Almas Gêmeas

✠°•°CAP |36|°•°✠

- Se acalme. - falou Enji quando chegaram ao quarto outra vez. - Seus feromônios estão muito agitados.

Respirando fundo, Katsuki fechou os olhos e tentou controlar sua raiva. Antes de descobrir sobre o bebê, teria brigado e feito aquela beta engolir os próprios dentes. Mas tinha que se controlar agora, o início daquela gravidez já havia sido difícil demais. Graças a Enji, o ômega relaxou. Os feromônios fortes e protetores do alfa lhe envolveram rapidamente. Não que gostasse dos feromônios do sogro, mas seu bebê parecia gostar. Katsuki sentou na cama e puxou a gola do casaco para cima, cobrindo sua boca e nariz. O cheiro de Shouto era fraco na roupa, mas ainda sim estava lá. Para o loiro, era o suficiente para amenizar a vontade enorme que tinha de vê-lo.

Normalmente, Katsuki não conversava com Enji. Sempre que o ruivo ficava com ele no hospital, se mostrou alguém de poucas palavras e muito sério. Na maioria das vezes em que lhe dirigia a palavra, era para brigar e chamar a atenção. Mas naquele momento, Enji parecia chateado com algo. Olhava constantemente seu celular e vez ou outro bufava em desagrado. Algo o estava deixando assim e Katsuki estava curioso. Deitou de lado na cama e ficou observando Enji olhar em seu celular mais uma vez, o alfa travou o maxilar e cruzou os braços. Seus olhos azuis carregavam muitas emoções, e nenhuma delas o loiro conseguiu identificar. Mesmo Shouto tendo um dos olhos igual o do pai, ainda sim, o olhar era completamente diferente. A porta se abriu revelando Aizawa, o médico tinha um olhar cansado e abatido. Seu jaleco estava aberto mostrando as roupas negras por baixo.

- Boa noite. - cumprimentou o moreno deixando a porta totalmente aberta.

Duas enfermeiras entraram e se posicionaram uma de cada lado do médico. Enji descruzou os braços e encarou Aizawa exigindo uma explicação imediatamente.

- O que foi agora? - perguntou Katsuki, ele nem mesmo se moveu da posição confortável em que estava.

- Preciso que ambos me acompanhem agora. É importante.

Sua voz era monótona e cansada, ele ficou de lado e esperou o ômega levantar para então lhe seguirem. Eles andaram pelo hospital pelos corredores que somente os funcionários usavam, então nem Katsuki e nem Enji, sabiam onde estavam indo. As enfermeiras ficaram por perto e não falavam nada, aquele silêncio começava a incomodar o ômega. Depois de alguns minutos, eles passaram por portas duplas e se viram de frente para o CTI.

- Você não deveria estar aqui devido a gravidez, mas eu tomei algumas medidas de antemão. Cada um de vocês tem dez minutos para falar com ele. - explicou seguindo pelo corredor do CTI.

Katsuki mordeu o lábio inferior tentando distrair sua mente de pensamentos negativos. A cada passo que dava, a ansiedade se intensificava ao ponto de sentir a respiração difícil. Uma mão grande e pesada pousou em seu ombro, Enji apertou levemente. Sem a necessidade de palavras, o alfa dizia que não estava sozinho. O ômega estava agradecido por isso e se acalmou um pouco. O lugar era silencioso e mórbido, o loiro ficou feliz de finalmente chegar ao quarto de Shouto. Um lençol cobria a janela e não podiam ver nada do lado de dentro. Sem enrolação, Aizawa abriu a porta e entrou na frente com as enfermeiras, Katsuki seguiu logo atrás com a presença imponente de Enji ao seu lado.

- ... já disse que quero ver Katsuki.

Parando onde estava, o ômega ficou de queixo caído. Achou que seus sentidos o estavam enganando, tamanha era a saudade de Shouto. Foi isso que pensou quando viu o alfa de cabelos bicolores sentado na cama. O cabelo bagunçado, o corpo mais magro e o olhar alerta. Olhou para Enji em busca de confirmação, queria saber se não era apenas uma alucinação. Seu sogro tinha os olhos arregalados e fixos no filho caçula, ele parecia não acreditar em sua visão também.