria não falar nada para ninguém reconhecer sua voz. Assim como andava todo coberto para ninguém cravar nada do seu corpo, por isso que quando tinha acesso aos olhos dele mal conseguia se lembrar devido a dor que ele causava em seu corpo e nem conseguia se lembrar, pois o próprio sangue molhava seu rosto. 

Ele conseguia se tornar um mistério. 

Hermione tremeu de medo. 

Ele falou com ela.

Sabia que era Harry.

Então, ele pretende não deixá-la viva. 

Ela quis chorar. 

Talvez o rosto úmido fosse lágrimas que já escorreram por sua face e apostava que derramaria outras mil até o instante da sua morte. Aquela sensação de medo estava se infiltrando em seu corpo e em sua mente até sufocá-la.

Ouviu sons de passos, ela se encolheu, o lugar estava tão frio e se arrependeu amargamente por não ter colocado uma blusa de frio. Ela havia aprendido a sempre usar roupas que a deixassem quente, certo? Por que havia vacilado daquela forma? 

Aquele som. 

Ele estava tão perto. 

Hermione esticou sua mão para tocar o chão e sentiu ele molhado, igualzinho, se lembrava de passar um ano deitada no chão úmido tremendo de frio e quando ganhou um colchão se sentiu feliz até passar frio novamente. 

Cada passo ela tremia, cada passo ela sentia vontade de chorar, cada passo ela sentia vontade de se matar ou melhor de matá-lo. O pior era aquela escuridão, ela não conseguia ver nada a deixando ainda mais ansiosa. Ter sua visão completamente bloqueada pela escuridão não era assim de entender, ela queria ver algo, necessitava disso, talvez fosse a melhor coisa para sobreviver. 

Rangido. 

O portão foi aberto, ela engoliu em seco, o um mínimo de segundo ela viu luz vinda da lanterna que ele estava segurando e por causa disso notou que do lado de fora de uma porta de metal - não era um portão - estava apenas uma parede. Adivinhou que estivesse numa cela que a visão seria um bloco de tijolos e isso dificultava ainda mais sua localidade. 

Piscou algumas vezes quando a luz da lanterna foi direcionada para onde estava, isso a incomodou profundamente mas mesmo assim ouviu o barulho da porta sendo fechada, ela colocou a mão sobre seu rosto para evitar ficar momentaneamente cega por causa da claridade. Acabou se mexendo quando ouviu sons de passos e isso a fez acabar esbarrando em algo gelado e grossos, ela rapidamente tocou e percebeu ser correntes. 

O príncipe da escuridão - 1 temporada - DarkDramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora