O garoto pôs o caderno entre o regaço do braço, meteu as mãos nos bolsos do blusão. E com sua mãe descia as escadarias do complexo do Alemão, rumo a Baixada Fluminense logradouro onde concluía o ensino médio em um colégio público de várzea, e sua mãe trabalhará nos arredores como diarista.
— Corre no doze dona Júlia, pra nós não perder o buzão. — esboça o jovem, e toma-lhe a bolsa surrada e carregada, aliviando o peso sobre os ombros da mãe. — Não precisa meu fí. — entoa abrindo sorriso ao filho. As linhas da expressão por um momento ofuscava a feição sofrida, por sua vida árdua que já beirava os 40 anos.
O ponto de embarque saturado de pessoas, destinados aos vários pontos da cidade maravilhosa, em grande maioria para mais um dia de jornada ao trabalho. Cada um com suas singularidades, mas todos partilhando de um mesmo espírito, o de uma vida melhor, se não para si, para seus filhos.
O momento de espera pelo transporte transcende a ânsia, torna-se um momento de convivência. Com conversas de todos os tipos, o ocorrido na novela do dia anterior, a equipe vencedora do campeonato de futebol, o noticiado do jornal.
O transporte chega e rende os mais diversos palavriados de indignação. Pudera, chegando com horas de atraso e superlotado. — Bom dia parceria. — O jovem se dirige ao cobrador, e com dificuldade, adentra junto a mãe no ônibus.
— Bença mãe. — Despede- se de Júlia ao seguir em caminhos diferentes. — Deus te abençoa Nicolas, te cuida viu. — Já é.
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Meu Guri
RandomUm jovem do subúrbio do Rio de Janeiro vê se obrigado a tomar uma decisão drástica em um momento decisivo na sua vida.