Esperei calmamente cada segundo de atraso dele, tal como a ordem tinha sido dada. Cada segundo parecia uma eternidade e a minha ansiedade não ajudava na situação. Ouvi a porta bater, sinal que alguém teria entrado em casa. Sentada ouvi os passos brutos e pesados a bater no chão.
A minha respiração estava alterada, já não ouvia os ponteiros do relógio e pouco a pouco sentia as minhas pernas a estremecerem, a ficar sem forças para nada. Mesmo sentada não me controlei em cair da cadeira e bati directamente com a boca no chão, uma possa de sangue rapidamente se alastrou pelo chão branco acinzentado da cozinha.
Fiquei deitada de barriga para baixo com a poça de sangue a sujar-me o meu rosto e o meu cabelo.
Sinto uma força a sugar-me para trás, como se estivesse a flutuar, o meu corpo simplesmente levantou voo em direcção contrária da minha cabeça. Então apaguei.
Acordei no hospital, sentia o meu lábio inferior bastante inchado, em ferida. Não me recordava de nada e não estava ninguém perto para me esclarecer.
Chamei pelos enfermeiros mas ninguém veio.
Olhei para um lado, olhei para o outro e levantei-me, arranquei todos aqueles fios ligados a mim. Dei uns passos muito lentamente devido à minha fraqueza, parecia que não comia à dois dias, estava presto a chegar à porta mas tropecei na cadeira de rodas que lá estava "estacionada".
As dores de ansiedade começaram em pontadas agudas por todo o meu peito e estômago, as minhas mãos não tinham força para agarrar em algo, apenas tremiam. Encostei-me à parede gelada com cheiro a desinfectante do quarto de hospital e apoiei a cabeça no meio das minhas pernas flectidas.
Nesta posição a minha respiração e pulsação acalmou, o que me deu forças para me levantar e sentar-me na maca.
Haviam várias agulhas, peguei numa e espetei directamente numa veia do meu pulso esquerdo e rasguei com força até as bolhas de sangue se espalharem em gotas nos lençóis brancos da maca. Continuei a a rasgar o meu pulso sem razão nítida, simplesmente andava demasiado cansada de todos e tudo e o meu único desejo no momento era desaparecer, deixar de ser eu.
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Alison & Kate
RomanceAlison encontra-se numa situação entre a vida e a morte quando auto-mutilada. É levada a viver num centro de reabilitação onde conhece a Kate, no qual começou um relacionamento lésbico. Neste livro encontrasse linguagem explicita.