9 - Ressurreição

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O átrio estava deserto, exceto por um único bruxo que andava de um lado para o outro impacientemente. Severo arrastou Hermione junto a si quando a cabine parou e eles se viram frente à frente com um Draco Malfoy irritado.

— Que merda é essa, Severo? — o loiro soltou.

— Modos, Draco. — ele respondeu.

— Porque diabos você apareceu aqui? Eu imaginava que só a Granger viria.

— Granger só está aqui a passeio. — ele disse enquanto se dirigia até o elevador. — Fez o que eu lhe pedi?

— Fiz, mas...

— Ótimo, o que está esperando?

— Escute Severo, eu não...

— Vamos logo com isso. — rosnou.

Os três entraram no elevador em silêncio, Draco parecia ter desistido de tentar falar com Severo, mas olhava de canto de olho para ele de tempos em tempos. Hermione mantinha-se o mais imóvel possível, o olhar fixo à frente. Não cumprimentou Draco e se empenhou em ignorá-lo. Severo, por mais absurdo que fosse — já que ele deveria estar morto para todos no mundo mágico — era o único à vontade.

Desembarcaram no nível cinco e seguiram pelo corredor da esquerda, estava tudo tão vazio e silencioso que um arrepio percorreu a espinha de Hermione.

— Não devia ter pessoas por aqui? — Sussurrou para Severo.

— É um evento importante, Granger, todos estão lá. — ele respondeu.

— Por isso mesmo, você não devia estar aqui. — Era Draco que falava.

— Eu estou onde exatamente quero estar. — Severo respondeu sem olhá-lo.

Eles se dirigiram para o final do corredor, e viraram novamente à esquerda. Nas paredes, luxuosos archotes ladeavam todo o caminho, onde flores frescas tinham sido despedaçadas e suas pétalas formavam um tapete magicamente perfeito. Era lindo. Duas portas brancas e altas de puxadores dourados se destacavam ao fim do caminho de pétalas e os três pararam diante delas.

Daqui já era possível ouvir os sons de aplausos e murmúrios de muitas pessoas. Hermione lançou um olhar suplicante para Severo. Eram os últimos momentos para que ele desistisse de obrigá-la aquilo. Mas, ele não estava olhando-a. Ele e Draco estavam se encarando e o loiro deu um aceno imperceptível com a cabeça, antes de sumir por uma estreita porta lateral que Hermione sequer havia notado.

Uma voz, magicamente amplificada soou no salão interno:

— Como vocês sabem, estamos reunidos aqui hoje para homenagearmos a personalidade do ano. Este ano, um dos maiores heróis de nossa última guerra bruxa, foi o escolhido para ser condecorado com a Ordem de Merlin, primeira classe, por sua contribuição no sucesso da nossa batalha. — disse a voz.

Os murmúrios cessaram.

— Esse corajoso bruxo, não escolheu uma vida fácil. E a verdade é que nenhum de nós o conheceu o suficiente bem, para saber o peso do merecimento deste prêmio. Mas, quando todos choravámos a sua morte, lamentamos por termos perdido um bruxo corajoso o bastante para se aventurar na escuridão, sem saber o que havia além dela.

Aplausos como Hermione nunca ouviu antes, ecoaram pelas paredes do Ministério. Ela se pegou surpresamente emocionada com as palavras e olhou para Severo. Ele parecia impassível, mas uma veia tremia violentamente na sua têmpora demonstrando sua tensão. Ela roçou os dedos levemente nos dele e sorriu para tranquilizá-lo, esquecendo por um instante de sua própria agonia.

— Ergam seus cálices e brindem a um dos bruxos mais corajosos que já esteve entre nós!

Alguns murmúrios e sons de taças sendo cheias preencheram os ouvidos de Hermione.

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