Capítulo 50

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O diretor continuava quieto, segurando o pulso da morena e vendo de maneira extremamente concentrada os trechos das mensagens que apareciam ali.

Dulce= Christopher? – franziu o cenho. – O que foi?

Christopher= Castel te deu esse relógio? – subiu os olhos até os dela.

Dulce= Mande? – estranhou e mirou o próprio pulso, vendo o nome do amigo na mensagem.

Christopher= Então...? – insistiu e ela voltou a mirá-lo.

Dulce= Christopher...

Christopher= Te fiz uma pergunta muito pontual. – calmo. – Castel te deu esse relógio?

Dulce= Não. – respondeu, tão calma quanto ele. – Liam me deu esse relógio.

Christopher= Liam. – murmurou. – Liam te deu um presente de... uns 500 dólares, algo por aí, não? E isso seriam quantos pesos? Uns...

Dulce= Pode parar com as contas. – pediu baixo.

Christopher= Quero entender que tipo de amizade de uns dez dias te dá um relógio de 500 dólares. – arqueou as sobrancelhas. – Me desculpe, mas não posso parar com os números, porque essa conta, definitivamente, não fecha.

Dulce= É que você não está somando tudo. – deitou-se de lado. – Se quer colocar as coisas na ponta do lápis, precisa somar tudo o que Liam me deu. E ele somou valores muito mais expressivos do que 500 dólares.

Christopher= Poxa, que ótimo saber que a amizade de vocês evoluiu tão rápido em tão pouco tempo. – disse com sarcasmo. – O que mais ele já fez por você? Te trouxe aqui em casa? Te fez um jantar? – ironizou. – O que mais ele te deu? Estou tão ansioso para saber!

Dulce= Liam me deu muitas coisas! – apoiou o antebraço no colchão e o olhou, ignorando as ironias. – Para começo de conversa, ele me deu um tremendo apoio quando cheguei à CNN. E muita paz, porque Gustavo estava relutante para aceitar a creche. Na realidade, ele estava relutante para aceitar muita coisa, porque era um ambiente novo, com um idioma novo, sem você por perto, e eu tendo que trabalhar em grande parte do dia. Foi muito desgastante para nós dois, e Tim é o amigo que fez os olhos do meu filho brilharem de novo, portanto, considero que o Liam me deu uma considerável dose de paz. – assentiu. – Depois, ele me deu cultura! Me ensinou a ir ao mercado e o que comprar por aqui, você sabia que eles consomem coisas completamente diferentes do México? Pois é, eu também me surpreendi! – sorriu com leveza. – Depois me levou para jantar, mas não de um modo romântico. Ele me levou para um happy hour que acontece toda segunda-feira, com espaço para a criançada brincar e tudo!

Christopher= Ele te apresentou os amigos dele. – arqueou as sobrancelhas. – Que romântico!

Dulce= Muito mais do que isso! Ele compartilhou os amigos comigo, me ofereceu assim, completamente de graça! – ignorou, mais uma vez, a ironia. – Cheguei e conheci o gerente de programação da HBO, o gerente de marketing da ABC, o diretor de entretenimento da CBS, o especialista em comunicação da Warner... eu vi tanta gente estratégica reunida! E sabe qual a melhor parte? É que Liam não disse que eu era uma nova amiga que havia chegado do México. Nada disso. – negou com a cabeça. – Ele disse para essa gente toda: "ela é a nova diretora de programação da CNN para a América Latina". Sabe o que ele me deu, muito além de um jantar? Amigos, contatos e base para eu conhecer o mercado onde atuo agora. Ele me abriu um caminho que eu levaria mesas para desbravar. – encarou o marido. – E nem estou falando dos pormenores e do muito que ele e Castel têm me ajudado na CNN e me apoiado durante as reuniões.

Christopher= Dulce...

Dulce= Depois você começou a ficar ruim e eu, do lado de cá, comecei a me desesperar e a perder a cabeça. Isso por um lado, porque por outro, não dava para eu chorar tudo o que gostaria, porque Gustavo precisava de mim. – deu de ombros. – E me lembro que cheguei feito um trapo na CNN, porque o meu maior medo era que alguma coisa te acontecesse e eu não estivesse perto.

A Sósia - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora